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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Pião na unha

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publicado em 06/04/2012 às 08h10

Quando disse na edição do último sábado que o governador Ricardo Coutinho encontraria na sua volta da Índia um cenário nebuloso e preocupante dentro do seu grupo político na Capital, acrescentei que o líder socialista seria obrigado a tomar alguma urgente medida, chutando o pau da barraca ou convencendo. E tomou.

Antes. foi recepcionado pelo crescimento do Volta Agra e ainda engoliu seco a demissão do presidente do PSB de João Pessoa da Prefeitura, prova inconteste do apetite do prefeito por reconsiderar sua desistência. E não deu outra; o próprio Agra externou seu desejo na tensa reunião do partido, anteontem à noite.
Conforme a Coluna previu, Ricardo ouviu dentro do auditório do Hotel Xênius próceres do Coletivo defendendo aberta e ardorosamente a ressurreição da candidatura de Agra como única opção para evitar uma derrota nesta eleição na Capital. O governador teve sua capacidade de liderança colocada em xeque e a toda prova.

Como só os detentores de relatos privilegiados da reunião souberam, Ricardo jogou por terra, um a um, todos os argumentos da crise com um vigoroso e envolvente discurso pela unidade. Tão arrasador que não deixou outra saída ao prefeito se não a do novo recuo. Saiu do encontro voltando ao centro do girassol. E mais líder do que nunca.

Bastidores – A Coluna teve acesso a episódios tensos, conflitos e conteúdo belicoso dos temas tratados na tumultuada reunião que botou Agra, a cria, e Ricardo, a criatura, cara a cara.

Botando a cara – O vereador Bira Pereira (PSB) foi corajoso. Defendeu com muita energia o retorno de Agra ao páreo, no que foi seguido pelo suplente de deputado Alexandre Urquiza (PSB).

Por alguns instantes, o enfrentamento – Luciano Agra chegou sisudo ao encontro. Na expressão trazia o que o seu íntimo guardara durante três meses: a insatisfação com sua substituição por Estelizabel Bezerra e o desejo de retornar ao xadrez. No seu pronunciamento, colocou o nome a disposição do partido, invocando sedutor apelo popular.

Invocando o espírito coletivo – Estrategicamente o último a falar, Ricardo relembrou sua trajetória política, recordou que foi a unidade do grupo que levou Agra ao cargo e que em nome desse projeto se arriscou a ficar sem mandato quando saiu da Prefeitura em 2010.

Desmistificando a “onda” – Exortou a militância, criticou a personalização de candidatura, desbaratou a tese de clamor popular, acentuando que a comoção se daria só até quando Agra voltasse. Depois, os ataques da oposição voltariam com mais força ainda.

Subindo o tom – O desabafo ainda registrou momentos de rispidez. Ricardo reclamou da antecipação da entrega do Anayde Beiriz e atacou suposta perseguição contra seguidores de Estelizabel.

Censura – Discordou frontalmente da demissão de Ronaldo Barbosa da Prefeitura, questionando como se demitia um “companheiro” que apenas defendeu uma decisão partidária.

Corte na carne – O governador pediu providências e autoridade a Agra. Considerou inadmissível um diretor de hospital ser ameaçado de demissão para não ir a um evento de Estelizabel.

Tiro – Um dos momentos mais tensos foi protagonizado por Coriolano Coutinho, irmão de Ricardo. “Cori” mandou na bucha e sem parábolas: a candidatura de Agra não decola.

Intrepidez – Coriolano não se furtou a criticar, com incontida acidez, os defensores do Volta Agra. “Você só está insatisfeito porque não foi o escolhido”, disse direto no olhar de Bira.

Sigilo – Em vários momentos, o dirigente da reunião, Ronaldo Barbosa, e até o próprio Ricardo impuseram aos presentes que desligassem telefones se abstivessem de passar informes.

Rendição – Ao final, Agra voltou a pedir a palavra, disse que só queria oferecer uma opção ao PSB, mas se rendeu à maioria. Finalizou se dizendo de mãos estendidas. Foi aplaudido de pé.

Nova fase – Em contato com a Coluna, o presidente do PSB, Edvaldo Rosas, afirmou que a unidade partidária foi restabelecida. “Vamos partir agora para ampliar nosso leque de aliança”.

Sutura – Rosas garantiu esforço para evitar retaliação a quem até aqui desertou da candidatura oficial do PSB. “Estou trabalhando pra isso. Estaremos todos unidos nessa batalha”.

Recolhimento – Em fase de retiro interior, o secretário Nonato Bandeira busca na sabedoria dos monges a reflexão do silêncio, exercício próprio aos que se acham entre o coração e a razão.

PINGO QUENTE “O que vale mais: a decisão do partido ou o clamor popular”? De um dos participantes da reunião do PSB, jogando na ágora girassol uma questão para reflexão no jardim.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba
 

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