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Potências fecham acordo nuclear com Irã após 21 meses

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publicado em 14/07/2015 às 08h49

Após mais de 17 dias de negociações, promessas, atrasos e desavenças, o Irã e as potências globais do P5+1 enfim chegaram nesta terça-feira a um acordo nuclear em termos definitivos. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, saudou a conquista classificando-a de um momento histórico, mas reconheceu que o acordo não é perfeito. Maior crítico do pacto com o Irã, Israel reagiu imediatamente ao anúncio dizendo que é um erro para todo o mundo.

— Eu acredito que este é um momento histórico. Estamos chegando a um acordo que não é perfeito para ninguém, mas é o que nós conseguimos fazer e é uma conquista importante para todos nós — disse Zarif numa reunião ministerial final entre o Irã e seis potências mundiais em Viena.

A última sessão plenária das negociações teve início às 10h30m (5h30m no horário de Brasília), na seda da ONU em Viena. Segundo um diplomata europeu, muito em breve serão anunciados os resultados.

Em sua conta no Twitter, o presidente iraniano, Hasan Rouhani, ressaltou que o acordo nuclear alcançado “abre novos horizontes”.

“Agora que esta crise, que era desnecessária, foi resolvida, o Irã e as grande potências podem se concentrar nos desafios compartilhados”, acrescentou Rouhani, em alusão à luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) em Iraque e Síria.

Além de acabar com 35 anos de atrito entre Washington e Teerã, o acordo pode reconfigurar o equilíbrio geopolítico em uma região abalada pelo violência extremista.

SANÇÕES E EMBARGO

O Irã aceitou um plano que irá restaurar as sanções em 65 dias se o país violar o acordo fechado com seis potências mundiais para conter o programa nuclear do país, disseram diplomatas nesta terça-feira à agência Reuters. O Irã vai continuar o processo de enriquecimento de urânio de forma limitada e o uso de centrífugas para pesquisa e desenvolvimento.

As sanções econômicas e financeiras da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos serão levantadas quando o acordo for implementado.

Um embargo das Nações Unidas ao comércio de armas permanecerá em vigor durante cinco anos, e as sanções da ONU aos mísseis continuarão por oito anos, segundo as mesmas fontes.

Depois, o bloqueio será levantado, mas algumas novas restrições serão impostas. A exportação e a importação de armas serão estudadas caso a caso.

De acordo com um diplomata citado pela agência AP, inspetores da ONU teriam permissão para monitorar instalações militares, mas o Irã poderia contestar os pedidos de acesso.

REAÇÕES

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, qualificou o acordo como erro histórico.

— De acordo com os primeiros elementos a que tivemos acesso, já se pode dizer que este acordo é um erro histórico para o mundo — disse Netanyahu antes de uma reunião em Jerusalém com o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders.

Na mesma linha, a vice-chanceler de Israel, Tzipi Hotovely, acusou as potências ocidentais de se renderem ao Irã.

“Este acordo é uma rendição histórica pelo Ocidente para o eixo do mal liderado pelo Irã. Israel agirá com todos os meios para tentar impedir que o acordo seja ratificado”, disse Hotovely em uma mensagem no Twitter, a primeira reação de um alto funcionário israelense ao acordo.

Para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, as seis potências fizeram uma escolha firme em favor da estabilidade e cooperação e “o mundo agora pode respirar um pouco de alívio”.

“Apesar de tentativas de justificar cenários com base na força, os negociadores fizeram uma escolha firme em favor da estabilidade e cooperação”, afirmou Putin em nota no site do Kremlin.

O presidente acrescentou que o acordo ajudará a cooperação civil nuclear entre a Rússia e o Irã e contribuirá para combater o terrorismo no Oriente Médio.

DESAFIOS À FRENTE

O acordo ainda tem um longo caminho pela frente. A resolução deve passar pelo Congresso americano, que pode rejeitá-la e manter as sanções contra o Irã, ao mesmo tempo em que o Parlamento iraniano vai analisar e emitir um veredicto sobre o pacto.

Em seguida, o acordo será compilado e incorporado a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que também deve levantar as sanções contra Teerã. Só então o Irã vai começar a desligar as centrífugas, retirar o núcleo de sua usina de água pesada e reduzir seu estoque de urânio enriquecido, processo que será monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica.

Os dois principais aliados dos EUA na região, Israel e Arábia Saudita, são fortemente críticos ao acordo, pois se sentem ameaçados pelo Irã. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou no domingo as potências ocidentais de “cederem” ao Irã.

DESAVENÇAS NÃO IMPEDIRAM ACERTO

Na segunda-feira, o chanceler do Irã e os das potências negociadoras voltaram a discordar sobre a etapa das negociações. Enquanto diplomatas ocidentais apontavam para o encaminhamento de um acordo no mesmo dia, o chanceler iraniano afirmou que o acordo provavelmente não seria finalizando.

Nos últimos 17 dias, o prazo final para o acordo foi adiado três vezes. Entre os pontos de atritos entre Irã e as potências ocidentais estavam o levantamento das restrições sobre venda de armas a Teerã. Apoiado por Moscou, o país persa exige que este seja imediato. No entanto, os ocidentais consideram a demanda delicada por causa do envolvimento iraniano em vários conflitos, sobretudo na Síria, Iraque e Iêmen.

Outro ponto de divergência foi o ritmo da suspensão das sanções. Os iranianos queriam um compromisso imediato de seus interlocutores, mas eles contemplaram um levantamento gradual e a possibilidade de recuar em caso de violação do acertado. O Ocidente também exige que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenham direto a acesso caso necessário, ponto rejeitado por Teerã.

As negociações duraram mais de um ano e meio, e foram divididas em três diferentes etapas. Após o acerto provisório ser alcançado com três dias de atraso, de abril para maio, as negociações foram retomadas com atraso quando op secretário de Estado americano, John Kerry, quebrou a perna em um acidente de bicicleta na Suíça.

G1

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