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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Enigma da Assembléia

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publicado em 20/04/2011 às 04h00

Ninguém nem ousa refutar o casuísmo com o qual a Assembléia Legislativa da Paraíba decidiu antecipar em quase dois anos a reeleição de sua Mesa Diretora. Até porque em se tratando da Casa Epitácio Pessoa essa prática começou na escolinha de Rômulo Gouveia, foi adaptada pelo doutor Arthur Cunha Lima e teve em Ricardo Marcelo o seu mais novo beneficiário. Com o aval de praticamente toda a Casa.

O que causou estranhamento foi a fórmula misteriosa, guardada a sete chaves, adotada pelos autores da operação. Um deputado integrante da Mesa, por exemplo, só soube da articulação poucos minutos após ter chegado ao plenário. Chamado às pressas para o gabinete de outro colega de Mesa, recebeu o comunicado do que estava para acontecer. “Não deu tempo nem pensar em nada. Foi rápido”, confidenciou.

Outro fator chama muita atenção. No processo de articulação, a bancada de Oposição teve papel fundamental. Foram poucos os governistas que participaram diretamente da engenharia. Muitos só ficaram sabendo da “história” quase na hora da votação em plenário. Só restou repetir o que já havia sido feito em fevereiro último.

Se tudo que foi orquestrado ontem não teve o conhecimento prévio do núcleo duro de Ricardo Coutinho, o Governo, assim como a opinião pública, foi pego de surpresa. O que não é tão natural assim, convenhamos. E aí uma pergunta torna-se inevitável. Por que tudo precisou ser arquitetado sem conhecimento prévio da gestão política do Governo? Qual das partes inspira desconfiança?

Apoio – Em tempo. O presidente da Assembléia, Ricardo Marcelo (PSDB), fez questão de reiterar sua condição de deputado da base governista na Casa. Do seu jeito e modo.

Bom de segredo – O deputado Edmilson Soares (PSB), reeleito vice-presidente, teve papel decisivo para convencer aliados e adversários pela reeleição da Mesa Diretora. Tudo em silêncio.

As abstenções e o gosto ruim – Os deputados Lindolfo Pires (DEM) e Tião Gomes (PSL) foram os únicos que se abstiveram da votação pela antecipação. Pires saiu atirando. “Foi um golpe. É anti-democrático. Não houve qualquer discussão. É um absurdo”. Ficou tão revoltado que até esqueceu ter avalizado duas manobras semelhantes. E nem faz muito tempo.

Palavra de sertanejo – Antes do burburinho, o deputado Zé Aldemir (DEM) chamou numa sala reservada o colega Branco Mendes (DEM). “Você cumpre a promessa de votar comigo para 1º secretário”, indagou. “Sou homem de palavra”, retrucou Branco, ainda surpreso.

O ânimo da Oposição – Foi o deputado Anísio Maia (PT) quem resumiu toda a motivação da Oposição para endossar a precoce reeleição da Mesa Diretora. “Isso é pra evitar um rolo compressor ou a força da caneta do Governo. Essa Casa precisa se precaver e garantir independência”.

Aval do PMDB – “Essa Casa está muito bem dirigida por Ricardo Marcelo. É um presidente que se relaciona bem com as duas bancadas”. Do deputado Trócolli Júnior (PMDB).

Interessado – O prefeito Veneziano Vital cancelou a viagem a São Paulo para participar da audiência de hoje à tarde com o governador Ricardo Coutinho no Palácio da Redenção.

Pauta – Para a conversa com Ricardo, o gestor campinense levará pedido de ajuda ao São João e parcerias com Samu e Farmácia Básica. Discutirá ainda a relação Cagepa/Prefeitura.

Civilidade – A que se louvar o gesto do governador receber em um só dia dois prefeitos adversários. Pela manhã, Jota Júnior (Bayeux), e à tarde Veneziano Vital, ambos do PMDB.

Reconhecimento – Ricardo estabeleceu ontem postura inédita do Estado para com os indígenas. Não só por dançar toré na aldeia, mas por levar ações a quem antes só tinha direito ao escambo.

Na aldeia – Após participar dos rituais na aldeia São Francisco, Ricardo anunciou políticas de educação para a comunidade e a luta pelo retorno do escritório da Funai à Paraíba.

Dá samba? – Seis vereadores, incluindo “governistas”, oficializam hoje a criação do bloco independente na Câmara da Capital. Dor de cabeça para o líder Bruno Farias (PPS).

Libertação – Entre os “independentes” está o Pastor Edmilson (PRB). Depois de ter pulado a “fogueira santa” da suplência, o pastor agora só entra em corrente de muita fé.

Chuvas – Enquanto o líder da Oposição, Fernando Milanez (PMDB), cobrava providências, o prefeito Luciano Agra anunciava ações emergenciais em 12 comunidades.

Sem concorrência – O deputado João Gonçalves será corregedor da Assembléia por W.O. Nenhum concorrente se inscreveu. O tucano aguarda agora apenas a sabatina dos colegas.

PINGO QUENTE – “Lindolfo Pires está emocionado”. Ironia do deputado Trócolli Júnior, diante da revolta de Lindolfo pela manobra na
Assembléia.

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