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FIOS NATURAIS

Mulheres abandonam química nos cabelos

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publicado em 01/04/2018 às 18h00
atualizado em 03/04/2018 às 06h00
A consultora capilar de cabelos cacheados e crespos, Andila Nahusi, também passou pela transição e agora curte os fios livre de químicas

No dicionário a palavra ‘transição’ traz alguns significados – fase intermediária; mudança; passagem de um estado de coisas. Quando se fala em cabelo, a palavra ganha um sentido especial. A transição capilar é o momento em que a pessoa que antes fazia algum tratamento químico, deixa crescer o cabelo natural e para de aplicar qualquer produto que modifique a estrutura dos fios.

Consultora capilar de cabelos cacheados e crespos, Andila Nahusi vê um crescimento no número das pessoas, mulheres em sua maioria, que tem decidido mudar o visual e aceitar o cabelo de forma natural.

“Estamos vivenciando um momento onde as mulheres não têm tanto receio em cortar os cabelos, indo contra a cultura de que a feminilidade só é bem vista se a mulher tem cabelos longos”, avaliou.

Segundo ela, a onda de ‘aceitação capilar’ cresceu consideravelmente desde 2013. “As mulheres começaram a entender que podiam usar seus cabelos naturais, sem uma química transformadora padrão”, explica a consultora, que vê uma corrente de apoio entre as mulheres responsável pela revolução.

Revolução porque apesar da mudança ser vista apenas no cabelo, a transição capilar atinge muitas áreas. Há oito anos de cabelo natural, Janiffer Medeiros sabe bem disso.

“A sensação de estar com o cabelo natural é de ser eu mesma. Me sinto naturalmente linda, autêntica. Depois que cortei, me encontrei como mulher negra, já que com meus cabelos esticados minha identidade não era tão visível ”, conta.

A cabeleireira ainda vê a população brasileira longe de alcançar a aceitação plena dos fios, um problema enraizado no país. “Mais da metade das pessoas são negras e alisam o cabelo muito cedo, demonstrando uma negação à estética afro, e ainda acham os fios ‘exóticos”, ressalta Janiffer.

Decisão

Quem escolhe passar pela transição capilar, pode ter vários motivos para a decisão, ou nenhum. A escolha é pessoal e pode ou não ser tomada. Para quem deseja abandonar os tratamentos a base de químicas, a consultora capilar Andila dá algumas dicas e ressalta a importância da paciência. “A transição capilar mexe com nosso interior, nossa vaidade e nossa identidade visual e étnica. Vamos nos reconciliando com a nossa beleza natural aos poucos”.

Ela ainda ressalta outros fatores:

  1. Respeitar tempo do cabelo: deixa crescer e aguardar com paciência
  2. Aceitar o fio como é
  3. Procurar ajuda profissional e se informar sobre a transição
  4. Ter consciência que receberá julgamentos
  5. Fazer o grande corte, retirando toda a química ou a maior parte

Em transição

Atualmente Ingrid Fernandes passa pela transição capilar. Cansada dos processos exaustivos no salão, a jovem decidiu dar uma chance ao cabelo natural que nem se lembrava mais. Há 7 meses ela não submete o cabelo a procedimentos químicos.

Vez ou outra, ela sente vontade de desistir, mas segue persistindo rumo ao natural. “No começo foi um pouco difícil, ficava tentada a voltar a fazer o relaxamento. Meus cachos têm texturas diferentes e a parte da frente é bem crespa. Mas vejo o quanto meus cachos naturais são lindos e que só precisam de cuidados”, admite.

Ingrid entrou em transição junto com uma amiga, e agora, a mãe também passa pelo processo. A jovem sabe o poder da influência nesse momento, e entende a fragilidade momentânea de quem passa pela transformação. Sem pensar duas vezes, ela aconselha:

“Tenha convicção de que é isso mesmo que você deseja e lute para conseguir. Tenha determinação, a fase da transição não é fácil, mas é passageira. Não se deixe levar por comentários desmotivadores, as opiniões poderão mudar quando seus cachos estiverem todos aí, lindos e maravilhosos.  A espera vale. Se os outros não gostarem paciência, o que importa é você estar satisfeita e se amando como naturalmente é”.

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Caroline Queiroz – MaisPB

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