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Em família! Em Viena! Desalento!

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publicado em 12/02/2014 às 13h29

Não só os pessoenses, não só os paraibanos, mas os brasileiros afeitos às novelas televisivas, muitos destes temos voltado nossas atenções para a tradicional novela das 8 (na realidade, novela das 9… ou 21 horas), da Rede Globo de Televisão, agora de título “Em Família”. E recentemente, nos capítulos das terça e quarta feiras 11 e 12 de fevereiro corrente, cada telespectador(a) embeveceu-se com as imagens e a música da cidade de Viena, capital da Áustria.

Considerada a Cidade da Música, a capital austríaca sempre tem estado dentre as primeiras cidades de melhor qualidade de vida do mundo. De acordo com pesquisa realizada pela consultoria de recursos humanos Mercer, ela – Viena – tem se repetido em primeiro lugar, o que quer dizer como a melhor cidade do mundo para se viver, justificando a preferência que a ela deram, para lá haverem morado, compositores como Mozart, Beethoven, Strauss…

De um lado embevecidos com a música e imagens de Viena e por seus palácios, museus e praças… grandes praças, assim como com a suavidade de seus movimentos, inclusive no trânsito, de outro lado a novela expõe a violência de um Rio de Janeiro, mostrando três rapazes cheios de gírias, em uma van, oferecendo carona a uma moça (que lá chegara de Goiás) para “violentá-la” em todos os sentidos!

Esse lado ruim do Rio de Janeiro, e que é o mais preponderante da Cidade Maravilhosa (que também conta com paisagens deslumbrantes e ambientes que parecem de altíssima qualidade de vida), é apenas uma representação das tantas médias e grandes cidades brasileiras, sejam do sul, sudeste, centro-oeste, norte ou nordeste, todas cheias de contrastes e disparidades sociais, sobretudo carregadas da falta de infra e de estrutura que terminam atingindo e desqualificando não só a vida dos mais humildes, mas, igualmente, de todos, portanto incluídos os ricos e os classe média.

Essa qualidade de vida em uma Viena está tão distante dos maus padrões brasileiros que no “ranking” das cidades do mundo, avaliadas sobre este aspecto, a brasileira que passa a compor a lista só o faz em 102ª (centésima segundo) lugar: Brasília. E como está classificada nossa Cidade Maravilhosa?!… Só em 112ª (centésima décima segundo) lugar, à frente de São Paulo, esta na 115ª (centésima décima quinta) posição. Como assim, se Brasília, Rio e São Paulo são cidades ricas?!… São ricas sob aquele aspecto que nos valemos para também dizer que o Brasil é rico: rico (ou ricas) cheio (ou cheias) de disparidades sociais, econômicas e culturais, tudo porque aqui não há, nem como país, nem como estados federados, nem como cidades, um planejamento integrado, por conseguinte envolvendo todas as esferas governamentais!

Aqui tem faltado ações efetivas de resposta à pergunta: qual o país que queremos? De igual modo tem faltado efetivamente responder: qual o estado federado que queremos? Tanto quanto falta resposta real para “qual a cidade que queremos?”. Falta sobretudo a junção, união, integração destas respostas, e, também, que os agentes político-partidários (com mandatos ou não) tenham sentimento mesmo de agentes públicos, aqueles que em verdade desejem o melhor para sua terra, para seu povo. E isto determina que cada um não fique agindo com o pensamento mais ou quase só voltado para “as próximas eleições”, como a lembrar aquela charge de Regis Soares pela qual um vereador, saído de uma eleição como vitorioso, respondendo a um repórter qual agora seu projeto, enfatizou: “Candidatar-me a deputado!”.

Tudo isso (Viena com sua enternecedora música e especial qualidade de vida; e nós, aqui, cheios de distorções sociais e sem um planejamento integrado)… é desalento!

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