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Igreja de pastor preso por abuso ganhou imóvel de R$ 8 milhões

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publicado em 10/05/2013 às 12h30

 RIO – O luxuoso apartamento de frente para a Praia de Copacabana, na zona sul do Rio, que está em nome da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD), foi doado em 2009 por um fiel da igreja, presidida pelo pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, de 56 anos. Ele foi preso na noite de terça-feira, 7, pela Polícia Civil, acusado de estuprar duas fiéis. Na quinta-feira, 9, o Ministério Público denunciou o pastor pelos dois crimes de estupro, praticados em 2006 e 2009, e ainda por coação, crime praticado em março de 2012, segundo a Promotoria.

De acordo com certidão do cartório do 5º Ofício do Registro de Imóveis da capital, à qual o Estado teve acesso, o apartamento foi doado à igreja pelo empresário francês Henri Bueno, de 78 anos. Na época, o imóvel estava avaliado em R$ 1,8 milhão. Atualmente, segundo a polícia, o apartamento – que ocupa um andar inteiro do edifício – vale R$ 8 milhões.

Em depoimento, o empresário disse que decidiu doar o imóvel porque sua família (ex-mulher e quatro filhos) o abandonou quando ele começou a apresentar problemas de saúde devido a questões financeiras na década de 90. Ele revelou que conheceu Marcos Pereira nos anos 70, quando o atual pastor trabalhava como balconista numa loja em São João de Meriti, mas perderam contato.

O francês contou que possui uma fábrica de roupas que chegou a ter mais de 3 mil funcionários. Ele quase foi à falência após o Plano Collor. Na ocasião, seus parentes tentaram interná-lo numa clínica psiquiátrica contra sua vontade. Devido aos atritos com a família, disse Bueno, começou a apresentar crises de asma. Em 2004, por indicação de um amigo, começou a frequentar a ADUD, onde reencontrou Marcos Pereira, e ficou curado da asma. Foi para se vingar da família que ele decidiu doar o apartamento à igreja. O Estado não conseguiu contato com o empresário na quinta-feira.

Lavagem de dinheiro – A Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) está investigando o patrimônio de Marcos Pereira e da igreja. O objetivo é saber se o religioso utiliza a ADUD para lavar dinheiro do tráfico de drogas. Além do apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana, a polícia já sabe que estão em nome da igreja os prédios onde ficam sua sede, no bairro do Éden, em São João de Meriti, e suas quatro filiais (no bairro Parque Aliança, também em Meriti; na vizinha Duque de Caxias; e nos Estados do Paraná e do Maranhão). Uma fazenda em Nova Iguaçu, usada supostamente para recuperar dependentes químicos, e o Passat branco que Marcos Pereira dirigia quando foi preso também estão em nome da igreja.

O pastor visitou o traficante Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe do Comando Vermelho, duas vezes em presídios federais fora do Estado do Rio. Além disso, duas irmãs de Marcinho VP são "missionárias" da ADUD. Uma delas é citada em depoimentos como tendo participado de orgias que o pastor fazia com homens e mulheres da igreja. O inquérito da DCOD foi aberto após o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, acusar Marcos Pereira de ligação com o Comando Vermelho, e de ter orquestrado os ataques contra ônibus e bases da polícia que ocorreram no Rio em 2006 e 2010.

Estadão 

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