João Pessoa, 18 de abril de 2015 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Nos eua

Aluno negro tem três vezes mais chances de ser suspenso

Comentários: 0
publicado em 18/04/2015 às 10h05
atualizado em 18/04/2015 às 07h59
(Foto: Randy Squires/AP)

Um estudo feito pelo governo dos Estados Unidos detectou que o aluno negro tem três vezes mais chances de ser suspenso ou expulso da escola do que um estudante branco. Pesquisadores de psicologia da Universidade Stanford fizeram então um estudo para tentar descobrir algumas razões dessa discrepância, e concluíram que os professores tendem a ver de forma diferente o comportamento indisciplinado de um aluno de acordo com a sua cor – sendo muito menos tolerante com o estudante negro.

“O fato de que as crianças negras são desproporcionalmente disciplinadas na escola é indiscutível”, disse a professora de psicologia de Stanford Jennifer Eberhardt. “O que está menos claro é o porquê.”

No estudo, “Duas batalhas: raça e o disciplinamento dos jovens estudantes”, que foi recentemente publicado na revista Psychological Science, o psicólogo Jason Okonofua e Eberhardt falaram sobre os dois estudos experimentais, que mostraram que os professores tendem a interpretar o mau comportamento de acordo com a cor de pele do aluno.

Foram apresentados aos professores do ensino fundamental e médio dois registros escolares descrevendo dois casos de mau comportamento por um estudante. Depois de ler sobre cada infração, os professores foram questionados sobre sua percepção da gravidade, sobre quão irritados eles se sentiriam pelo mau comportamento do aluno, quão severamente o aluno deveria ser punido e se eles viram o aluno como um encrenqueiro.

Um segundo estudo seguiu o mesmo protocolo e perguntou aos professores se eles achavam que o mau comportamento foi parte de um padrão e se eles poderiam imaginar a suspensão do aluno no futuro.

Os nomes dos arquivos foram escolhidos aleatoriamente pelos pesquisadores, o que sugeria que em alguns casos o estudante era negro – nomes como DeShawn ou Darnell – e em outros casos que o estudante era branco – nomes como Greg ou Jake.

Em ambos os estudos, os pesquisadores descobriram que os estereótipos raciais dos professores apareceram após a segunda infração. Os professores acreditavam que a segunda infração foi cometida por um estudante negro em vez de um estudante branco.

Estereótipo
Na verdade, o estereótipo de estudantes negros como “encrenqueiros” levou os professores a desejarem disciplinar estudantes negros mais duramente do que os estudantes brancos após duas infrações. Eles eram mais propensos a ver o mau comportamento como parte de um padrão e pensaram em suspender o aluno no futuro.

“Vemos que os estereótipos não só podem ser usados para permitir que as pessoas interpretem um comportamento específico de forma isolada, mas também podem aumentar a sensibilidade aos padrões de comportamento ao longo do tempo. Especialmente relevante no contexto escolar”, disse Eberhardt.

Entretanto, estes resultados têm implicações para além do ambiente escolar. “A maioria dos relacionamentos sociais implicam em repetidos encontros. As relações entre policiais e civis, entre empregadores e empregados, entre agentes penitenciários e presos podem estar sujeitos ao efeito dos estereótipos, como identificamos em nossa pesquisa”, afirma Okonofua.

Tanto Okonofua quanto Eberhardt sugeriram que conversas com os professores poderiam ajudá-los a ver o comportamento dos alunos como maleável e não como um reflexo de uma disposição fixa, como a de encrenqueiro.

Enquanto as disparidades raciais podem ser reduzidas por meio de intervenções psicológicas, que podem ajudar a melhorar os comportamentos dos alunos negros na aula, também é importante entender como esse comportamento é interpretado por professores e autoridades escolares, disse Okonofua.

G1

Leia Também