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Formada pela Universidade Federal da Paraíba, Alessandra Torres é apresentadora do Jornal da Correio, da TV Correio/Record, e do programa Balanço Geral, da 98 FM, de João Pessoa.

Uma Extraordinária Vida Comum

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publicado em 24/01/2015 às 22h33
atualizado em 25/01/2015 às 18h12

Há quinze dias de férias, tive a oportunidade de fazer todas aquelas coisas extraordinárias que nos prometemos durante o ano, como ir à praia, ficar com os filhos e o marido integralmente e também de usufruir de tardes com excelentes livros e filmes. Não é muito difícil gostar de livros e menos ainda de bons filmes e foi em um deles que descobri uma das melhores definições sobre a arte, a citação do escritor francês Marcel Proust: “Graças à arte, em vez de ver um único mundo, o nosso, vemo-lo multiplicar-se…”

Para mim foi como descobrir a pólvora porque justificava todo turbilhão de sentimentos que músicas, filmes, livros e até conversas mais diferenciadas fazem conosco, simples mortais. E irei mais além com essa descoberta, a definição de Proust também me levou a pensar em como podemos, como devemos viver cada dia, cada momento, cada conquista ou derrota.

No alto da minha extraordinária vida comum, venho há algum tempo com saudades dos dias passados, nem sempre dias bárbaros, dias de contos de fada ou grandes realizações. Para ser sincera, venho tendo saudades de dias comuns. É como se tudo de importante tivesse estado com você hoje mesmo, na hora do café da manhã com meu marido, do almoço apressado com minha pequena Alexandra para deixá-la sem atraso no colégio e pegar também na hora Gugu, no instante de driblar o trânsito e chegar na rádio para o terceiro expediente de trabalho. A sensação é de que até as preocupações e tensões do dia merecem ser vividas.

Lógico que os instantes de alegria e conquistas também me dão saudades, mas a verdade é que o cotidiano me encanta. Viver cada dia procurando beleza, bênçãos disfarçadas, dando ao dia uma chance de recomeçar tem me dado muitas alegrias. Porém, também há em todo esse “jeito Poliana de ser”, dias que só queria ter vivido uma vez, seja com dor ou felicidade. Entretanto, o segredo, ou melhor o meu segredo é aproveitar os momentos sem negligências ou irresponsabilidades, como se fossem, literalmente, únicos. E são.

Como é fantástico ver o filho acenando para entrar no colégio ou ele nos ensinando algo sobre tecnologia, ver o rosto do nosso amor pela primeira vez e muitas outras vezes em nossa vida, rever amigos que estavam distantes, ajudar com pequenos gestos, ser ajudada por grandes gestos e ter a certeza de que todos os dias são únicos para construir nossa história com amor, paz, respeito, conquistas e muitas risadas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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