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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Duro de matar

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publicado em 13/06/2013 às 16h19

Primeiro de janeiro de 2013. Essa seria a data em que o ex-prefeito Luciano Agra começaria virar fumaça na política e na lembrança do eleitorado pessoense, segundo as muitas profecias – das abalizadas às raivosas – sobre o futuro do arquiteto. Quem foi ontem assistir sua filiação ao PEN viu que a previsão é que virou fumaça.

Viu também que, mesmo sem mandato, Agra continua vivo, contrariando as expectativas. Protagonizou um evento que aglutinou na mesma mesa Ricardo Marcelo, presidente da Assembléia, Veneziano Vital, estrela do PMDB, Ruy Carneiro, presidente do PSDB, deputados e líderes de quase todas as legendas oposicionistas.

Quase, porque o PT, um dos expoentes da oposição, decidiu passar o recibo e se ausentar da solenidade, num gesto de quem manda dizer por vias tortas que não engoliu a decisão do ex-prefeito preterir os apelos de filiação. Como se o Agra que foi adulado até ontem só merecesse atenções se tivesse optado por rezar na cartilha petista.

Queira ou não, o fato é que professor universitário de volta à sala de aula consegue manter na sua órbita uma perspectiva eleitoral muito além das proporções de um técnico sem os cacoetes, jogo de cintura e malícias da política. Até parece que o seu ‘defeito’, inexplicavelmente, é o seu maior trunfo, seu paradoxal diferencial.

Com a onda ao seu favor, ele vai surfando nas atenções da opinião pública e da mídia. Principal contraponto ao governador Ricardo Coutinho em João Pessoa e ainda com popularidade em alta, dificilmente qualquer chapa da oposição pode abrir mão de sua presença. Atingir essa condição após ser quase esmagado pelo PSB, fora do poder e sem um voto oficial na urna é de dar inveja a Bruce Willis. Coisa pra se tirar o chapéu.

Apresentação
No discurso, Agra mostrou logo a que veio e sepultou qualquer especulada chance de reaproximação com Ricardo Coutinho, a quem chamou de autoritário. “Chego para somar e, quem sabe, multiplicar”, disse ao PEN.

Desentendido
O ex-prefeito tentou ser elegante e evitou reagir à ausência petista do evento. Disse que entendia o prefeito Luciano Cartaxo, “ocupado” durante toda a manhã em agenda administrativa com técnicos do BID e da Caixa.

Recepção
“Agra conquistou a todos nós com a sua simplicidade e humildade”. Afago do presidente estadual do PEN, Ricardo Marcelo, estendendo o tapete e dando boas vindas ao novo filiado da legenda ecológica na Paraíba. Marcelo, que vinha sendo sufocado pela estratégia governista, voltou à superfície e promete agitar os mares daqui pra frente.

Direto
O repórter Écliton Monteiro (Correio Debate/Rádio Correio Sat) pergunta: “Governador como o senhor vê a filiação de Agra ao PEN”? Resposta: “Não vejo nada. Ele é que tem que ver”. Nada mais disse. Nada mais foi perguntado.

Discordância
“A lógica adotada por Luciano Agra é conservadora”. Do presidente do PT de João Pessoa, Jakcson Macedo, criticando o ex-prefeito por ter buscado um partido sob controle, o que os petistas não poderiam oferecer.

Pai coruja
Ausente à solenidade de filiação do ex-prefeito, como todos os petistas, Jackson apresentou ao colunista uma justificativa ‘incontestável’: foi levar o filho à natação. Pai que o é, Agra deve ter se comovido e entendido.

Promessa
Para amortecer a deliberada ausência petista, Cartaxo disse em entrevistas na Estação Cabo Branco que fará, da sua parte, todo o esforço possível para preservar a aliança celebrada com Luciano Agra e Companhia Ltda.

Se avexe não
“O cenário só se define em 2014”, ponderou Cartaxo, sem pressa para avaliações e projeções das composições partidárias do próximo ano. Ele lembra que a primeira etapa se dará no processo de eleição direta no PT.

Troco-
Da platéia no auditório do Hotel Ouro Branco, a ex-secretária Roseana Meira assistia concentrada cada detalhe da solenidade do PEN. Pela expressão facial, uma satisfação contida. Degustou o desfecho num prato bem frio.

Operação
Presente à solenidade, o vice-prefeito Nonato Bandeira (PPS), estrategista-mor do grupo agrista, atuou decisivamente no final da novela da filiação de Agra. Deve ter adorado o que viu na eclética composição da mesa solene.

Não deu
Antes de decidir pelo PEN, Agra recebeu ligações do presidente nacional do PT, Ruy Falcão, e do ex-todo poderoso José Dirceu. O presidente estadual do PT, Rodrigo Soares, se articulava para botar Lula no circuito.

Nanicos
Nas repetidas reuniões com o ex-prefeito,Veneziano Vital (PMDB) chegou a oferecer a Agra opções para saída da sinuca de bico: PTC, PSDC e PTN foram apresentados como alternativas. Obviamente, não levadas a sério.

Desentendido
O deputado Jutahy Menezes diz não entender porque o seu PRB passou a ser visto como inimigo pelo PT. Um palpite: deve ter sido só porque se aliou ao governador, principal alvo da artilharia petista desde 1º de janeiro de 2011.

PINGO QUENTE“Deixei as polêmicas de lado”. Do deputado federal Wilson Filho (PMDB) adotando a política de distanciamento da crise com seu partido, depois de ataques de parte à parte.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba, terça-feira (11/06/2013)

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