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Gravidez de risco

Eliana diz que teve pânico antes de filha nascer e revela testamento

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publicado em 24/05/2018 às 14h39
Eliana com a caçula Manuela, de 8 meses (Foto: Divulgação)

Qualquer sangramento já é suficiente para abalar uma futura mãe durante a gravidez. Imagine se for uma hemorragia. Imagine se acontecer depois de você já ter perdido um bebê. E se já tiver passado por uma cirurgia delicada no útero no primeiro trimestre de gestação. E ainda: se você já tiver um filho mais velho para dar conta apesar da gravidade da situação. A soma de tudo isso aconteceu com Eliana Michaelichen, 44, enquanto esperava a filha Manuela, que nasceu em setembro de 2017.

“Ela é um milagrinho!”, diz. Casada com o diretor de TV Adriano Ricco, 38, a apresentadora também é mãe de Arthur, 6, de seu relacionamento com o produtor musical João Marcello Bôscoli.

Pela primeira vez, Eliana recebeu uma equipe de jornalismo em sua casa para falar sobre os detalhes de todas as dificuldades que viveu e também de como sua vida mudou – para melhor! – depois da chegada dos filhos. “Se tivesse começado antes, teria uns quatro”, confessa.

Como foi a gravidez do Arthur?

Engravidei porque quis, mas não foi na hora que eu imaginava. Demorou mais de um ano. Comecei a achar que tinha algo errado, fiz exames… Mas deu tudo certo! A gravidez foi maravilhosa.

A gestação da Manuela foi planejada também?

Sim, eu e o Adriano estávamos apaixonados. Engravidei [antes de Manuela], ficamos muito felizes, mas perdi o bebê.

O mundo caiu. Foi uma tristeza, a família toda ficou abalada. Sinceramente, depois desse aborto espontâneo, achei que eu não fosse engravidar tão rápido porque eu já tinha passado dos 40. Não sabia se teria outra chance, mas, três meses depois, eu estava grávida outra vez. Foi uma festa!

Foi uma gestação difícil, né? Quando tudo começou?

Com 11 semanas, descobri que precisava fazer uma cirurgia chamada cerclagem porque meu útero não suportaria a gestação. Fiquei com medo de perder o bebê, mas deu tudo certo. Foi um sucesso. Achei que nada mais fosse acontecer. Então, voltei a trabalhar depois de duas semanas. Um dia, após a gravação, eu estava dirigindo e senti que tinha algo estranho acontecendo. Parei para ir ao banheiro e constatei a hemorragia. Fiquei apavorada e pensei “vou perder”. Eu já tinha vivido aquilo, e foi o que mais veio na minha cabeça. Liguei para o Adriano [ele morava no Rio de Janeiro na época], que pegou uma ponte aérea na hora. Quando cheguei ao hospital, os médicos não fizeram uma cara boa…

Foi aí que começou o repouso, que mobilizou muitos dos seus seguidores na internet?

Sim. A partir daquele dia, minha vida mudou completamente. A mulher ativa, que trabalhava desde os 14 anos, workaholic, como muitos diziam, deu uma pausa. Comecei a me dedicar à minha filha. O médico avisou que eu não podia mais trabalhar. Eu disse: “É isso que tem de ser feito? Então vamos lá”. Liguei para o meu patrão [Silvio Santos, dono do SBT] e falei: “Não volto mais”.

Na época, você declarou que o Silvio foi muito compreensivo. Como ele reagiu?

Ele se assustou, não pelo trabalho, mas porque não tinha noção da gravidade. Foi muito carinhoso e me disse: “Esquece o trabalho agora. Vai cuidar da sua família”. Essa frase foi muito acolhedora naquele momento. Eu é que estava preocupada porque foi de uma hora para a outra. Um dia, eu estava gravando; no outro, não podia mais pisar lá. Não tinha nada planejado. Foi um baita susto!

Quanto tempo você ficou de repouso no total?

Fiquei cinco meses de repouso absoluto: eu intercalava o hospital e a casa da minha mãe, que é ao lado da maternidade e fica no andar de baixo da minha obstetra, que mora no mesmo prédio. Só pude sair do hospital porque havia essa condição. Era muito grave. Tive um descolamento de placenta, uma hemorragia, várias questões que poderiam, infelizmente, fazer com que a Manuela não chegasse até aqui. E ainda tinha a cerclagem. Era tensão em cima de tensão. Eu precisava ficar deitada ou na cadeira de rodas. E tudo isso ainda tendo o Arthur. Eu precisava dar atenção a ele, não podia assustá-lo…

Como você administrava a situação com ele?

Mudamos para a casa da minha mãe. Lá, fiz um ambiente para ele, com os brinquedos, livros, a mesa de desenho. Quando eu estava no hospital, ele levava as lições para lá e fazíamos juntos. Também tomava banho lá e jantava comigo. Levei até o videogame.

Vocês dois conversavam sobre a gravidez e a bebê?

Arthur me perguntava o tempo inteiro se a Manuela estava bem. Mas ele entendia, até porque não tinha nenhuma referência de outra gestação minha. Na cabecinha dele, isso também fazia parte da gravidez. Mas quando fui para o hospital repentinamente, ele ficou assustado. Tinha medo de perder a mãe. Admito que eu também tinha medo de, por algum motivo, faltar para ele. Expliquei que tive um probleminha, mas não contei o que era exatamente. Ele soube pelos amiguinhos da escola. Eu e a Manuela fomos acolhidas por muitas orações – não só de fãs, mas de outras pessoas, que ficaram sensibilizadas. Na escola, perguntavam ao meu filho se eu estava bem. Ninguém tinha noção de que ele não sabia a fundo o que estava acontecendo. Alguns diziam: “Que bom que sua irmãzinha resistiu, pois a mamãe quase perdeu o bebê”.

Depois de todas essas dificuldades, como você estava emocionalmente?

Um dia antes de a Manuela nascer, tive uma síndrome, um pânico, fiquei com medo de morrer. Fiz testamento. Fiz tudo o que você pode imaginar como despedida. Até passei o código do meu celular para duas amigas. Tive um surto mesmo. Chorei tanto durante a madrugada que, no outro dia, quando fui para a sala de cirurgia, eu estava bem.

Apesar de tudo, ela nasceu quase a termo. Você esperava isso?

Ela nasceu com 36 semanas, quase 37. Precisamos marcar a cirurgia porque não poderia passar disso. A Manuela foi realmente um milagrinho. Com tudo o que ela viveu, sempre se manteve forte. Antes da cesárea, perguntei se poderia amamentá-la assim que nascesse, e a médica me pediu para não criar expectativas. Quando ela chegou, teve Apgar 9/10 [teste com nota de 0 a 10 que avalia a vitalidade do recém-nascidocom base em critérios como respiração, cor da pele, tônus muscular, frequência cardíaca e reflexo] e pôde mamar.Não foi para a UTI. Ficou o tempo todo do meu lado.

Depois de tudo isso, como você ficou no pós-parto?

Em função de tudo o que passei, acho que consegui dar uma relaxada depois, mas já não sou mais a mesma. As prioridades mudaram na minha vida: durante muitos anos foi o trabalho; hoje é a família. Não existe nada mais importante para mim, mas também amo o meu ofício.

Prova disso foi sua volta da licença-maternidade após um mês, não?

Sim, tive que voltar porque fiquei muitos meses fora da TV por conta da licença médica. Na vez do Arthur, voltei depois de dois meses e chorei muito. Já com a Manuela, minhas emoções estavam mais controladas. Eu sabia que teria de voltar logo. Então, fui fazendo meu estoque de leite, conversando com ela. Eu explicava: “Vamos nos desligar, mas é só um pouquinho. A mamãe volta”.

Como você faz para manter a amamentação mesmo gravando?

Quero seguir com o aleitamento por bastante tempo. Levo minha malinha de tirar leite para todos os lugares. Quando vou gravar na casa de artistas, peço licença para tirar o leite e guardar no freezer. Tento marcar as gravações e reuniões aqui em casa. Chorou, a mamãe está aqui. Meu corpo mudou, meu peito está enorme, bonito de ver [risos]! Não é só a saúde; é um vínculo. Gente, é muito prático. Sai quentinho, é natural, não precisa levar mamadeira para lá e para cá. E não tenho vergonha de amamentar em público. No restaurante, no trabalho, onde for, eu faço. Você vai deixar de dar o alimento à sua filha porque alguém acha que está errado?

O Arthur mudou depois do nascimento da irmã?

Ele ficou mais independente. Acordo para arrumá-lo para ir à escola, nessa hora não tem babá, é um momento nosso. Então, quando estamos nos preparando e a Manuela chora, eu preciso dizer: “Se vira aí porque a mamãe precisa dar o mamá da sua irmã”. Às vezes, ele aparece com a bermuda ao contrário, uma meia lá em cima e a outra lá embaixo… Ele não sabia amarrar o tênis e aprendeu de uns meses para cá. Está se virando – e está gostando. O Arthur queria muito essa irmã. Quando ela nasceu, sentia que ele tentava entender qual era o espaço dela. Ele me testava, perguntando quem eu amava mais. Eu respondia que amava igual. Quando sentiu que estava tudo bem, relaxou. Ele brinca muito com a Manuela – e ela adora!

Pretende ter mais filhos?

Até poderia me aventurar, mas não seria inteligente. O problema que eu tive na segunda gravidez nada teve a ver com a minha idade, mas pode ser que, em uma terceira, haja alguma complicação. Então, arriscar para quê? Sou mãe de dois. Não é preciso. Devo confessar que, se tivesse começado mais cedo, teria uns quatro, porque a experiência de ser mãe é inexplicável. Só quem tem sabe. Tive na hora que eu quis, mais tarde, mas depois pensei: “Nossa, por que demorei?”.

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