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Aluno desmaia de fome em escola pública

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publicado em 17/11/2017 às 16h47
atualizado em 17/11/2017 às 15h52
Foto: Reprodução/ TV Globo

Um menino de oito anos desmaiou de fome em uma sala de aula do Distrito Federal. A escola atende crianças que moram longe e levam duas horas para chegar. Muitas, sem almoço.

Eles vão de ônibus, que faz várias paradas pelo caminho. Para entrar no horário, às 13h, saem de casa por volta das 11 horas da manhã e percorrem 30 quilômetros. Já chegam para aula com fome.

“Quando eles chegam na escola, você olha para eles e já vê. Eles estão apáticos, não participam. Como é que você exige de um aluno desse? Que ele esteja disposto a participar, render tudo o que deveria render?”, diz a professora Fabiane Rios.

A escola oferece apenas um lanche para os alunos da tarde, como suco e biscoito. Não dá almoço porque não é de período integral.

“A gente chamou o Samu e quando chegou, o Samu fez o atendimento e viu que era fome. Até o rapaz chorou e a gente se sentiu completamente impotente. Como uma criança desmaia de fome?”, pergunta a professora.

Jeane de Amorim tem quatro filhos, está desempregada e conta com a ajuda da escola para alimentar as crianças. “Quando tem arroz com feijão, alguma mistura, eu ponho para eles, mas quando não tem, eles vêm com fome porque eu confio que a escola tem o lanche. É difícil”.

A alimentação faz a diferença no desempenho na sala de aula. Uma resolução do Ministério da Educação determina que o cardápio escolar deve suprir, no mínimo, 20% das necessidades nutricionais diárias para os alunos matriculados em período parcial. O que os especialistas dizem é que na faixa dos dois aos sete anos, isso é ainda mais importante por causa da formação do sistema nervoso.

A deficiência nutricional, segundo a Unesco, pode comprometer não só o presente, mas o futuro do aprendizado.

“A criança pode ter um grande potencial de aprendizagem, no entanto, a desnutrição é um fator externo, que vai causar problemas no desenvolvimento do seu sistema nervoso central e o potencial vai ficar, vamos dizer assim, estagnado. Não vai desenvolver da forma como poderia desenvolver”, explica Rebeca Otero, coordenadora de Educação da Unesco/Brasil.

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal afirma que escalou uma equipe de nutricionistas para verificar a estrutura da escola e a possibilidade de oferecer almoço para os estudantes.

Jornal Hoje 

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