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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Cássio e a distensão

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publicado em 25/03/2011 às 08h17

Passado o frisson e a euforia do resultado final do Supremo Tribunal Federal no caso da Ficha Limpa, o senador Cássio Cunha Lima começa a refletir sobre o conteúdo do seu mandato. Pela peculiaridade de sua luta para chegar ao posto, o tucano não pode passar despercebido e nem se resumir a ser um “carreador” de recursos para o Estado. Isso até o atabalhoado, porém operoso Ney Suassuna conseguiu fazer com maestria.

Pelo que disse ontem ao Correio Debate (rádio), Cássio não quer cair na vala comum da maioria dos representantes paraibanos que desfilaram pelos tapetes azuis do Senado. Guarda a convicção que pode ser interlocutor de uma distensão, pelo menos em torno de propósitos, dos antagônicos cordões da bancada federal paraibana.

Desfraldou essa bandeira horas depois do julgamento do Supremo, quando se juntou a Wilson Santiago, num restaurante de Brasília, em inusitada coincidência. Mais do que apertar a mão do rival, o tucano estendeu a disposição de dividir a mesma mesa quando a defesa da Paraíba for o prato principal.

Cássio parece querer vestir o manto da convivência pacífica com os contrários. Foi assim no aperto de mão com o ex-governador José Maranhão no aeroporto e no encontro no gabinete de Veneziano em Campina Grande. Pelos flancos que abriu ao incorporar o anti-maranhismo deve encontrar resistência dos peemedebistas mais inflamados da bancada. Mas para quem venceu a incerteza de uma causa perdida na Justiça, pelo menos estoque de paciência não lhe faltará.

Sonho no pesadelo – Tudo bem que Wilson Santiago ainda esteja zonzo com a decisão do STF, mas querer ainda dizer que o julgamento não livrou Cássio é mais do que vã esperança. É sonho.

Criatividade – Gozador inveterado e líder do clube do anti-cassismo na Paraíba, revoltado com a decisão do Supremo, sugeriu mudança na Lei Complementar 135: Lei da Ficha Lima.

A reafirmação da aliança – Dizem nos bastidores que o governador Ricardo Coutinho (PSB) fez mais do que pode nos últimos dias anteriores ao julgamento que devolveu ao ex-governador Cássio Cunha Lima o mandato de senador. Ontem, ao Correio Debate (rádio), Ricardo deu o gesto. “O Supremo deu ao povo da Paraíba o direito de ter o seu senador de volta”.

Conhecendo o terreno – O vice-governador Rômulo Gouveia (PSDB) tem agenda marcada para reunião com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em São Paulo. Na pauta, a viabilidade de filiação ao novo partido em gestão, o PSD. “Estou pensando muito”.

Vitalzinho em João Pessoa – Após instalar estrutura em Campina Grande, o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB) inaugura hoje, às 10h, escritório de representação do mandato no centro de João Pessoa. Quem conhece, sabe: Vitalzinho não costuma dá ponto sem nó.

Sem impeditivo – Simpatizante de Vitalzinho tratou de dissolver o argumento do colunista dando conta da falta de vinculação do senador com João Pessoa. “Agra também é de Campina”. Ah, tá.

Sem preocupação – O senador Cícero Lucena foi ríspido ao ser questionado sobre reunião de Cássio com Sérgio Guerra. “Não me preocupo. Todo dia eu também converso com Sérgio Guerra”.

Amém – O arcebispo Dom Aldo Pagotto externou júbilo pela benção do STF ao amigo Cássio. “Achei muito sensata. Aprovo a Lei, mas a aplicação agora fére a Constituição”.

Insegurança jurídica – Razoável questionamento do deputado Gervásio Filho (PMDB) sobre a polêmica da Ficha Limpa. “A Justiça deveria ter resolvido isso antes da eleição para evitar prejuízo”.

Prejudicado – A propósito, o deputado Verissinho (PMDB), de Pombal, renunciou a candidatura em favor da esposa. Ele perdeu para a Ficha Limpa e a mulher foi derrotada pelas urnas.

Virgília – O ex-deputado Nivaldo Manoel (PMDB) foi visto pelos corredores da Casa Civil, na avenida Epitácio Pessoa. Justificativa de um atento assessor: “Ele tem muitos amigos por lá”.

Matemática – Ninguém sabe ao certo as conseqüências da decisão do STF na Assembléia. Os mais experientes na Casa sacaram as calculadoras para somar as sobras das coligações.

Sobras – Em caso de posse de Dinaldo Wanderley (PSDB), a sobra dos votos da coligação levaria outro deputado ao plenário. As sobras do PP e PTB beneficiariam Carlos Dunga (PTB).

Confiante – 
Hervázio Bezerra (PSDB) não se assusta com a tese da volta de Dinaldo. “Os votos de Dinaldo fortalecem a legenda do PSDB. Vamos ocupar posição melhor nas sobras”.

Não atinge – Na corda bamba, Genival Matias se diz tranqüilo. “Dinaldo Wanderley se tornou inelegível por força da Lei 64/90 (Das inelegibilidades) que está em pleno vigor”.

PINGO QUENTE – “Campina ganha. A cidade sai muito fortalecida”. Do deputado Guilherme Almeida (PSC), aliado do prefeito Veneziano Vital (PMDB), sobre a posse de Cássio no Senado.

 

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