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BANGU 3

Secretário vê falha durante operação em presídio no Rio

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publicado em 29/03/2018 às 11h31
atualizado em 29/03/2018 às 08h32

Um dia depois de ter considerado “positivo” o resultado da inspeção feita na terça-feira na Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho, Bangu 3, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, o secretário de Administração Penitenciária do Rio, David Anthony, admitiu nesta quarta-feira que houve falhas durante a operação. A vistoria terminou com apenas um celular e dezenas de ventiladores apreendidos, apesar de ter contado com 340 homens — 220 militares do Exército e 120 agentes penitenciários. Não foi apreendida nenhuma droga na unidade. Bangu 3 abriga chefes da maior facção criminosa do Rio.

Em operações de rotina, com um contingente muito inferior do que o de anteontem, os agentes prisionais encontraram, de janeiro do ano passado até o último dia 28, 367 celulares e 32 chips, além de drogas na unidade. Somente este ano, 105 aparelhos de telefone foram apreendidos. Foram encontrados ainda 31 roteadores de internet nas celas do presídio durante as inspeções realizadas.

O principal erro reconhecido pelo secretário na ação de anteontem foi o longo tempo dado aos presos para recolherem seus pertences e saírem das celas, antes da entrada dos agentes. Conforme noticiou o EXTRA nessa quarta-feira, os militares e agentes foram esvaziando cela por cela , esperando que cada detento limpasse a sua. Assim, os presos dos outros xadrezes que ainda não haviam sido vistoriados conseguiram se livrar dos seus materiais ilícitos, provavelmente atirando no vaso sanitário e em buracos abertos entre as galerias. Alguns presos tiveram até três horas para limpar a sua cela antes da vistoria.

Agentes penitenciários ouvidos pelo EXTRA explicam que em operações desse tipo, o correto é retirar os presos rapidamente de todas as celas, evitando que eles possam se livrar de materiais ilícitos. Nesses casos, os detentos recebem ordem de deixar suas celas só de bermuda, sem camisa. O secretário David Anthony admitiu que faltou energia aos chefes da operação para “puxar os presos” das galerias e levá-los para a contenção, antes que eles pudessem ter tempo para se livrar dos flagrantes.

Outro erro da operação apontado pelos inspetores foi o fato de, segundo eles, militares terem ficado no comando geral da ação.Os agentes afirmam ainda ter sido um equívoco deixar que a inspeção fosse feita no dia de visita na unidade, o que causou revolta nos presos e também nos visitantes.

— Entraram em Bangu 3 para fazer uma operação desse porte sob o comando de quem não tem a menor ideia de como funciona o sistema prisional, muito menos uma unidade como essas. Também foi um equívoco enorme terem escolhido o dia de visitas para isso. Causa enorme insatisfação nos presos e nas visitantes. Os ânimos ficam muito acirrados — opinou um agente sob a condição de anonimato.

Bangu 3 é a unidade mais tensa e perigosa do sistema prisional do Rio. É a única que não conta com cantinas com venda de produtos para os presos, por exemplo. Em 2015, agentes penitenciários encontraram munição de fuzil no presídio. A apreensão acendeu o alerta vermelho na unidade, mas nenhuma arma foi encontrada. Em junho do ano passado, o agente penitenciário Paulo Sérgio Araújo, de 56 anos, chefe de turma da unidade, foi morto na porta de sua casa, em Vila Kosmos, na Zona Norte do Rio.

Extra Online

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