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Ave de Arribação

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publicado em 21/06/2015 às 16h46
atualizado em 21/06/2015 às 13h50

Isso ocorreu há mais de trinta anos: acompanhando a construção de um veleiro de oceano de regatas, em um estaleiro no Rio de Janeiro, me deparei com uma dúvida: que nome poderia dar ao barco?

Quem me conhece sabe que sou caprichoso com nomenclaturas de pessoas e coisas. E especialmente de barcos (meus grandes xodós).

Como o veleiro estava sendo construído no Sudeste e depois viria para as águas mornas do Nordeste, um nome inspirador me ocorreu: Avoante – ave que migra porque não vê condições, momentaneamente, de permanecer no lugar em que está.

Assim como a arribaçã, também migrei empresarialmente de Pernambuco para a Paraíba. Foi aqui que me instalei, ergui meus projetos, criei filhos e agora assisto o crescimento dos meus netos.

Me preocupo com o futuro deles. E igualmente me preocupo com as perspectivas de futuro da nossa pequenina Paraíba.

Uma preocupação que tomou novas proporções no início do mês, quando o Governo Federal lançou seu Programa de Investimento em Logística, alijando completamente (mais uma vez) nosso Estado do processo.

Estamos fora dos projetos de modernização de aeroportos, instalação de portos, construção de rodovias e da integração ferroviária Atlântico-Pacífico, via Peru, que a União tenta consolidar com investimentos chineses em busca de novos mercados asiáticos.

Em resumo: não participaremos de nada. Nem ao menos integraremos as novas fronteiras agrícolas do País, a menina dos olhos (atuais) do Brasil.

Estamos – de novo – fora de todo o processo. E digo isso com muito sofrimento e lamento, já que tudo que sonhei empresarialmente concentro na Paraíba.

Sou, hoje, dependente deste Estado.

Por isso, me vejo obrigado a alertar sobre a fragilidade do que se desenha em nosso horizonte futuro. Pois quando ele chegar, vai nos exigir muita criatividade (ou mediocridade) para nos reinventar (ou nos acomodar) no espaço econômico incipiente.

Rogo para que algo de novo surja nos céus paraibanos – e com força suficiente para evitar nova revoada de arribaçãs.

Não quero que meus netos também sejam avoantes, migrando para os brasis onde a verdadeira festa acontece.

* Reprodução do Jornal Correio da Paraíba

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