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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Cássio sai na frente

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publicado em 28/04/2014 às 16h57

Pela dimensão, alcance e credibilidade do Correio, a pesquisa do Instituto Souza Lopes, parceiro do jornal mais lido do Estado, era a mais aguardada. Com ela na praça, está dada a largada oficial para as análises e projeções do cenário eleitoral paraibano. E os números revelam desafios para os três candidatos.

Líder com folga (43%), o senador Cássio Cunha Lima não parece estar na dianteira apenas pelo recall de duas vezes governador, como alguns podem cogitar. O eleitor que discorda do atual modelo de governo vê em Cássio, o maior cabo eleitoral da eleição do governador, o potencial para abreviar o mandato de Ricardo Coutinho.

O dado comprova que essa tendência passa ao largo da discussão de quem é a verdadeira oposição a Ricardo, como equivocadamente o PMDB vocifera. Se essa questão fosse importante, Cássio, aliado durante três anos do socialista e rompido há parcos três meses, não teria partido na dianteira da corrida ao governo.

Alguns dados ajudam a explicar: Cássio soube catalisar ao seu favor a rejeição de 25,3% do governador. Agiu sabiamente quando brecou sua defesa à manutenção da aliança em meados do ano passado e criou um suspense – aguardado como fim de novela global – que só lhe beneficiou. Ofuscou a candidatura de Veneziano Vital, até então o único postulante da oposição, e polarizou com Ricardo. A estratégia vingou.

Pra quem está fora do governo, sem a força e estrutura da máquina e atuando como senador de oposição, com pouco ou quase nada a fazer diretamente por lideranças e prefeitos, a diferença na casa dos 15 pontos percentuais sobre o adversário chega a impressionar, mas não deve ser encarada como vantagem intransponível. O próprio Ricardo, em 2010, é um exemplo.

Um – Cássio tem o desafio de manter esse patamar até as convenções em meio ao iminente bombardeio dos dois adversários, costurar uma coligação com razoável tempo de guia uma chapa eclética e atraente.

Dois – Diante da sede do governo no comparativo das obras – parâmetro que em tese favorece Coutinho – , a saída pra Cássio, que será chamado a debater as falhas do passado, é projetar a Paraíba ao futuro.

Diagnóstico – A rejeição (25,3%) do governador é mais pessoal do que administrativa. Ora, 51% aprovam o governo, mas só 27% querem sua recondução. É a postura e não o saldo da gestão o que entrava a performance ricardista. A insistente aparição de obras na TV não surte o efeito esperado. Portanto, o reposicionamento deve ser do próprio Ricardo.

Em casa – Ricardo precisa melhorar o desempenho em João Pessoa. Segundo a pesquisa, ele, com 25,8,%, perde para Cássio (36,1%), em sua maior base (Capital), cidade em que o ex-governador sempre patinou.

Inverso – O que ocorre com Ricardo em João Pessoa, não acontece nem de longe com Cássio em sua terra natal. Campina Grande dá ao seu filho 45,6% das intenções de voto. Lá, Coutinho tem apenas 17%.

Êxito – A melhor pontuação do governador é na Borborema, região que compreende o Cariri, onde está concentrado vultoso investimento (R$ 114 milhões) em estradas. Ricardo tem 38,8% contra 35,4% de Cássio.

Cenários – Na simulação de segundo turno, Ricardo (30%) perderia para Cássio (48,9%). Venceria se fosse com Veneziano Vital (PMDB). Nesse cenário, o governador teria 39,8% contra 23,8% do candidato peemedebista.

Perda – Os cenários acima comprovam quanto a manutenção da aliança com o PSDB seria essencial para o projeto de reeleição do PSB. A renovação da dobradinha daria a Ricardo o favoritismo da eleição.

Travado – Acuado pela polarização Cássio/Ricardo e prejudicado pelo fogo amigo, Veneziano Vital está situado na terceira colocação, com 10,7%, número inferior ao seu índice de rejeição, que soma 14,8%.

Balão de oxigênio – Na Capital, Veneziano tem sofríveis 6,7%, quase empatado com Nadja Palitot (PT) e seus 5,6%. Assim, a aliança com o PT e o empenho do prefeito Luciano Cartaxo são vitais para o ex-prefeito.

Superação – Em Campina Grande, onde aparece com 20,4%, Veneziano tem um duro desafio na cidade que governou por duas vezes: suavizar uma rejeição de 23,1%. Nesse quesito, lá, compete com Ricardo (27,9%).

Em aberto – Com Zé Maranhão (22,7%) e Cícero Lucena (12,7%) “fora”, a disputa ao Senado promete. Rômulo Gouveia (PSD), Wilson Santiago e Aguinaldo Ribeiro (PP) têm 10,4%, 8% e 4,3%, respectivamente.

Dissonância – Na Paraíba, somente em Campina Grande a presidente Dilma recebe cartão vermelho. A administração dela é reprovada por 53,7% dos campinenses. Outros 38,1% aprovam o modelo de governo da petista.

PINGO QUENTE – “Prova que o PSDB acertou ao optar pela candidatura”. Do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), avaliando os números da pesquisa Souza Lopes/Correio da Paraíba.

*Coluna reproduzida do Correio da Paraíba, edição do dia 28/04/2014 (segunda-feira).

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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