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atirou em colegas

MP recomenda internação provisória de aluno

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publicado em 21/10/2017 às 19h16
atualizado em 21/10/2017 às 16h55
(Foto: Sílvio Túlio/ G1)

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) recomendou a internação provisória, por 45 dias, do aluno de 14 anos que abriu fogo dentro do Colégio Goyases, em Goiânia. Dois estudantes morreram e quatro foram baleados. Segundo o promotor de Justiça Cássio Sousa Lima, que ouviu o menino na tarde deste sábado (21), na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), a medida tem como intuito proteger o adolescente.

“Eu tomei a medida de representar pela internação provisória dele por 45 dias até que termine o processo. Essa medida deve ser retocada de certos cuidados em virtude de ser filho de policiais militares para não colocar no meio de elementos perigosos que possam causar algumas represálias”, disse o promotor à TV Anhanguera.

O promotor também acredita que o menor tenha planejado o crime e que efetuou os disparos porque era alvo de bullying no colégio . “Eu conversei com ele e ele falou que vinha sofrendo esse tipo de bullying e queria dar uma certa represália nos colegas dele”, disse.

Lima destacou que o adolescente demonstrou arrependimento. A ele, o estudante contou como encontrou a arma, que pertence a sua mãe. “A arma estava bem escondida com chaves, gavetas trancadas, e ele vasculhou a casa até encontrar. Ele encontrou a chave e teve acesso a essa arma”, afirmou.

Adolescente que efetuou disparos está apreendido na Depai (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Adolescente que efetuou disparos está apreendido na Depai (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

Adolescente que efetuou disparos está apreendido na Depai (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

O menor está uma cela separada, equipada com colchão, e que acomoda até quatro pessoas.

O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (20), no Conjunto Riviera. Além das mortes de João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 13 anos, outros quatros alunos, da mesma sala, foram baleados e estão internados.

O que se sabe até agora:

Veja a sequência dos fatos:

  • Colegas relatam que ouviram um barulho
  • Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando
  • Alunos correram para fora da sala de aula
  • O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma
  • Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais

Promotor ouve menor que matou colegas em escola; ele está apreendido em delegacia (Foto: Honório Jacometo/TV Anhanguera)Promotor ouve menor que matou colegas em escola; ele está apreendido em delegacia (Foto: Honório Jacometo/TV Anhanguera)

Promotor ouve menor que matou colegas em escola; ele está apreendido em delegacia (Foto: Honório Jacometo/TV Anhanguera)

Bullying

O coronel da Polícia Militar Anésio Barbosa da Cruz informou que o autor dos disparos era alvo de chacotas de colegas. “Ele estaria sofrendo bullying, se revoltou contra isso, pegou a arma em casa e efetuou os disparos”, disse.

Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.

“Ele sofria bullying, o pessoal chamava ele de fedorento, pois não usa desodorante. No intervalo da aula, ele sacou a arma da mochila e começou a atirar. Ele não escolheu alvo. Aí todo mundo saiu correndo”, relatou o estudante.

Segundo a Polícia Civil, o garoto contou que se inspirou nos massacres de Realengo, no Rio de Janeiro, e de Columbine, nos Estados Unidos.

Tiroteio em escola de Goiânia com idades de feridos (Foto: Arte/G1)Tiroteio em escola de Goiânia com idades de feridos (Foto: Arte/G1)

Tiroteio em escola de Goiânia com idades de feridos (Foto: Arte/G1)

Enterros

Os corpos de João Pedro e João Vitor, mortos no atentado, foram enterrados neste sábado (21), em cemitérios de Goiânia.

O primeiro a ser enterrado foi João Pedro. O sepultamento ocorreu às 10h45 no cemitério Parque Memorial. Durante a cerimônia, a família fez orações e, por volta 9h, celebrou um culto em homenagem ao adolescente.

Durante o velório de João Pedro, o pai dele, o publicitário Luciano Marcatti Calembo disse que perdoa, e espera que a sociedade também perdoe o adolescente que tirou a vida do filho dele e do colega de sala, João Vitor. O publicitário Luciano Marcatti Calembo pediu que todos os pais “cuidem de seus filhos”.

“Falo como pai do João Pedro, de uma criança que perdeu a vida. Eu espero que toda a sociedade e os pais dele e os outros pais o perdoem. Temos que perdoá-lo”, disse, emocionado.

Já o corpo de João Vitor foi enterrado no Cemitério Jardim das Palmeiras, por volta das 11h20. Segundo colegas da vítima, ele e o atirador eram amigos e andavam juntos com frequência.

Mãe de João Vitor Gomes chora ao enterrar o corpo do filho, em Goiânia (Foto: Danila Bernardes/ TV Anhanguera)Mãe de João Vitor Gomes chora ao enterrar o corpo do filho, em Goiânia (Foto: Danila Bernardes/ TV Anhanguera)

Mãe de João Vitor Gomes chora ao enterrar o corpo do filho, em Goiânia (Foto: Danila Bernardes/ TV Anhanguera)

Feridos

Três alunos que ficaram feridos estão internados no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Outra menina baleada foi levada ao Hospital de Acidentados.

  • Yago Marques – 13 anos – Foi atingido no tórax com menor gravidade e não precisou passar por cirurgia. Ele respira normalmente, está acordado, conversando e internado na enfermaria.
  • Isadora de Morais – 14 anos – Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão, passou por uma cirurgia para drenagem do tórax e está em estado grave, na UTI e respirando com ajuda de aparelhos. Ela está sedada e ainda corre risco de vida.
  • Lara Fleury Borges – 14 anos – Está internada na enfermaria do Hospital dos Acidentados em estado estável e repirando espontaneamente.
  • Marcela Rocha Macedo – 13 anos – Ela também foi baleada no tórax, teve o pulmão esquerdo perfurado, passou por cirurgia e foi transferida para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para melhor observação. A paciente está consciente e respirando sem ajuda de aparelhos.

G1

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