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FORA DA COPA

Vexame da Itália passa por escolhas infelizes

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publicado em 14/11/2017 às 08h28
atualizado em 14/11/2017 às 05h30

A Itália não ficava fora de uma Copa do Mundo desde 1958, mas foi a primeira vez na história em que o fracasso foi comandado por um único treinador. Se há 59 anos a seleção era dirigida por um comitê coletivo, desta vez as escolhas erradas que ajudam a explicar o fiasco estão concentradas na figura de Gian Piero Ventura.

O treinador de 69 anos foi uma escolha inusitada da federação italiana para substituir o consagrado Antonio Conte no ano passado, quando o treinador deixou a seleção após uma boa participação na Eurocopa de 2016 para ir para o Chelsea. Ventura estava há cinco anos no Torino e tinha um currículo formado essencialmente por passagens em clubes médios, como Sampdoria, Udinese e Verona.

Desde que assumiu o cargo, Ventura manteve a base das convocações de Conte, mas passou longe de fazer a equipe repetir o nível de desempenho que tinha com o antigo treinador. Com praticamente as mesmas peças, insistiu em ideias que não renderam resultado e, nos jogos decisivos da repescagem contra a Suécia, tomou decisões que beiraram o inexplicável.

A ideia fixa de Ventura em usar um 4-2-4 na seleção italiana, sistema que vinha funcionando em seu Torino, foi um dos pontos mais criticados na imprensa do país. O desenho não conseguia tirar o melhor dos dois jogadores ofensivos mais talentosos do time, o meio-campista Verratti, do PSG, e o ponta Insigne, do Napoli.

Com apenas dois meio-campistas centrais, dois pontas e dois atacantes enfiados, Verratti não tinha jogadores próximos de si para tabelar e fazer o jogo fluir como costuma fazer no clube. Já Insigne, em fase espetacular no Napoli, era obrigado a voltar para marcar pela beirada e aparecia pouco na frente. Em seus clubes, os dois jogadores atuam em um 4-3-3.

Pressionado por parte do próprio elenco, Ventura resolveu mexer no esquema para a repescagem contra a Suécia e resgatou os três zagueiros de Conte em um 3-5-2. Mas isso piorou ainda mais a situação de Insigne, que se viu relegado ao banco de reservas em um esquema sem pontas de ofício. O melhor jogador italiano, incrivelmente, nem sequer entrou em campo no segundo jogo contra os suecos.

Verratti, suspenso do jogo decisivo contra a Suécia, e Insigne foram os casos mais óbvios, mas outros jogadores também foram mal utilizados. Immobile e El Shaarawy, atacantes de velocidade, foram escalados contra uma Suécia que marcou totalmente recuada, sem fornecer o espaço atrás da defesa de que os dois precisam para jogar bem.

Na defesa, houve a insistência com Barzagli, 36 anos e em má fase na Juventus, em vez de zagueiros jovens e em bom momento, como Romagnoli, do Milan, e até Rugani, que vem tomando o espaço do veterano na própria Juve. Além da demora para convocar o ítalo-brasileiro Jorginho, que, apesar da eliminação, foi o único atleta criativo da Itália contra a Suécia.

Para piorar, suas escolhas de substituições também foram questionadas. Foi assim que um vídeo tomou conta da web com uma bronca dada por De Rossi em um membro da comissão técnica após Ventura pedir para o volante se aquecer. Afinal, como disse o atleta da Roma, a Itália não precisava empatar, tinha de vencer.

Se é verdade que a geração atual de jogadores italianos pode não ter a mesma qualidade individual do time campeão mundial de 2006, que tinha Totti e Pirlo como pilares ofensivos, também é impossível negar o impacto negativo do trabalho de Ventura no desempenho do time.

Com Conte, o time liderou um grupo forte na Euro, despachou a Espanha e só caiu para a campeã mundial Alemanha nas oitavas; nas Eliminatórias, com Ventura, fez jogos fracos contra nanicos como Macedônia e Israel e foi incapaz de fazer um gol na Suécia em 180 minutos. Melhor para os suecos, que, mesmo com ainda menos talento que os italianos, souberam usar o que têm de melhor e estarão na Rússia em 2018.

Uol

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