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EM HOSPITAL

Pediatra é agredida por pais de criança

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publicado em 15/07/2018 às 11h10
atualizado em 15/07/2018 às 08h12

A GloboNews mostrou com exclusividade o caso de uma médica pediatra agredida pelos pais de uma criança em uma clínica de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A médica Lyse Soares, de 34 anos, registrou o crime na delegacia. O casal afirma que houve omissão de socorro da médica, que teria se recusado a internar o filho deles com febre durante a madrugada.

As imagens das câmeras de segurança mostram a médica, ao sair de sua sala, sendo agredida por uma mulher, Natália Jesus da Silva, com um tapa e um puxão de cabelo. Pouco depois, um homem aparece e dá socos na profissional de saúde que está no corredor do hospital. Ele é o pai do menino, que está no meio da confusão e em determinado momento da gravação é visto no chão do hospital. O crime aconteceu em abril, no Hospital Icaraí, na Zona Sul de Niterói.

Imagens mostram o rosto de Lyse após as agressões. Ela procurou a delegacia e passou pelo exame de corpo de delito. A Polícia Civil investiga o crime de lesão corporal. O casal já prestou depoimento e explicou o motivo da briga.

O pai contou que o filho estava com febre, foi medicado pela pediatra e foi liberado para voltar para casa. Segundo ele, a situção piorou em casa e a febre chegou a 42 graus. por isso, eles decidiram voltar ao hospital de madrugada. A discussão começou porque os médicos disseram que a internação da criança não era necessária.

“Ela disse à minha esposa que nós éramos barraqueiros, que não havia necessidade de nós estármos às 3 horas da manhã no hospital fazendo barraco e que o problema da febre do meu filho não era dela, o problema era nosso”, relatou Paulo Ricardo Rodigues.

Ele disse que agiu no impulso. “No momento que o meu filho corre risco, a atitude de um pai é de proteção. O que eu fiz foi proteger o meu filho”, afirmou.

Uma semana depois da confusão, o casal procurou a polícia acusando a médica Lyse Soares de omissão de socorro. Eles também entraram na Justiça contra a médica e contra o hospital cobrando indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil.

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar os fatos relacionados ao caso e informou que repudia qualquer tipo de agressão contra médicos e profissionais de saúde. O Cremerj informou que a médica esteve na sede do Conselho para denunciar o ocorrido. As sindicâncias abertas pelo Cremerj correm em sigilo.

A Sociedade de Pediatria do Rio disse que a médica foi “covardemente agredida no ato de sua profissão ao tentar cumprir o dever de cuidar, proteger e zelar pelo bem estar de crianças e adolescentes”.

Médica diz que ainda está traumatizada

Em entrevista à GloboNews, a pediatra Lyse disse que ainda está traumatizada e que ficuo afastada do trabalho durante dois meses por causa do estresse pós’-traumático e agora tenta retomar a rotina de trabalho.

“Quando eu acordei, o pessoal da enfermagem estava me segurando no corredor, onde a agressão tinha acontecido. Eu não sabia de nada. Minha colega falou ‘sua boca está sangrando’. Foi aí que eu vi que não era só um puxão de cabelo”, explicou a médica.

“O própio pai chamou a polícia dizendo para a polícia como se eu tivesse batido neles. Quando o polícia chegou, ficou assustado e falou: ‘quem foi a médica que agrediu os pais?’. Eu falei: ‘ninguém agrediu os pais, eu que fui agredida’. Eu não consigo ainda voltar para a emergência. Eu saí do meu trabalho, fiquei totalmente perdida. Eu não esperava nunca ser vítima de uma agressão física. Fico muito magoada porque essas coisas são cada vez mais comuns na nossa realidade”, completou Lyse.

G1

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