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Em marcha lenta

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publicado em 22/09/2014 às 11h38

O título destes escritos é o mesmo da manchete com a qual o Correio da Paraíba, edição deste domingo 21 de setembro, abriu sua 1ª pagina do Caderno Cidades para veicular importante reportagem assinada por Júlio Silva sobre a questão da mobilidade urbana em João Pessoa, reportagem esta que se estendeu pelas páginas B2 e B3.

Obviamente a manchete já pretendeu dizer que o trânsito está muito lento e que, como ela mesma compara, em 1997, no horário das 17 às 19 horas, em um intervalo de uma hora, qualquer motorista percorria, em média, 29 quilômetros… e agora só consegue percorrer 15 quilômetros.

A reportagem, por óbvio, auscultou opiniões de especialistas nesta questão da mobilidade urbana, mais a focando quanto ao transporte público e ao trânsito. E lá, nesta reportagem, consta uma declaração sobre a qual precisa ser dado mais esclarecimento. Foi dito que “a cultura de não se usar o sistema de transporte público é fruto da má qualidade do serviço”, “gerando insatisfações porque não tem horário fixo e vive lotado”.

Quando qualquer declaração assim é feita, o que passa – aos que dela tomem conhecimento – é que a falha esteja no segmento empresarial que opere o transporte público. Deixa parecer que o não cumprimento de um ou outro horário ocorra por deliberação ou negligência da empresa. E não é!

Na própria reportagem está inserida a declaração de que “sem planejamento, se existe um crescimento desordenado, para organizar o sistema viário fica mais difícil”. Quer dizer: ou se planeja e bem planeja a cidade, como apontado na reportagem relativamente ao Plano de Ação João Pessoa Sustentável, ou cada vez mais ficaremos “em marcha lenta”!

Em nenhuma cidade do mundo as pessoas passaram a optar pelo transporte público porque este transporte público fez-se de excelente padrão de qualidade, tornando-se melhor ou igual que o transporte individual. Isto não existiu e nem existe, nem aqui nem alhures! O que existiu e existe, nas cidades em que as pessoas passaram a deixar o veículo individual em casa e “optar” pelo transporte público, foi a restrição de circulação ou estacionamento em determinadas áreas para o veículo individual. E com as pessoas deixando seus veículos individuais em casa, isto permitiu que o transporte público transite melhor e cumpra os horários.

O professor Nilton Pereira, da UFPB, um dos competentes técnicos auscultados pela reportagem, ele mesmo, acompanhando o ex-prefeito Luciano Agra a Bogotá/Colômbia e ambos se utilizando do BRT ali instalado, testemunharam o transporte público fluindo a 60 km em pleno horário de pico, enquanto na via anexa à desse BRT os automóveis estavam semi-parados, tal o congestionamento! Lá em Bogotá está decidida e sendo cumprida a priorização do transporte público.

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