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'desespero'

Ex-secretário de Cabral nega delator que citou propina

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publicado em 13/06/2018 às 13h16
atualizado em 13/06/2018 às 10h18

Secretário da Casa Civil na gestão de Sérgio Cabral (MDB), Régis Fichtner é ouvido na manhã desta quarta-feira (13) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Ele negou trecho da delação de Carlos Miranda, operador de Cabral no esquema criminoso, divulgado um dia antes no Jornal Nacional. Segundo a reportagem, Fichtner recebeu “prêmios” da Fetranspor em propina.

“Não tenho nenhuma relação com ele. Só posso atribuir (a delação) ao desespero. Responde a mais de 20 processos e provavelmente vai ser condenado a 200 anos de prisão. É uma mentira, um absurdo total desprovido de qualquer prova”, afirmou.

Em audiências anteriores, ex-secretários da área apontaram a Casa Civil como a principal responsável pela gestão de obras, como a da Linha 4 do metrô. Fichtner negou ter conhecimento, à época, de desvios e disse que sua função era entregar a obra a tempo da Olimpíada.

“O que estamos vendo hoje aí (de corrupção, na Lava Jato) não tem como ter ciência disso (anteriormente). Não podemos julgar pessoas pelo passado, não podemos ser profetas ao contrário. Tem que ter mais rigor sobre controle. Essas pessoas que fizeram isso, fizeram paralelamente, pelo menos sem meu conhecimento”, afirmou.

O ex-secretário disse que se afastou do acompanhamento da obra da Linha 4, mas que há informações de que os custos ficaram dentro da média de outras cidade.

“Ouvi muito falar sobre o custo da Linha 4. Os estudos que vi, não acompanhei obra até o fim, divulgaram custos e estão dentro da média mundial. Não houve uma explosão de custo, se alguém pediu algo, não sei”, disse.

Em decisão de março do ano passado, quando decretou a prisão do ex-subsecretário de transportes Luiz Carlos Velloso, o juiz Marcelo Bretas citou o reajuste das obras da Linha 4.

O primeiro valor orçado foi em 1998 e, quase 20 anos depois, custou 1.100% a mais.

“Chama a atenção o fato de o custo da construção do metrô ter sido originalmente orçado em R$ 880.079.295,18 em 1998 e ter sido reajustado para R$ 9.643.697.011,65, o que por si só dá conta do enorme volume de dinheiro público que, em tese, teria sido desviado pelos agentes públicos investigados a partir da referida obra”, escreve o magistrado.

No mês passado, Julio Lopes (PP), que foi secretário de Transportes, diz que não comprou “um parafuso” para a obra, mas admitiu ter assinado três termos aditivos.

Ex-secretário foi preso

Fichtner chegou a ser preso na Operação C’est Fini do Ministério Público Federal, desdobramento da Lava Jato do Rio, suspeito de receber R$ 1,6 milhão em propina. Ele nega as acusações.

Quando foi questionado pelo deputado Gilberto Palmares (PT) se soube de algum pedido de propina na obra do metrô, negou.

“Para mim, que sou procurador do Estado vai fazer 30 anos, sou um servidor público, pela minha história, jamais alguém chegou perto de mim para fazer qualquer proposta que não fosse lícita e correta”, afirmou.

Denúncia do MPF

De acordo com a delação de Luiz Carlos Bezerra, operador de Cabral, Fichtner recebeu remessas em dinheiro inclusive no Palácio Guanabara.

Na denúncia do MPF, os procuradores citam a contratação pelo Estado da empresa Líder Táxi Aéreo, da qual Fichtner foi advogado. Além disso, suspeitam da lisura da escolha dos devedores que poderiam compensar precatórios com o Estado – já a escolha cabia à Casa Civil.

As empresas beneficiadas por atos do governo também seriam clientes do escritório do ex-secretário, embora ele alegue que tenha se afastado de seu trabalho no setor privado. O MPF afirma que o afastamento foi “meramente formal”.

G1

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