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ROCINHA

Traficantes fogem com medo de serem mortos

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publicado em 21/09/2017 às 08h48
atualizado em 21/09/2017 às 08h04

Acuado e sem apoio da facção, o bando de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, alvo dos traficantes que invadiram a Rocinha no último domingo, começou a se desmantelar. Temendo serem presos e mortos na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho, Bangu 4 — dominada pela Amigos dos Amigos (ADA), facção a qual Rogério pertencia —, alguns bandidos já saíram da parte alta da favela e buscaram refúgio em outras localidades dominadas pela ADA, como o Morro de São Carlos, na Região Central do Rio.

Uma gravação obtida pela polícia mostra a apreensão de bandidos ligados a Rogério. “Os caras do Bangu 4 falaram que, quem rodar, vão passar o cerol”, diz um homem pelo rádio.

Segundo agentes da Polícia Civil que investigam a Rocinha, Rogério 157 segue na área de mata atrás da favela. Bandidos que seguem leais ao chefão passaram a revistar moradores em busca de mensagens de celular que possam revelar quem delata o tráfico.

Desde o final da semana passada, traficantes ligados a Rogério passaram a expulsar pessoas que mantém alguma relação com Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefão da Rocinha preso atualmente numa penitenciária federal em Porto Velho, Rondônia. Nenhuma chegou a procurar a polícia para denunciar o bando.

As expulsões de parentes de Nem teriam sido, segundo policiais civis, a gota d’água para a invasão. Rogério, dias antes, havia se recusado a obedecer a uma determinação de Nem: ele deveria entregar o controle da favela.

O chefão deu um ultimato a seu ex-discípulo após seu amigo e braço direito Ítalo Jesus Campos, o Perninha, ter sido encontrado morto, dentro de um Toyota Etios, num dos acessos à Rocinha, no último dia 13 de agosto. Segundo a investigação da Delegacia de Homicídios, Rogério foi o mandante do crime: ele temia que Perninha tomasse a favela a mando de Nem.

No último dia 28, a Justiça decretou a prisão temporária do traficante pelo crime. Ele está foragido, e o Disque-Denúncia oferece R$ 30 mil por informações que levem à sua captura.

A Polícia Civil já sabe que participaram da invasão traficantes do São Carlos e da Vila Vintém, na Zona Oeste — ambas dominadas pela ADA. O bando teria se reunido no São Carlos com traficantes expulsos da Rocinha e saído em comboio até a favela de São Conrado.

Já na Rocinha, o grupo teria desembarcado na Autoestrada Lagoa-Barra e roubado carros de moradores para chegar à parte alta. A decisão de invadir a favela teria sido tomada na última sexta-feira. Na ocasião, o movimento de advogados de chefes da facção no Presídio Jonas Lopes de Carvalho, unidade do Complexo de Gericinó que abriga os detentos da quadrilha, impressionou agentes penitenciários.

A quadrilha de Rogério não conta com apoio de grande parte dos moradores da favela. Um dos motivos é a exploração, por parte da quadrilha do traficante, da venda de gás na Rocinha. Informações que chegaram ao Ministério Público dão conta de que, há cerca de um mês — período que coincide com o assassinato de Perninha —, o preço do gás passou de R$ 70 a R$ 90 na parte baixa da favela e a quase R$ 100 no alto da Rocinha. Aos moradores, bandidos ligados a Rogério punham a culpa do aumento em Nem: parentes do bandido estariam pedindo mais dinheiro a Rogério.

Agentes que investigam a Rocinha acreditam que o bandido usou o caso para tentar trazer os moradores para seu lado na disputa.

Desde que assumiu o controle da favela, em 2013, Rogério ignora a existência da UPP no local. Sua quadrilha, inclusive, criou uma solução ousada para monitorar a movimentação dos policiais: instalou câmeras dentro de caixas de plástico pretas em diversos locais da Rocinha e do Vidigal.

Os bandidos acompanham a movimentação de policiais nas duas favelas dominadas pela facção numa central de monitoramento via internet. Em maio, sete câmeras foram apreendidas dentro de caixas plásticas pretas nas duas favelas. Uma delas foi colocada na frente da base da UPP da Chácara do Céu, no Vidigal.

As apreensões de todas as câmeras aconteceram no mesmo dia, 24 de maio, e foram feitas por agentes das UPPs das duas favelas. Na Rocinha, a câmera está próxima a uma agência dos Correios. Na 11ª DP (Rocinha), os agentes que fizeram a apreensão afirmaram que tinham “informações de que o tráfico tem utilizado de câmeras para controle de policiais”. Já sobre a apreensão no Vidigal, os PMs afirmaram na 15ª DP (Gávea) que receberam a informação de que “suas atividades estariam sendo monitorados por câmeras escondidas”.

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