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CHEGOU, CHEGANDO

“Estou gastando minha bufunça”, diz cantora Ludmila

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publicado em 15/07/2018 às 17h12
atualizado em 15/07/2018 às 14h14

Cheguei! Cheguei chegando bagunçando a zorra toda… Se você é uma pessoa ante¬nada no que está acontecendo pelo mundo – e no Spotify –, com certeza começou a ler este texto cantarolando. Ludmilla, a autora desse hit tipo chiclete, é hoje a segunda artista mais ouvida do Brasil pelo serviço de streaming. E foi assim, com o começo de “Cheguei”, seu maior sucesso, que nossa estrela da capa surgiu para o ensaio que você vê nestas páginas. Lud é um estrondo: alta, estilosa, um mulherão.

O sorriso, meio tímido no começo, deu lugar em pouco tempo a muitas risadas e preencheu todo o estúdio com um clima alto-astral. Acompanhada por sua trupe fiel, a mãe, o motorista, o assistente e o assessor – eles estão sempre com ela –, em pouco tempo já estávamos todos rindo no camarim de suas histórias e apaixonados por sua simplicidade em encarar a vida. Não é à toa que nossa conclusão, depois de uma tarde com ela, é: Ludmilla veio a este mundo para se divertir. E não é isso que todos deveriam fazer?

DANADA

Ludmila Oliveira da Silva nasceu e cresceu em Duque de Caxias, no subúrbio do Rio de Janeiro. Canta desde os 8 anos, quando o padrasto pagodeiro, que sabia do talento da enteada, a chamou para subir no palco. Ela gostou tanto que não parou mais. Agora, aos 23, é uma das cantoras mais famosas do país. E não é só pelos muitos milhões de seguidores no Instagram ou de visualizações no YouTube – a nova onda para medir se um artista está no auge.

Ela se apresenta de norte a sul do país, seu pop funk com letras simples e divertidas é adorado de crianças a velhinhos, e ela bate recorde de participações em shows de formatura, atual mania das faculdades. Neste ano, levou mais de 600 mil pessoas para as ruas do Rio no último Carnaval: público muito maior do que os blocos de Anitta e Preta Gil. Sem contar que lá fora faz turnê pela Europa e cantou para 20 mil pessoas em Angola, na África. “Quando cheguei ao aeroporto, me perguntaram: ‘Você sabe que tem um batalhão lá fora te esperando? Era tipo estrela internacional! Estava me sentindo a Beyoncé no Brasil!”, brinca.
A maior musa de quase todas as cantoras pop brasileiras, aliás, foi o nome que ela carregou no início da carreira: MC Beyoncé. Decidiu mudar, mas da americana ela ainda é fã: se inspira nas roupas, no jeito de andar e falar, nos clipes… É só comparar. Mas, ok, quem não queria ser Beyoncé?

DIN DIN DIN

Toda essa fama, claro, tem as suas recompensas. Refúgio em Angra dos Reis, barco, jet ski e uma casa dos sonhos no Rio de Janeiro, que está sendo reformada. Lá dentro? Boate – “porque a gente tem de se divertir de um jeito, né?” – piscina vermelha – “sou diferentona! Mentira, porque vi num filme e achei muito foda” – sala de jogos, academia… “Estou gastando minha bufunfa toda. Quando não era famosa, perguntava: ‘Gente, onde os artistas se enfiam? Agora descobri: em casa!”, diz e ri. Outro momento que só o dinheiro paga é se hospedar no icônico Copacabana Palace. “Eu ia para a praia e ficava olhando o hotel de longe e achava o máximo. Tem coisas que a gente acha que nunca vai acontecer… Tô muuuito chic!”, conta, com um jeitinho meigo de deslumbramento.ESPELHO

Para entrar no mood sessentinha das fotos, queríamos um coque à la Billie Holiday. Era primordial que a gente conseguisse colocar esse cabelão no alto. Mas não foi nada fácil. Semanas antes, Lud tinha feito tranças la¬terais, do tipo que é construída bem rente à raiz. Seria impossível, mas fofa que só, ela topou desmanchar e passar horas para colocar dread, modelo perfeito para nosso penteado. Pulos de alegria na redação.

Desde que passou pela primeira transição capilar, no ano passado, ela assumiu de vez seus fios. E parece uma camaleoa: muda o visual com a mesma frequência que troca de roupa. “Cresci achando que meu cabelo era errado, o mais feio do planeta e andava com várias pessoas que alisavam. Ter cabelo cacheado ou crespo não existia para mim”, diz ela, que complementa: “Hoje, aprendi a usá-lo e entendi que todos nós somos boni¬tos, basta a gente botar para fora e confiar mais na gente.”

E esse é um dos motivos pelos quais Lud “virou militante”. Foi meio sem querer, ela conta, já que “chegou até aqui sem pensar, sou feminista, sou isso ou aquilo”. Ela agora “entende seu papel”: “Muita gente coloca discurso em cima de mim, querem uma representatividade. Sei que a minha figura é bem importante no meu país e para várias meninas de onde eu vim, mas estou vivendo e só desejo que as pessoas sejam felizes”. Ela, que pensa duas vezes antes de sair de casa com a roupa que escolhe, revela que sempre passou por diversos tipos de preconceito. “Já sofri muito e ainda sofro. Teve marca que queria uma cantora para representá-la, mas por ser negra disse que eu não servia. As pessoas tentam tapar o sol com a peneira, mas ainda acontece demais. Não é mimimi!”

SOLTA A BATIDA

Cabelo no alto, agora é hora do stylist Rodrigo Polack entrar em ação. Ludmilla sai do camarim usando o primeiro look, um vestido Apartamento 03 com uma enorme fenda e detalhes de plumas, dando um toque vintage ao visual. Está linda. “Comecei a gostar de moda depois de andar com essa turma aí [apontando para Polack e equipe]. Ele uma vez me perguntou: ‘Você não tem nenhum Louboutin no armário?’. Achei que fosse um bicho!”, gargalha. “Estou investindo em mim. Aprendi que tenho de estar na beca.” Beca? “É, na moda, no style, na estica”, ela explica, antes de seguir para o estúdio e bagunçar a zorra toda.

Glamurama

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