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Formada pela Universidade Federal da Paraíba, Alessandra Torres é apresentadora do Jornal da Correio, da TV Correio/Record, e do programa Balanço Geral, da 98 FM, de João Pessoa.

Despedida

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publicado em 25/04/2015 às 14h14

O meu artigo de hoje não seria esse, mas a notícia da morte de uma pessoa tão amada e querida me fez mudá-lo, pois não havia em mim, nesse instante,  nada além de lembranças, gratidão e saudade, muita saudade.

A morte chega igual para todos, às vezes, mais precocemente, só que nesse caso não, pois a vida foi mais terna e afável e concedeu a minha tia-avó, Antônia Torres, muitos anos de saúde e alegrias. Desculpe leitores por abordar um assunto tão pessoal, mas é impossível separar o que escrevemos do que somos e sentimos.

Minha tia Antônia era determinada, doce, querida e prestativa, disputada pelos sobrinhos-netos.  Da casa dela, na Avenida General Osório, tenho na memória um corredor imenso, quase inacabável para uma criança. Nessa casa, o tempo parava, o cheiro era de talco de bebê e comidinhas  deliciosas. Quando meu irmão saía do Colégio Pio XII, ficava lá, aguardando o meu pai ou a minha mãe que já tinham me pegado no João XXIII, para ir para casa. E isso aconteceu quando éramos crianças bem pequenas, porém, nas estantes da memória, são lembranças quase atuais.

Depois, ela desceu a Epitácio Pessoa e foi morar ainda mais perto do meu coração, na Avenida Cabo Branco. De lá, todos os dias à tardinha, caminhava com a não menos querida, Marli, sua companhia certa e segura, uma filha do coração que não poderia amá-la mais do que o fez, pela calçadinha até a nossa casa em Tambaú. Atravessava a Tamandaré e ficava conversando com meus avós, Edmundo e Júlia, e muitas vezes também comigo e meus irmãos. Era um exemplo de vida saudável, de educação e de amor.

Quando recebi a notícia da partida dela, estava muito distante. Fiquei desolada e a vontade era de estar ao lado de Marli, ao lado dela, de acariciar seu rosto pequeno e sedoso, mas não podia, um oceano inteiro e muitas horas de vôo impediam minha despedida física. Liguei, falei c Marli que com a mesma doçura, aquela desde a nossa infância, até quando a visitei no hospital um pouco antes de viajar, me disse que ela sabia do quanto eu a amava e que ficasse em paz. Desliguei a ligação e fiquei relembrando momentos sutis, cruciais e decisivos em minha vida que, de alguma forma, tinham a presença dela.

A tristeza passará, virá a saudade, mas o que acalanta é ter a certeza de que tive em minha vida uma companhia tão enigmática, tão doce e que me presenteou com tantos momentos maravilhosos, ajudando, com certeza, a construir minha visão de como o mundo e as pessoas, realmente, devem ser.

E citando Augusto Cury, homenageio minha amada tia Antônia Torres: ” Aplausos passam, troféus empoeiram-se, ganhadores são esquecidos. As pessoas que mais significam são as que encantam. Não são as que movem multidões, são as que nos marcam do jeito que são.” Afinal, ela sempre me encantou.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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