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DECISÃO

Citado em operação da PF, ministro não deixará cargo

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publicado em 01/12/2014 às 06h09

O ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB-MT), afirma que "quem não deve não teme" e que não pretende entregar o cargo após ter sido acusado por testemunhas ouvidas na Operação Terra Prometida, da Polícia Federal, de participar de um esquema de venda ilegal de lotes da reforma agrária.

Argumentando que não está entre os investigados, Geller diz ter respaldo para continuar na cadeira. "Não mendiguei e não mendigo para ser ministro. Cheguei com a força do trabalho. Tenho a confiança do setor, do meu partido e da presidente Dilma".

Questionado sobre a pressão no governo por causa do caso, o ministro afirma que não vê motivos para deixar a pasta. "Por que entregaria o cargo? Seria sinal de fraqueza. Não tenho motivo. Quem não deve não teme", diz.

Dois irmãos do ministro, Odair e Milton, foram presos na sexta-feira (28) na operação da PF, suspeitos de participar do esquema de venda ilegal de lotes da União destinadas à reforma agrária.

O prejuízo aos cofres públicos pode atingir R$ 1 bilhão, segundo a Polícia Federal.

Durante a investigação, num dos depoimentos à PF, uma testemunha aponta nomes de pessoas que seriam "laranjas" de Geller. Diz ainda que o peemedebista, "na condição de ministro da Agricultura, tem se empenhado em pressionar o superintendente do Incra através do presidente" do órgão.

Geller nega "categoricamente" a acusação, afirma que jamais participou de qualquer ilegalidade e que a possibilidade de abertura de uma investigação contra ele não o preocupa.

A Polícia Federal não investiga o ministro. Como tem foro privilegiado, as informações sobre o suposto envolvimento dele no esquema foram remetidas ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A operação mirou um grupo formado por empresários e fazendeiros, entre eles Odair e Milton Geller.

Usando de expedientes como documentos falsos, vistorias simuladas e força física, a quadrilha tomava as terras de pequenos produtores, segundo investigação da PF.

Como já havia afirmado na semana passada, Geller reiterou não acreditar na participação de seus irmãos no esquema fraudulento.

"Se tiveram problema, a polícia tem que investigar. Eles são maiores de idade, e eles que respondam. Eu tenho muito orgulho da minha família. Muito", concluiu o peemedebista.

TROCA

A operação da Polícia Federal pode precipitar a substituição de Geller na chefia da pasta da Agricultura.

Antes mesmo do episódio, a saída de Geller já era dada como certa na reforma ministerial. A presidente Dilma Rousseff escolheu a senadora peemedebista Kátia Abreu (PMDB-TO) para substitui-lo.

Antes da operação que culminou na prisão de seus irmãos, Geller chegou a se movimentar para tentar ficar na cadeira no segundo mandato da petista.

Na semana passada, procurou correligionários, inclusive o vice-presidente Michel Temer, para tentar construir a permanência.

O ministro tem bom trânsito com uma parte significativa da bancada do partido da Câmara, embora mão seja unanimidade entre os deputados peemedebistas.

Uol

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