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"dor insuportável"

Jovem pede eutanásia e causa polêmica no Chile

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publicado em 14/02/2018 às 12h05
(Foto: Reprodução/Twitter/DescansoParaPau)

A jovem chilena, que nasceu na cidade de Talca, ao sul da capital, Santiago, sofre desde o fim de 2013 de um mal raro que, até agora, não foi diagnosticado de forma conclusiva pelos médicos de seu país.

Sua família afirma que, no decorrer dos últimos quatro anos e de forma cada vez mais intensa, Paula faz movimentos involuntários, tem episódios de perda da consciência, paralisia das extremidades e uma dor que a jovem define como “insuportável”.

Um vídeo compartilhado pela mãe e pela irmã de Paula no início de fevereiro nas redes sociais mexeu com Chile e ultrapassou as fronteiras do país.

Nele, a jovem pede de forma desesperada à presidente Michelle Bachelet que autorize sua eutanásia – proibida no país -, porque não suporta mais a dor e não aguenta mais viver.

“É algo tão terrível que não consigo descansar. Nem de dia, nem à noite (…). Já não suporto meu corpo. Ele está despedaçado. Não consigo apoiar qualquer parte dele sem sentir dor. Como não conseguem entender que já não aguento mais?”, diz em sua mensagem à presidente.

Também há imagens da jovem aparentemente antes de apresentar os sintomas e outras em que está se contorcendo na cama, com as extremidades tensionadas, muitas vezes na maca do hospital, com o semblante aflito.

Em poucos dias, os vídeos viralizaram, atingindo mais de 1 milhão de visualizações, dividindo opiniões e reacendendo o debate sobre eutanásia no país. Em 2014, um caso semelhante, de uma menina que pedia a Bachelet permissão para morrer, já havia mexido com a opinião pública.

O tema voltou aos meios de comunicação chilenos e à agenda de alguns políticos, que têm usado o caso para rediscutir a legalização do suicídio assistido no país.

O caso de Paula, contudo, é bastante diferente do episódio de 2014.

A ausência de informações claras sobre seu problema de saúde, a ausência de um diagnóstico conclusivo e um laudo médico que lhe atribui um transtorno psiquiátrico, que seria o responsável pelos sintomas que Paula alega sentir, fizeram com que a polêmica que cerca a discussão sobre eutanásia no Chile ganhasse novas camadas.

Primeiros sintomas

Vanessa Díaz, irmã de Paula, diz à BBC Mundo que tudo começou no fim de 2013, quando a jovem foi hospitalizada com sintomas que os médicos associaram à coqueluche.

“Nossa família relaciona (os acontecimentos subsequentes) ao fato de que Paula, pouco antes de ser hospitalizada naquele ano, recebeu a vacina tríplice, que protege contra três doenças (tétano, difteria e coqueluche) – e foi hospitalizada pela primeira vez justamente por uma suposta coqueluche”, argumenta Vanessa.

Familiares – e alguns médicos, ainda que nenhum tenha se manifestado oficialmente por escrito – acreditam que um vírus presente na vacina se alojou na medula de Paula e é responsável por sua condição atual.

Assim, a acusação por si só tem gerado repercussão no Chile, país onde a imunização é obrigatória.

O médico Miguel Kottow, chefe da Unidade de Bioética da Escola de Saúde Pública da Universidade do Chile, afirma que não há antecedentes de qualquer caso parecido no país e considera a acusação delicada.

“É um tema muito grave, já que qualquer decisão que se tome nesse caso também coloca em evidência o tema da imunização obrigatória”, pondera.

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