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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Dando o tom

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publicado em 26/02/2014 às 14h54

Como era de se esperar, o governador Ricardo Coutinho não engoliu o discurso da cúpula tucana paraibana de que a entrega de cargos na gestão socialista era mecanismo ético para consultar seus filiados antes de uma tomada de posição. No dicionário ricardês, a decisão partidária atende pelo nome de “rompimento”.

Foi o que ele manifestou na sua primeira declaração após o desembarque do PSDB do governo, horas depois de inicialmente evitar o tema, conforme registrado na Coluna de ontem. “Se tentou de todas as formas criar uma situação para que eu fosse o causador desse rompimento”, carimbou Coutinho, eximindo-se da responsabilidade e pintando o racha como fruto de desejo unilateral do senador Cássio Cunha Lima.

Se durante uma coletiva inteira, Cássio evitou, deliberadamente, tocar em qualquer palavra com significado e sonoridade semelhantes, Ricardo numa curta entrevista a dois colegas radialistas de Sousa (Pereira Júnior e George Wagner) absorveu integralmente a tal consulta partidária como a tradução do fim da aliança.

Uma reação típica de quem tem pressa em colocar o pingo nos “is” e ficar totalmente livre e desimpedido a buscar preencher, política e estrategicamente, a imensa lacuna aberta pela defecção de um aliado do porte de Cássio, indiscutivelmente o maior cabo eleitoral à assunção do PSB ao poder em 2010.

Pelo tom, Ricardo considerou irrelevante o script seguido por Cunha Lima que segurou a onda, não se contagiou pelo clima de euforia de partidários na sede do PSDB e se isentou de produzir qualquer crítica ao governo no dia do anúncio da saída do partido dos 1º e 2º escalões da administração.

No mesmo diapasão, o socialista sinalizou depuração nos cargos. Em bom português, mandou avisar: só fica quem acreditar e apoiar seu projeto de recondução ao poder. Um indubitável comando de despejo a quem, porventura, tenha inclinação contrária. Cássio se esquivou do confronto. Ricardo, bem ao seu estilo, foi pra cima.
 

*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 26/02/2014 (quarta-feira)

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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