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No Conselho de Segurança, Trump critica Irã e China

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publicado em 26/09/2018 às 19h55

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta quarta-feira (26) o Irã de gerar o caos e a China de interferir nas eleições americanas, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, que mostrou as divisões entre Washington e as demais potências mundiais.

Ao liderar pela primeira vez uma sessão do principal organismo das Nações Unidas, Trump denunciou o “horrível e unilateral acordo nuclear” de 2015 com o Irã, que Washington abandonou em maio e consternou seus sócios europeus.

Trump também lançou contra a China, acusando Pequim de tentar prejudicar o Partido Republicano, no poder nos Estados Unidos, nas próximas eleições legislativas como revanche por sua linha dura no comércio, um ataque que o chanceler chinês chamou de “injustificado”.

A reunião do Conselho de Segurança ressaltou as diferenças entre os Estados Unidos e seus aliados europeus sobre o tema iraniano, dois dias após os outros cinco signatários do pacto acordarem instaurar um mecanismo de pagamento para poder continuar fazendo negócios com o Irã apesar das sanções americanas.

Washington anunciou a reimposição das sanções suspensas sob o histórico acordo de 2015, projetado para frear o programa nuclear do Irã, e prometeu punir as empresas estrangeiras que fizerem negócios com o Irã.

Trump prometeu que as sanções contra o Irã estarão “em plena vigência” e pediu às potências mundiais que trabalhem com os Estados Unidos para “garantir que o regime iraniano modique o seu comportamento e nunca se dote de uma bomba atômica”.

Em sua vez, depois de Trump, o presidente francês, Emmanuel Macron, quando, rejeitou lidar com a preocupação diante das ambições nucleares do Irã com “uma política de sanções e isolamento”.

Também em defesa do acordo selado por Irã e Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia, a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que esta “continua sendo a melhor maneira de prevenir que o Irã desenvolva uma arma nuclear”.

– ‘Cerco americano’ –

A Bolívia, um dos 10 membros não permanentes do Conselho de Segurança, também lamentou a decisão de Washington de sair do acordo nuclear e acusou os Estados Unidos de “cerco” contra o Irã.

“O Irã há de tomar o controle de seus recursos, é novamente vítima do cerco americano”, declarou o presidente boliviano, Evo Morales, rejeitando as “sanções unilaterais” americanas contra o regime de Teerã.

Ao sair do acordo nuclear, os Estados Unidos estão “usando desculpas para continuar com a sua política de ingerência e intervenção nos assuntos internos” do Irã, disse Morales.

Trump disse que desde que o acordo foi assinado, “a agressão do Irã só aumentou” e que os fundos provenientes da suspensão das sanções foram usados para “apoiar o terrorismo, construir mísseis com capacidade nuclear e fomentar o caos”.

O Irã não pediu para intervir na reunião, mas o presidente Hassan Rohani apostou em uma entrevista coletiva que os Estados Unidos voltarão em algum momento ao acordo.

“Os Estados Unidos vão voltar, cedo ou tarde. Isso não pode continuar”, disse Rohani.

Sobre a Síria, Trump criticou a Rússia e o Irã por seu apoio ao presidente Bashar al-Assad na guerra que consome esse país desde 2011. “A carnificina do regime sírio é permitida por Rússia e Irã”.

– ‘Nível inaceitável’ –

Em um contundente ataque contra a China, Trump disse ao Conselho que Pequim queria vê-lo sofrer uma derrota eleitoral devido à sua linha dura no comércio.

“Infelizmente, soubemos que a China tem tentado interferir contra o meu governo em nossa próxima eleição de 2018, que acontecerá em novembro”, declarou Trump.

“Não querem que eu, ou que nós, vençamos porque sou o primeiro presidente que desafia a China no comércio”, acrescentou.

Mais tarde, um funcionário da Casa Branca afirmou que a interferência do governo chinês na política, os meios de comunicação e os negócios dos Estados Unidos alcançaram um “nível inaceitável”.

Nessas eleições, os republicanos poderiam perder o controle da Câmara dos Representantes e do Senado, o que colocaria em perigo os projetos legislativos de Trump.

O chanceler chinês, Wang Yi, de maneira contundente que Pequim cumpre estritamente uma política de não interferência em assuntos internos.

“Não interferimos nem iremos interferir nos assuntos internos de nenhum país. Nos negamos a aceitar qualquer acusação injustificada contra a China”, afirmou Wang.

Sobre a Coreia do Norte, Trump pediu um cumprimento estrito das sanções contra o regime norte-coreano, uma mensagem dirigida à Rússia e à China, que pedem a flexibilização das punições como recompensa aos esforços do líder Kim Jong Un.

As declarações foram feitas antes de o Departamento de Estado anunciar que o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, retornará em outubro a Pyongyang para “continuar avançando” na desnuclearização da Coreia do Norte e preparar uma segunda reunião entre Trump e Kim.

AFP

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