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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

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publicado em 20/01/2014 às 08h57

“Quem é este rapaz que está no ar agora na CBN”, pergunta por telefone Roberto Cavalcanti, presidente do Sistema Correio de Comunicação. Do outro lado da linha, Alexandre Jubert, superintendente, responde: “É um repórter novo trazido por Ruy Dantas pro Correio Debate”. “Preste atenção nele”, replicou o empresário.
O diálogo acima chegou um dia aos meus ouvidos despretensiosamente por um segurança de Roberto. Por obra do divino, no exato dia em que, angustiado, cheio de insegurança e desestimulado por colega de trabalho, estava prestes a precocemente desistir de insistir do meu ingresso até então recente no jornalismo do Correio.

Quem contou não tinha a intenção, mas a frase soou como um revigorante pro novo ‘formado’ e pai de família já entregue ao desalento dos maus agouros. Deu-me forças para repensar a desistência. Refleti sozinho: “Ora, se ele é o dono e gosta do meu trabalho porque darei importância às vozes do desestímulo”?
Ali, minha história começava a mudar de rumo. Um novo rumo, ironicamente o nome de uma das empresas do Grupo. Passei a acreditar mais em mim mesmo e prestar mais atenção naquele cidadão com quem, vez por outra, podia cruzar, ver e ouvir nos bastidores dos estúdios do Correio Debate, onde era incipiente repórter.

Até hoje não sei direito se há relação entre uma e outra coisa. Só sei que depois daquele telefonema, as portas se abriram. Até na televisão. Antes, porém, passei a caprichar mais em tudo que fazia. Sentia-me impulsionado a fazer sempre melhor que o dia anterior. De um jeito que me diferenciasse. E foi dando certo. E tem dado certo.

Paralelo à labuta pela conquista de espaços, mirei naquela figura emblemática para dentro e para fora do Correio. Sabedoria nas palavras, inteligência e rica experiência de vida. O tempo passou e vi que nenhum desses atributos supera o calor dos gestos e a humildade que só quem convive pode captar e interpretar.

Liderança – Roberto Cavalcanti é um líder na essência da palavra. Essa característica pessoal deu-lhe o alicerce para edificar em bases sólidas o mais influente conglomerado de comunicação dessa Paraíba…

Superação – …Mesmo sendo ele um pernambucano em terras paraibanas. Só esse aspecto poderia ser um entrave e motivo para barreiras intransponíveis tão logo desembarcou por aqui ao lado do primo Paulo Brandão.

Alimento diário – Da compra de um jornal mergulhado em dívidas à consolidação hoje em dia do maior sistema de mídia privada do Estado, a Paraíba conhece essa história. O que talvez poucos conheçam, sem preconceitos e estereótipos, é o ingrediente que fermentou a massa desse pão nosso de cada dia, consumido cotidianamente pelos paraibanos.

Despretensiosa – Não tenho idade e nem conhecimento para enveredar nos episódios marcantes das fases do Correio. Isso é coisa para as mentes coroadas de Biu Ramos, Gonzaga Rodrigues, Lena Guimarães e Rubens Nóbrega.

Fórmula – Dividido aqui, nessa primeira Coluna de 2014, testemunho pessoal do pouco que, na minha observação diária, testemunho. É a personalidade de Roberto Cavalcanti que fez e faz do Correio esse sucesso.

Poder – Foi o que fui descobrindo aos poucos nos flashes de convivência diária. Roberto não se impõe como chefe e dono. Sua autoridade não está no cargo, está na forma como se relaciona com todos os subordinados.

Acolhimento – Da recepção do Correio aos estúdios, a postura é a mesma. Afável, respeitosa e cativante. Cumprimenta, estimula, sorrir, puxa assunto e faz a gente (seus liderados) se sentir em casa.Ou melhor, em família.

Propulsão – Na postura e no trato, Roberto contagia positivamente e, de cima pra baixo, alimenta a sinergia responsável pela grande engrenagem que funciona graças ao movimento de pessoas. Não de máquinas sem alma.

Pedagogia – Contrariando o manual dos patrões, não represa elogio a colaboradores, prática que poderia voltar-se contra a empresa. Ao invés de insuflar egos, ele faz justiça e empurra o elogiado ao desejo de fazer melhor.

Sabedoria – Nunca manda e nem veta. Com retórica suave e ponderada, pede. Pede de um jeito que se atende por respeito e convencimento. Não por medo ou obediência hierárquica. E isso, no jornalismo, faz muita diferença.

Do coração – Ele não sabe, mas quando entra no estúdio de pasta na mão sei que em minutos aprenderei com quem ensina até no silêncio ou com aquele marcante aceno de punho cerrado batendo do lado esquerdo do peito.

Professor – Sete anos depois do dia que botei os pés no Correio, sinto na prática o que disse o francês Joseph Joubert: “A palavra empolga, o exemplo ensina”. Do senhor recebemos as duas coisas, doutor Roberto!

Férias – Saio de cena e abro as cortinas da Coluna para o intrépido jornalista Wellington Alexandre de Farias, um serrariense que dignifica nossa imprensa. Concordando ou discordando, todo mundo respeita.

PINGO QUENTE “A morte de Paulo Brandão é o meu holocausto”. Do ex-senador Roberto Cavalcanti, cuja luta pela justiça e memória do primo virou marco público para que opinião nunca mais fosse causa de extermínio na Paraíba.
 

*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 1º de janeiro de 2014 (Quarta)

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