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Formada pela Universidade Federal da Paraíba, Alessandra Torres é apresentadora do Jornal da Correio, da TV Correio/Record, e do programa Balanço Geral, da 98 FM, de João Pessoa.

Ausência

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publicado em 14/05/2015 às 06h04

Num programa agradável e eficiente do Balanço Geral, um ouvinte trouxe um apelo sobre a limpeza da cidade de João Pessoa que, segundo ele, está com praças e ruas abandonadas, inclusive em áreas consideradas nobres. A bancada ficou dividida, uns concordaram com o ouvinte, outros não, afinal o nosso programa tem um perfil completamente democrático e os que discordaram defenderam que o cidadão era a parte mais importante e essencial na limpeza da cidade e não apenas o poder público.

É verdade que fazer a nossa parte, manter o lixo em lugar correto e não sujar locais públicos é condição sine qua non para uma vida melhor e ordenada, mas essa situação me fez lembrar, imediatamente, da personagem “Jeca Tatu” do grande escritor Monteiro Lobato.

No início,” Jeca Tatu” representava o matuto ignorante, preguiçoso e até culpado pelo estado de miséria e letargia. Entretanto, em pouco tempo, essa visão foi retificada, afinal, “Jeca Tatu”, na verdade, era o cidadão rural desamparado, esquecido pelo Estado, doente e amarelo pela total ausência de serviços públicos. Como defendia o grande criador, Monteiro Lobato: “Jeca Tatu não é assim, ele está assim.”

Pois bem, a nossa situação, a situação da sociedade brasileira e dos pessoenses também está assim: Desamparada, carente de serviços e retornos de todos os impostos e taxas pagos diariamente. É bem verdade que hoje a grande parte das mazelas das quais sofria “Jeca Tatu” foram solucionadas. O brasileiro vive mais e melhor do que no início do século passado. Os problemas hoje são outros, mas tão terríveis e desanimadores quanto os da personagem. Na obra de Lobato, um dia “Jeca Tatu” é visitado por um médico que constata a enfermidade dele, orienta-o e toda família passa a viver melhor, com a pouca, necessária e merecida atenção do Estado.

E foi essa sensação que me veio à mente quando alguns colegas defenderam que o cidadão era talvez o maior “culpado” pela falta de limpeza, pela sujeira que se instalou em nossa capital. A educação ainda é um gargalo a ser vencido em nosso país, porém é bem verdade que essas mesmas pessoas, que seriam os agentes da falta de higiene, cumprem com seus deveres e não vêem retorno básico dos serviços que merecem.

Educação tem que vir de casa mesmo, continuar em parceria com a escola e ser colocada em prática na sociedade. Então, fica a minha pergunta para você, querido leitor: Não parece que somos hoje um pouco “Jeca Tatu”? A sensação é de que com uma ação básica vamos responder a tudo e a todos e também conservar ainda mais a limpeza de nossa amada João Pessoa.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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