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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Dito e feito

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publicado em 23/06/2013 às 17h37

Só quem esqueceu o teor do discurso de posse se surpreende ou se desencanta com a gestão do socialista Ricardo Vieira Coutinho. Quem, assim como eu, foi ao Espaço Cultural em 1º de janeiro de 2011, não pode falar em surpresas. O atual governo tem sido a materialização daquilo que o então empossado prometera em denso texto.

“Não podemos esquecer que uma sociedade é composta por outras esferas além das carcomidas égides das elites”, anunciava Ricardo naquela tarde de sábado, prenunciando a intenção de virar a página do script político-administrativo reinante. A rejeição e cara feia dos setores mais abastados indicam que o caminho foi trilhado.

Ao assumir o governo, Ricardo propôs um “novo pacto social”, onde partidos e políticos deveriam se alinhar acima dos interesses corporativos. Os amuos e queixas da classe política ilustram bem que aquela utopia virou uma questão prática em confronto com as resistências, rebeliões e motins da própria base aliada. Os fatos mostram.

“A revitalização de métodos, posturas e desempenhos será a ferramenta mestra na condução e enraizamento social da máquina estatal, cujo zelo nos é imposto pela vida e pela sábia voz das urnas. A política dos grupelhos, do atalho, do favorecimento, do jeitinho e das ilicitudes acaba aqui”, decretou. Depoimentos de construtores, empresários e fornecedores, alguns irados, ratificam que muita coisa mudou.

Já na posse, ele sinalizou destemor na adoção de medidas antipáticas e coragem pra fazer o que precisasse ser feito: “As decisões intrínsecas às soluções dos problemas, sejam doces ou amargas, serão tomadas sem vacilos ou temores”. Não deu outra. Dois anos e seis meses depois, aquele discurso se mantém atual, mesmo custando o alto preço das incompreensões, desgastes e sabotagem. E é esse o diferencial de Ricardo.

Reprise – Ainda no discurso: “O primeiro passo, sem dúvida, é conquistar o equilíbrio financeiro e fiscal do Estado. Nenhum ente da federação pode conviver com uma folha de pessoal que ultrapassa os 55% do total da receita arrecadada”.

Ruptura – “Tal postura também é profundamente injusto em um Estado com tantas demandas sociais acumuladas (…). Não fui eleito para governar uma folha de pessoal (…), que não reconhece os bons e é utilizada como instrumento…”.

Qualquer semelhança… – “Cortarei gastos que precisem ser cortados, extinguirei privilégios inaceitáveis, suspenderei contratos que sejam prejudiciais aos interesses do Estado, economizarei nas atividades-meio para sobrar para ser investido nas atividades de ponta mais próximas das necessidades reais da população”. Que me perdoem os anti-ricardistas, mas, admitam ou não, ele rompeu com a lógica conservadora de até então.

Subsídio popular – “Queremos dar ao Plano de Desenvolvimento do Estado, ora em elaboração, a marca da legitimidade e da democracia plena”. Do ex-prefeito Veneziano Vital (PMDB) avaliando a edição do Pensando a Paraíba, em Sousa.

Rejuvenescimento – O veterano ex-governador José Maranhão (PMDB) se mostra antenado com a nova realidade. Ele prega oxigenação na legenda: “É necessário aproximar cada vez mais a juventude do partido e revigorar nossa militância”.

Baixo quórum  – Um dado irrefutável. Nenhum prefeito da região de Sousa compareceu ao evento do PMDB. Das duas, uma: ou por falta de simpatia à pré-candidatura de Veneziano ou por receio de retaliação e portas fechadas no governo.

Conformado  – Já jogando a toalha pela vaga de senador, Maranhão admite a necessidade das alianças, preferencialmente com os partidos de oposição. Tudo que o sobrinho, Benjamim, não gosta de ouvir. O tio pode virar concorrente pra federal.

Reciprocidade – Depois de prestigiar o Encontro do PEN, Veneziano esperava contar com as presenças do ex-prefeito Luciano Agra e do presidente da Assembleia, Ricardo Marcelo, em Sousa. Os dois cancelaram a viagem ao Alto Sertão.

Radar – Assessores do núcleo pensante da reitora Margareth Diniz identificaram uma operação midiática contra sua gestão na UFPB. O movimento teria inspiração petista e estaria sendo fomentado nos corredores do Paço Municipal.

Ameaça – De repente, mais que de repente, a Vigilância Sanitária da Prefeitura decidiu notificar o Restaurante Universitário da UFPB pela presença dos famosos e antigos gatos que circundam as imediações, sob pena de interdição.

Pode vir quente… – A reitora e seus auxiliares já decodificaram as mensagens e mapearam os movimentos. Segundo a Coluna apurou, tem contra-ofensiva preparada para se revidar todas as tentativas de desestabilização e ataques, um a um.

Alvo – Deputado federal virou atividade de risco na Paraíba. Depois de Efraim Filho (DEM), Wilson Filho (PMDB) foi a segunda vítima de acidente de trânsito na BR-230. Nos dois casos, motoristas alcoolizados invadiram a contramão.

Saúde – Por iniciativa do deputado Zé Aldemir (PEN), a Assembléia realiza amanhã sessão especial para o lançamento do “Semente de Mostarda”, projeto de tratamento ao paciente de câncer e redução da fila de espera por cirurgia.

PINGO QUENTE – “O ser humano é um animal”. Do advogado Ricardo Sérvulo, defensor de mais “limites” e da redução da maioridade penal, tema que agita as discussões jurídico-legislativas no Brasil.
 

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba, dia 17/06/2013

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