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Entidades denunciam superintendente da PC

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publicado em 11/01/2018 às 18h23
atualizado em 12/01/2018 às 05h44

Entidades representativas da Polícia Civil da Paraíba emitiram nota, na tarde desta quinta-feira (11), rebatendo declarações do delegado Marcos Paulo, que em entrevista recente classificou como oportunistas os envolvidos em mobilização por mais benefícios para a categoria.

Em nota assinada pela Aspol, Atendepol e Sindperitos, os policiais civis acusam o superintendente da Polícia Civil de querer desqualificar a luta da categoria em busca de direitos.

As entidades acusam o governo conceder somente aos delegados 100% de aumento das vagas para alcançar o final da carreira, enquanto que para outras categorias da Políca foi concedido menos de 10%.

No contraponto, as categorias apresentaram m uma lista de denúncias de irregularidades na Polícia Civil da Paraíba e acusam o superintendente de conivência com os supostos desvios internos.

Confira a nota

As entidades representativas da Polícia Civil da Paraíba, ASPOL, ATENEPOL e SINDPERITOS, vem a público repudiar a desrespeitosa declaração do delegado Marcos Paulo Vilela, Superintendente da Polícia Civil da Paraíba, que, em entrevista ocorrida no dia 08/01/2018, classificou como oportunista a postura de luta pela dignidade dos policiais civis paraibanos que tem sido carreada pelos legítimos representantes de 87% da Polícia Civil da Paraíba. Mais uma vez, presenciamos a tentativa de desqualificar a luta de trabalhadores em busca daquilo que é legítimo, legal e justo.

Certamente, tal postura do delegado se deve à dificuldade de discernir entre o papel de gestor de uma instituição pública e o de membro de entidade classista de delegados, ou quiçá de diferenciar entre a atuação de um gestor público e de um gestor de empresa privada, realidade que induz à violação de princípios basilares da administração pública, em especial a impessoalidade e a moralidade.

Tratando então do termo “oportunista”, descrevemos à sociedade paraibana aquilo que as entidades que representam 87% dos policiais civis do estado apontam como sendo verdadeiramente ações de oportunistas:

– Oportunista é negar a verdade e tentar encobrir uma série de privilégios dados somente a uma categoria da Polícia Civil, como ocorreu com a aprovação do PL 1664, no qual somente aos delegados foi propiciado 100% de aumento das vagas para alcançar o final da carreira, enquanto que para outras categorias da PC foi concedido menos de 10%.

– Oportunismo é tentar enganar a opinião pública, repetindo inverdades sobre o PL 1664, afirmando tratar-se do mesmo conteúdo da Medida Provisória 222/2014, quando tais conteúdos cabalmente possuem textos diferentes, inclusive o do PL, agora lei, que passou a obrigar o policial civil a vender seus dias de folga e de convívio familiar sem estabelecimento de qualquer limite de horas trabalhadas.

– Oportunismo é construir legislação para possibilitar que gestores da Polícia Civil recebam horas-extras permanecendo em casa.

– Oportunismo é ser gestor da Polícia Civil e não exigir os equipamentos de proteção individual para que os policiais possam trabalhar com o mínimo de segurança, tais como coletes balísticos que estão vencidos há mais de três anos, para não desagradar o governo e garantir privilégios.

– Oportunismo é esconder da população que nenhuma atitude efetiva foi adotada para que os policiais civis deixassem de portar as armas de fogo que vêm apresentando defeitos.

– Oportunismo é utilizar das prerrogativas do cargo e a proximidade com as autoridades do estado para conquistar privilégios para um só cargo.

– Oportunismo é utilizar uma instituição pública para ações de autoafirmação do cargo de delegado, em detrimento da construção do senso de equipe e da valorização conjunta.

– Oportunismo é usar-se do assédio moral contra servidores na tentativa de impor atribuições que não lhes são obrigatórias, buscando encobrir carências e, principalmente, eximir os senhores delegados de suas reais atribuições.

– Oportunismo é ser gestor público sem dar o exemplo daquilo que deve exigir para o bom funcionamento institucional e a adequada prestação de serviços à população.

À população paraibana e à imprensa do estado, não faltam exemplos de ações realmente oportunistas praticadas por uma ‘casta de delegados gestores’, que se confundem com representantes classistas e trabalham diariamente contra as demais categorias, trazendo prejuízo, inclusive, para muitos de seus pares.

Reiteramos nosso mais profundo repúdio, no entanto, sem qualquer reação de surpresa, visto que tais atitudes são recorrentes e promovem há anos a desarmonia e a segregação dentro da Polícia Civil, afastando cada vez mais o diálogo construtivo, para tentar manter privilégios que até agora estavam distantes do conhecimento do cidadão, que paga seus salários.

Nós, que fazemos parte da Polícia Civil que realmente trabalha e se preocupa com o cidadão e com esta instituição, continuaremos lutando pelo tratamento igualitário, justo e digno a todos os policiais civis, empreendendo nosso suor, nossas lágrimas e até nosso sangue pela segurança pública, mantendo-nos distantes daqueles que se dedicam apenas a angariar supersalários e aparecer em entrevistas.

Por fim, deixamos para reflexão alguns questionamentos:

1 – Por que 87% das categorias estão insatisfeitas por inúmeras situações e apenas uma demonstra que está plenamente satisfeita?

2 – Por que os gestores da Polícia Civil há mais de três anos permitem que policiais arrisquem ainda mais suas vidas com coletes vencidos e armas defeituosas?

3 – Por que delegados foram fervorosamente defender a aprovação do PL 1664, enquanto os representantes de 87% das demais categorias da Polícia Civil demonstravam sua insatisfação pelo projeto?

4 – Por que uma casta de delegados cria tantos obstáculos para a luta das demais categorias por melhorias?

MaisPB

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