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Presidente do CRM faz alerta de sobrecarga no ISEA

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publicado em 11/02/2019 às 12h39
atualizado em 11/02/2019 às 09h40

Em recente entrevista à Rádio CBN, de Campina Grande, o presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Roberto Magliano, fez uma análise objetiva sobre os problemas da saúde pública na Paraíba, notadamente na área de assistência às centenas de mulheres grávidas.

Para Magliano, merece destaque o trabalho que vem sendo feito pelo Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), principalmente na capacidade de superação diante das demandas superlativas que vem recebendo de centenas de cidades da Paraíba e de outros estados.

De acordo com o presidente do CRM-PB, quase 60% dos partos realizados na Paraíba acontecem em Campina Grande ou em João Pessoa. Essa constatação foi feita por meio de um levantamento realizado pelo Conselho Regional Medicina e revelou um problema gravíssimo: a superlotação nas maternidades de Campina e da capital do Estado. Ele não se surpreende, por exemplo, pelos eventuais problemas no atendimento gerados por essa explosão de demandas.

O ISEA presta um grande serviço ao Município de Campina Grande e a outros 160 municípios. No entanto, por conta da elevada demanda, acaba sobrecarregado – destaca o presidente do CRM, lamentando que alguns atendimentos básicos como um simples corrimento genital, cólicas ou exame de pré-natal sejam drenados por outras cidades para o instituto.

Esse tipo de situação, alerta o presidente Roberto Magliano, termina por desvirtuar o principal papel da equipe do ISEA, que é de prestar atendimento de alta complexidade para casos extremos no momento especial do parto, principalmente envolvendo riscos de morte para as mães ou os bebês. “Os municípios não estão fazendo o seu dever de casa. Não oferecem à sua população assistência pré-natal e assistência ao parto. Drenam suas pacientes para o ISEA de Campina Grande, que presta grande serviço, mas acaba sobrecarregado. Extrapola-se de 10 a 30 vezes a capacidade de atendimento naquela unidade hospitalar”, revelou o presidente do CRM.

Roberto Magliano acha esse tipo de vazio assistencial regional inaceitável. Ele defende que o Ministério Público passe a exigir das prefeituras que cumpram o pactuado com o governo federal. Para o médico, o Ministério Público deveria exigir dos municípios polarizados por Campina Grande o que foi pactuado (a chamada pactuação de serviços), pois recebem recursos e se comprometem, por exemplo, em certos casos, a fazer dois mil partos por ano, porém tais municípios só fazem, em média, cerca de cem partos anuais, transferindo esta responsabilidade da maioria dos partos para Campina Grande, sobrecarregando o ISEA.

Problema nacional – Para Roberto Magliano, isso mostra a completa desorganização dos serviços de saúde no Brasil, particularmente no que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a maioria da população. Explicou que cerca de 75% da população brasileira é atendida pelo SUS. A quantidade de dinheiro investida no SUS é igual ao que a saúde suplementar investe para atender apenas 25% da população. Por isso, constata-se que o SUS é subfinanciado, ou seja, não se investe o que se deveria investir na população.

Na Paraíba, conforme constatou o CRM, este modelo nacional se reproduz de maneira ainda mais perversa. O ideal seria que a Paraíba contasse com uma rede de atendimento e de assistência obstétrica com mais capilaridade. Com isso, os grandes municípios do Estado poderiam atender de maneira digna a sua população. Mas, infelizmente, mesmo com a municipalização ou gestão plena da saúde, o que acontece é uma sobrecarga para município como Campina Grande.

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