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Idoso percorre Japão para ajudar vítimas de desastres

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publicado em 10/09/2018 às 10h24
atualizado em 10/09/2018 às 07h25
(Foto: PREFEITURA DE HIJI)

Os desastres naturais no Japão costumam deixar um rastro de destruição e, na sequência, atrair centenas de voluntários de diversos cantos do país com o mesmo espírito altruísta. É como um ciclo, que vem se repetindo com mais frequência este ano devido à quantidade de tufões, terremotos e enchentes.

Munidos de luvas, máscaras cirúrgicas, pás e trazendo o próprio lanche, eles chegam dispostos a prestar todo tipo de ajuda. As tarefas vão da retirada de entulhos a limpeza de imóveis e são executadas em grupo de pessoas que chegam anônimas.

A exceção é Haruo Obata, de 78 anos, que desde agosto passou a ser saudado como novo herói japonês. Ele ganhou fama nacional depois de encontrar um garoto de 2 anos perdido havia três dias em uma montanha, em Yamaguchi.

Obata é de Oita, cidade ao sul do Japão, e tinha ido à província vizinha de Yamaguchi para participar da busca em massa. Sozinho, ele conseguiu encontrar a criança no bosque e passou a ser chamado de “supervoluntário” com a repercussão do caso.

Mas não é a fama que busca esse japonês de 1,61 de altura e 57 kg. Obata diz que sua missão é ajudar as pessoas a caminharem para a frente. “Afinal, a vida é preciosa e única”, afirma. Outra expressão de que gosta muito é “o amanhã sempre virá”, escrito a caneta no capacete que usa nos locais onde faz voluntariado. “O importante é manter o otimismo e olhar para o alto, mesmo em um cenário de tragédia”, fala.

O agora supervoluntário Obata trabalhou em um mercado de peixes durante muitos anos e, já naquela época, realizava pequenas boas ações, como cuidar de bancos de madeira improvisados em montanha.

“Consertava porque tinha medo que alguém pudesse se machucar”, lembra. Ao seu aposentar aos 65 anos, intensificou as atividades voluntárias por gratidão a tudo o que viveu.

Nesta semana, Obata faz os preparativos para retornar à cidade de Kure, na província de Hiroshima, que foi fortemente atingida pelos temporais de julho. Naquele mês, enchentes e inundações deixaram um saldo de quase 200 mortos em onze províncias do oeste do Japão.

Ele deve seguir em sua minivan, usada como moradia ambulante sempre que faz trabalho voluntário.

“É pequeno, mas consigo manter minha privacidade”, diz. Ele come e dorme dentro de seu carrinho azul.

Cada desastre natural que acontece no Japão desperta em Obata a vontade de pegar estrada.

Foi assim nos terremotos anteriores ocorridos em Niigata, anos atrás, e na região Tohoko. Desta vez, contudo, ele pretende deixar a província de Hokkaido – palco de um forte terremoto no último dia 6 de setembro – de lado para se concentrar nas tarefas pendentes em Kure.

Uma delas é a retirada de tatames das casas danificadas pela água.

De hábitos simples, Obata vive com o mínimo. Diz que come não o mais gostoso, mas somente aquilo que faz bem para a saúde. Em suas refeições, nunca deixa faltar arroz e umeboshi (conserva de ameixa). A vida ele tempera com bom humor e otimismo, e recomenda essa receita a todas as pessoas.

A dose de trabalho voluntário pode ser pequena no início. À medida que se aumenta o tempo dedicado a ajudar alguém, ele diz, cresce também a sensação de felicidade. “Qualquer um, em qualquer lugar, deve experimentar o voluntariado. Ele faz bem e torna a vida mais gratificante.”

G1

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