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CANIBAIS

Promotora não acredita em loucura e pede pena máxima para acusados

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publicado em 14/11/2014 às 16h21

 “Estamos cansados de julgar crimes de extrema atrocidade. Crimes contra crianças adolescentes, idosos, contra mulheres, de todo jeito. A diferença (neste júri) é que nunca tínhamos tido um caso de canibalismo. Nunca tínhamos nos deparado aqui com um caso de um ser humano comer a carne de outro ser humano. E comeram com frieza, com requintes de crueldade”. Assim, Eliane Gaia, promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), começou a acusação, nesta sexta-feira (14), segundo dia do julgamento dos canibais de Garanhuns, no Fórum de Olinda.

Munida dos exames psicológicos que atestam a perfeita faculdade mental do trio, Eliane Gaia reiterou, por diversas vezes, o fato de o júri estar diante de pessoas normais. “Por mais estarrecedor que o crime possa nos parecer, ele não foi praticado por loucos. Pessoas de alta periculosidade, como diz a avaliação psiquiátrica. E quem me garante que eles mataram só três pessoas? Não acredito apenas nessas três”, pontuou a promotora ao dizer que é impossível apontar quando a seita – o Cartel – teria “iniciado” seus trabalhos na vida dos acusados.

Ao analisar o perfil dos réus, Eliane Gaia foi incisiva. Olhando nos olhos de Jorge Negromonte, disse que o homem “é uma parede fria. Olhem a expressaão dele. Esse olhar dele não muda, é sempre assim. Jorge é um manipulador. Mas a justiça você não vai conseguir manipular”, disse ao réu a representante do MPPE. Já em relação a Bruna Cristina, que não raro sorri diante de algum comentário da promotora, Eliane Gaia chegou a chamar a afirmar que a acusada é uma “canibal feliz”. “Olha como ela adora rir. Bruna é uma estrela”, ironizou Gaia, para risos da plateia no Fórum de Olinda.

Segundo a acusação, o trio de acusados não escolhiam aleatoriamente as vítimas. Escolhiam as mulheres a partir de determinadas características. O planejamento, segundo Eliane Gaia, demonstra claramente a premeditação da morte de Jéssica Camila da Silva. Na finalização da sua fala, a promotora apresentou as provas materiais que comprovam o assassinato da jovem, em Olinda, baseadas nos relatos e nos desenhos de Jorge Negromonte. Na gravura, as partes dos corpos mutiladas da vítima. “OIhem aqui, cabeça de um lado, o tronco de outro. Nesta outra parte, o cérebro aberto. E Bruna nos confirmou que isto se refere ao assassinato de Jéssica”, explicou Gaia.

Não permitidos a falarem nesta fase do julgamento, os réus mantêm-se em posturas diferentes. Como no primeiro dia, Isabel Cristina Torreão se mostra extremamente nervosa, chorando muito. Jorge Negromonte parece impaciente. De tempos em tempos, apoia a cabeça nas mãos e, sempre que possível, conversa com Bruna. Esta última, além de sorrir, tenta comentar as provas da acusação. Impedida de falar, quase era retirada do Fórum no final da manhã desta sexta-feira.


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