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‘Vozes Passageiras’

Projeto para detentas promove ressocialização

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publicado em 19/10/2017 às 08h56
atualizado em 19/10/2017 às 05h57

O Projeto ‘Vozes Passageiras’, desenvolvido pelo Conselho da Comunidade da Comarca de João Pessoa, em parceria com o Poder Judiciário paraibano, iniciou, na tarde desta quarta-feira (18), uma nova atividade de ressocialização com as reeducandas do presídio feminino Maria Júlia Maranhão.

As mulheres reclusas na unidade poderão, agora, participar de um curso de música. No evento, foram entregues os instrumentos e aconteceu uma aula inaugural, com o professor e maestro Alberto Tavares.

O juiz Carlos Neves, titular da Vara de Execução Penal da Capital (VEP) e membro do Conselho da Comunidade, prestigiou o evento de inauguração do curso e também demonstrou grande satisfação em relação ao projeto.

“Eu fico muito feliz, porque é um projeto ressocializador e busca criar um ambiente de transformação dentro da unidade penitenciária. E o Conselho da Comunidade está nesse esforço concentrado para trazer um pouco de esperança. Temos recebido o apoio do corpo diretivo da penitenciária e, sobretudo, das reeducandas, que têm dado uma resposta positiva ao projeto”, avaliou o magistrado.

Segundo a juíza auxiliar da VEP, Andréa Arcoverde, essa resposta já pôde ser notada pela direção do presídio. “A direção já relata que há mudança de comportamento entre as apenadas, e flui um clima de harmonia quando elas estão engajadas em projetos sociais”.

A magistrada acrescentou, ainda, que o objetivo dessa nova fase é evoluir e agregar uma banda musical completa ao Coral Vozes Passageiras, formado por algumas das reeducandas do Júlia Maranhão, regido pelo maestro Daniel Berg.

As integrantes do coral, e mais oito mulheres, foram selecionadas para serem alunas do novo curso. A diretora do presídio, Mirtes Daniele, explicou como ocorreu o processo de seleção:

“Nós questionamos as que teriam interesse em participar, depois foi feita uma triagem relacionada ao bom comportamento e, também, priorizamos as que tinham sentenças com penas mais altas, pra que elas pudessem se beneficiar com a remição”.

Mirtes acredita que um dos benefícios do curso é permitir que as apenadas saiam da situação de cárcere, levando alguma coisa boa de sua passagem ali, e crê em bons resultados.

“Eu espero muitas revelações. Às vezes, as pessoas de fora não acreditam no potencial de quem está preso, mas a gente sempre tem boas surpresas. Então as expectativas são as melhores”, afirmou a diretora.

Parceria

O projeto é viabilizado por uma parceira com o Juizado Especial Criminal da Capital (Jecrim), que já apoia, também, o Projeto ‘Castelo de Bonecas’, desenvolvido no mesmo presídio. O juiz do Jecrim, Hermance Gomes, entende que toda iniciativa que vise ajudar na reinserção social deve ser estimulada.

“Primeiramente, a atividade vai combater a ociosidade das apenadas. E, em termos de ressocialização, o curso oferece uma opção a mais para quando elas cumprirem a sentença. O leque de opções no mercado de trabalho é muito estreito para quem já esteve preso. Então, talvez, dominando instrumentos musicais, a gente acrescente um pouquinho de esperança a essas pessoas”, afirmou o juiz.

O juiz Hermance Gomes afirmou que a ideia desse projeto surgiu no início de setembro, durante a abertura de uma exposição do ‘Castelo de Bonecas’, na intenção de ampliar o coral. “Nós sabemos que existem, em diversos presídios do Brasil, conjuntos musicais. Normalmente, são de apenados que já tocavam antes e apenas se juntaram para formar o conjunto. Eu creio que formar o musicista, através de aulas de música, como nós estamos propondo aqui, é a primeira experiência”, acrescentou.

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