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Vereador nega estupro coletivo em festa e aponta namorada como álibi

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publicado em 25/11/2014 às 15h23

 O vereador Jean de Castro (DEM) e outros quatro suspeitos negaram participação no estupro coletivo contra uma adolescente de 17 anos, durante uma festa em Indiara, a 100 km de Goiânia. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (25), o vereador afirmou que não teve contato físico com a garota e apontou a namorada como álibi para o momento em que o crime teria ocorrido.

"Conheço ela [a vítima] há pouco tempo, de vista. Não tenho nenhum contato, não tive nada com ela, só a vi na casa [onde ocorreu a festa], a cumprimentei e pronto", afirma. Ele ainda acredita que a falsa denúncia possa ter sido influenciada por adversários políticos dele na cidade.

A namorada do parlamentar, uma estudante que não quis ser identificada, também esteve presente na entrevista. Ela garante que estava na festa durante todo o tempo ao lado do vereador e não viu nada que indicasse a participação dele e até mesmo a ocorrência do estupro. "Ele não tem nada a ver com isso. Se eu não estivesse do lado dele, eu não estaria aqui para defendê-lo", alega.

O irmão do vereador, Leandro de Castro, com quem a vítima teve um relacionamento amoroso, também é acusado de envolvimento no estupro. Ele admitiu ter tido relação sexual com a garota durante a festa, que ocorreu na casa dele, mas alegou ter sido consensual. “Creio que ela mentiu com ciúme porque ela já tinha conversado comigo para assumir o relacionamento e eu nunca tive interesse e creio que ela não sabia a proporção que isso ia causar", diz Leandro.

Mensagens

Os suspeitos apresentaram como supostas provas que pretendem entregar à polícia imagens de uma conversa entre um deles e a garota pelo aplicativo WhatsApp. No diálogo, Leandro de Castro pergunta, por meio do aplicativo, se ela o denunciou por estupro e a garota responde “É mentira".

Em seguida, Leandro acrescenta: "Saiu uma conversa que eu te estuprei". A menina fala: "Poize (sic). Todo mundo tá falando". Além disso, outras imagens de conversas no aplicativo mostram que a garota se manifestou em grupos no aplicativo relatando o suposto estupro a outras pessoas. Em duas conversas, a garota cita nominalmente os acusados, entretanto, em um dos registros ela alega que foi agredida por seis homens, e em outro aumenta o número para sete.

Denúncia

A adolescente afirma que, enquanto mantinha relação sexual com um dos suspeitos em um dos quartos da residência onde ocorria a festa, os outros quatro homens entraram e a abusaram sexualmente. "Primeiro, foi o Eder. Ele me forçou a manter relação com ele e o Leandro consentiu. Depois, entrou o Guilherme, o Luciano e, por último, o Jean. Ficamos lá por cerca de uma hora, eu querendo sair e eles não deixavam", lembra.

Segundo a adolescente, eles ficaram no local por cerca de uma hora. “Eles me morderam, me bateu de chinelo, me deu tapa (sic)”, conta a jovem. Durante esse período, ela afirma que ouviu os suspeitos conversando sobre "seguir o esquema", o que a faz pensar que o crime foi planejado com antecedência.

Na entrevista, Leandro confirmou que teve uma relação sexual com a jovem durante a festa, mas de forma consensual. Além disso, ele diz que no caminho até a festa a garota trocou beijos com um dos suspeitos, mas a relação não passou disso. Os suspeitos negam que tenham ido até o quarto e estuprado a garota.

Assim que foi levada embora do local por um colega de Leandro, a adolescente foi até a delegacia para registrar uma ocorrência. Em seguida, ela foi encaminhada para o Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, onde passou por exame de corpo de delito. De acordo com a polícia, um laudo comprovou o abuso.

A jovem, que tem uma filha de 1 ano, revela que está tomando medicamentos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e terá ainda que fazer um tratamento por mais três meses. "Por causa disso, fui obrigada a desmamar minha filha antes do tempo. Eu não estou nem saindo de casa por causa disso, nem de dia eu estou saindo. Saio daqui só acompanhada com o Conselho [Tutelar]. Eu não estou fazendo mais nada do que costumava fazer", diz.

Investigação

Segundo o delegado Queops Barreto, responsável pelo caso, ele já ouviu 15 testemunhas do caso, entre pessoas que estavam na festa e outras que encontraram com a vítima após o suposto abuso. O depoimento dos suspeitos deveria ocorrer na segunda-feira (24), mas foi adiado pela segunda vez por uma troca nos advogados de defesa.

"Já temos o laudo do IML que aponta o abuso e as lesões. Dependendo dos depoimentos, também podemos pedir que a perícia colha material genético dos suspeitos para podermos comparar com o que foi encontrada na vítima", explicou o delegado.

Segundo Queops Barreto, se ficar comprovado que o crime ocorreu, os envolvidos podem ser indiciados pelo crime de estupro. Caso sejam condenados, a pena é de 8 a 12 anos de detenção.

Na sexta-feira (21), o pecuarista Wesly Tadeu Pires Couto, de 31 anos, foi preso em flagrante por falso testemunho em relação ao suposto estupro. Entretanto, segundo a defesa, ele foi solto no dia seguinte.

G1

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