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Odilon Fernandes – advogado, escritor, professor e procurador federal aposentado.

Machismo: um dos preconceitos mais praticados no Brasil

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publicado em 14/01/2018 às 09h42

O machismo é um dos mais nefastos preconceitos praticados no Brasil, e em minha opinião, o mais impactante.

É muito comum entre nós, homens, ouvirmos frases grosseiras, de difícil reprodução  face o conteúdo como:  “Mulher tem que se dar o respeito!”, ”Que negona bonita!”, ”Mulher  no volante, perigo constante.”, ” Isso é coisa de mulher…”, ”Toda negra ou mulata tem samba no pé”, “Tem catinga de nega”, “ Ela não é mulher pra casar”, “Lugar de mulher é na cozinha”, “ Mulher feia e urubu, comigo é na pedrada.”

Porém, graças às reivindicações femininas feitas nos últimos tempos, durante o século XX, constatamos alguns avanços quanto aos direitos que eram assegurados apenas aos homens, como: voto, ingresso ao serviço publico, direito ao divórcio, a importantíssima Lei Maria da Penha e por fim a mais recente conquista, com quase três anos de sancionada, o feminicídio, incluída no rol de crimes hediondos.

Apesar das grandes conquistas, a cultura machista continua fixa em nossas raízes e ainda fazendo parte do nosso cotidiano de forma corriqueira, pois, foi apresentada uma pesquisa que em nosso país, a cada dez mulheres, nove sofrem violência dos mais diversos matizes, como física, psicológica, econômica, religiosa, moral, sexual e mais dezenas de outras espécies.

Enquanto isso, nós, homens,  afirmamos veementemente que não somos machistas, mesmo tratando nossas mulheres como sendo de uma segunda categoria, objeto sexual, propriedade privada,  coisificando-a em alguns setores profissionais e sociais.

Precisamos ter coragem para admitir que as mulheres são exploradas por nós mesmos, diferenciando cada caso pelo gênero e grau de cada ato.

Não se pode olvidar que a mulher além de profissional, pois muitas ajudam na renda da família, quando não são muita vezes arrimo, agrega as funções domésticas, injustamente, no decorrer da história, impostas exclusivamente a ela.

É de se destacar que a mulher tem que ser indestrutível, não pode adoecer, não pode ter mau humor, não pode se cansar, mas é obrigada a resolver todas as situações reflexas, quando ocorre com seus entes, sem nenhuma contraprestação.

Além do mais, a mulher não pode se cuidar, não pode ser bem feita ou bonita, por ser passível de agressão sexual, que se caso ocorra, a culpa será exclusivamente dela que mesmo não sabendo “se insinuou” para o agressor. E o que falar daquelas mulheres que morrem todos os dias porque o homem achou que a matando “lavaria sua honra”? Pasmem! Muitos são inocentados. Nossa sociedade se acha progressista, mas, é nítido o pensamento retrogrado que infelizmente a acompanha.

Contudo, não precisamos de tantas hipérboles para falarmos sobre machismo, pois, freqüentemente nos flagramos com comportamentos de ternura   com nossas esposas, a fim apenas de externar o surreal, porém na nossa casa, quantos de nós, tratamos nossas esposas com a dignidade que elas merecem?

Quantos de nós somos gratos no dia a dia pela quantidade de favores recebidos?

È importante registrar a verdadeira invasão que fazemos em sua vida privada, mexendo em celulares, acessando rede social, correspondência, desrespeitando de grosso modo, que mais do que nossa esposa, existe um ser humano, que merece ser respeitado.

Não entendo como nascemos de uma mulher, somos educados por estas e não conseguimos enxergá-las de forma igualitária com o homem.

Falo isso, porque convivo com muitas mulheres, inclusive acompanhando suas vidas privadas, em diversas classes sociais, seja como advogado, professor, pai, filho, sogro, esposo, amigo ou irmão e me convenci que não teríamos nenhum significado existencial sem esse ser maravilhoso que é a mulher.

Revelando aqui, minha gratidão, a todas estas espetaculares criaturas e em especial aquelas que me dedicaram atenção, carinho e inestimáveis ensinamentos como minha mãe Beatriz e outras muito especiais, lapidando-me a partir do machão sertanejo até me transformar pelo menos, em um ser que reconhece o espetacular valor e contribuição de todas, na minha existência bem como ser o Gênesis responsável por grandes transformações positivas agregadas a historia da minha vida em particular.

Posso assegurar ainda, que a contribuição dessas heroínas, embora no relativo anonimato foram capazes com seus esforços assegurarem os mais importantes progressos da humanidade, de forma direta ou indireta, a exemplo também das professoras que nos ensinaram as primeiras letras a troco de salários indignos, aviltantes e de todo tipo de provações e dificuldades.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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