João Pessoa, 22 de fevereiro de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
A PALAVRA

Para jornalista de Campina, decisão de Rômulo apoiar Ricardo foi coerente

Comentários: 0
publicado em 22/02/2014 às 16h00

O jornalista de Campina Grande, Júnior Gurgel, colunista do site “A Palavra”, fez uma analise sobre a decisão política do vice-governador Rômulo Gouveia (PSD) ficar com o governador Ricardo Coutinho (PSB) na quebra de aliança entre o socialista e o senador Cássio Cunha lima (PSDB). Com vários argumentos e um histórico da vida política de Gouveia, Gurgel define a postura de Rômulo como “coerente”.

Lembrando da lealdade de Rômulo à família Cunha Lima, o colunista de ‘A Palavra’ destaca a importância política do vice-governador e mostra a falta de espaço eleitoral que “o Gordinho” teria, caso optasse em ficar com Cássio. Ele explica que, além de ter de prestar conta ao comando nacional do PSD, Gouveia não poderia ficar a mercê de uma decisão do PSDB para dar continuidade a sua carreira política, já que hoje integra e comanda outro partido.

Junior Gurgel mostra ainda a semelhança da decisão de Rômulo com os ensinamentos de Ronaldo Cunha Lima e detalha a abdicação administrativa nas indicações do secretariado de Ricardo Coutinho para contemplação de aliados de Cássio Cunha Lima.

Leia a coluna na íntegra:

Gesto de Coerência

Atitude do vice-governador Rômulo Gouveia (inesperada por muitos) anunciando sua decisão em ficar ao lado do Governador Ricardo Coutinho – não temendo quaisquer circunstâncias conjunturais que possam surgir doravante – causou surpresa aos fiéis e radicais “Cassistas”. Mesmo ainda “silentes” diante do imprevisto, a linha de frente do projeto “Cássio terceira vitória”, esperavam que o “Gordinho” – cumpridor de missões – mais uma vez, aguardasse “voz de comando”.

Destaque-se e registre-se a luz da história, que a ação não enseja uma reação, capaz estigmatiza-lo por rebeldia ou traição. Trata-se de uma decisão do tamanho – estatura ou formato – correspondente ao espaço que Rômulo Gouveia, ora ocupa no cenário político paraibano. Sua biografia de Vereador, Presidente da Câmara Municipal de Campina Grande; Deputado Estadual e Presidente da Assembleia Legislativa; Vice-Governador… Não foram obras do acaso. Palmilhou este longo caminho, dando também sua inestimável contribuição, para que se fortalecessem e consolidassem os projetos políticos do Clã Cunha Lima. Hoje Preside um Partido no Estado. Recebe cobranças para que a sigla prospere, participando efetivamente do processo eleitoral e elegendo representantes para o Parlamento Estadual, Federal e Senado da República. Só não avançou com uma postulação para o Governo do Estado, porque “prima” pela lealdade, algo inconfundível em seu comportamento, bastante visível em seu currículo como homem púbico. Se assim o fizesse, “machucaria” Cássio e Ricardo Coutinho, caracterizando-se a partir de então, como “oportunista de plantão”.

Os mais importantes “quadros” políticos, que se destacaram na construção da democracia do Brasil, registraram seu nome na história (momentos marcantes) nos quais se avultaram por suas posturas de “coerência”. Esta é a atitude de um líder, que se apóia no povo, e nas propostas oriundas de seguidores e admiradores.

Adepto do estilo inaugurado pelo ex-governador Ronaldo Cunha Lima, Rômulo Gouveia tomou como lição, princípios de integridade, companheirismo e decoro. O respeito pelo povo e seus pares partidários, levou Ronaldo a construir a mais bela carreira política da Paraíba, quiçá do país (pela invencibilidade). Foi Vereador, Deputado Estadual; Prefeito de Campina Grande (duas vezes); Deputado Federal; Governador do Estado e Senador da República. Isto não se deve apenas a seu carisma pessoal e oratória. Acrescente-se a fidelidade radical aos seus preceitos, que nortearam sempre seu inquestionável sucesso, virtude que lhes trouxe a habilidade de conquistar inclusive, ferrenhos adversários a sua causa.

Ronaldo Cunha Lima sobreviveu a alguns episódios, que puseram seu estilo político em xeque. O primeiro, quando ficou ao lado de seu partido (PMDB) que realizou uma Convenção Nacional, no intuito de lançar um candidato para enfrentar FHC em sua reeleição. Derrotado, veio à punição: perdeu todos os cargos Federais, inclusive a cobiçada Secretaria – com status de Ministério – ocupada por Fernando Catão e posteriormente Cícero Lucena. O “racha” do Clube Campestre, culminou em duas derrotas consecutivas (em convenções) ficando sem o controle da legenda e o direito de disputar seu segundo mandato para o Governo do Estado. O PSDB, através de Sérgio Guerra, fez inúmeros convites para que Ronaldo deixasse o PMDB antes das convenções, e fosse o candidato “tucano” na Paraíba. Alguém duvida do resultado das urnas? Ronaldo ao lado de FHC (1998), pai do Real e valente guerreio que destruiu o invencível “dragão” da hiperinflação? Claro que teria vencido… Sua atitude de não deixar o PMDB, foi uma manobra perigosa: “queimou” uma eleição.

O assédio dos “Maranhistas” a Rômulo Gouveia – então Deputado Estadual – para abandonar o poeta derrotado, foi algo praticamente fatal (1999). Mas, o “gordinho” resistiu ao “canto da sereia”. Permaneceu no lugar em que Ronaldo o pôs. Licenciou-se, e veio coordenar a campanha do Prefeito Cássio Cunha Lima, para o Governo da Paraíba. Vencida as eleições, Rômulo foi reconduzido, e assumiu a Presidência da Assembleia Legislativa. Aceitou o desafio ou “missão” de confrontar Cozete Barbosa, lançando-se candidato a Prefeito de Campina Grande. Foi derrotado por Veneziano no segundo turno. Candidato a Deputado Federal (dois anos depois) teve o “desconforto” de ser o campeão dos votos da Rainha da Borborema, suplantando seu mestre, o poeta Ronaldo Cunha Lima. Especulam que o Clã nunca “engoliu” este resultado. E na tentativa de “castigá-lo”, Cássio já eleito Senador (segundo pesquisas), pois Rômulo a beira do abismo, para ser o Vice de Ricardo Coutinho. Seu lugar na Câmara foi ocupado por Romero Rodrigues. Eva Gouveia quase não consegue ocupar uma das cadeiras da Casa Epitácio Pessoa, em função do “mapeamento” de Campina e região, dividindo os votos para outros candidatos, que tinham seus destinos nas mãos do Senador “tucano”. Não há registros de queixas, protestos ou insatisfações de Rômulo, sobre estes fatos.

Jamais um Vice foi tão massacrado quanto Rômulo Gouveia. Cássio indicou dez Secretarias e alguns cargos de “Adjuntos”. Rômulo sequer pode indicar o Secretário de Interiorização, cuja sede é Campina Grande. Mesmo assim, defendeu o Governo que compõe, em todos os recantos do Estado. Tinha motivos inquestionáveis para romper. Todavia, não o fez. Provavelmente preservando o Senador Cássio Cunha Lima, que obviamente foi quem o levou para se aproximar do PSB. Após três anos e dois meses como “amigo do Rei”, e avalizando seus atos, o Senador Cássio agora quer romper… Qual seria o discurso de Rômulo? O de Cássio, a “desculpa” é o Diretório Nacional do PSDB: exige sua candidatura, para ter um palanque na Paraíba. E Rômulo? Não é do PSDB. E se o fosse, a vaga de Senador seria de Cícero Lucena. A Vice não poderia ser de Campina Grande. Pedro filho de Cássio é candidato a Deputado Federal. Para Rômulo, “sobraria” o que? A “lua”? Como bem colocou Mussolini, quando foi celebrado o pacto de não agressão entre Hitler e Stalin. Invadiram a Polônia e outros países vizinhos, e os dividiram entre si. Indagaram Mussolini: o que “sobrará” para Itália (a outra ponta do “eixo” Roma/Berlim). Mussolini respondeu: “acho que a lua… Ainda está inalcançável”.

MaisPB 

Leia Também

MaisTV

Podcast +Fut: entrevista com treinador do Sousa e início de trabalho de Evaristo Piza

Podcast da Rede Mais - 23/04/2024

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas