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Formado em Psicologia e Especialista em Psicopatologia Psicanalítica Contemporânea pela Universidade Federal da Paraíba. Exerceu o mandato de Vereador em João Pessoa por duas legislaturas, ex-secretário de Transparência Pública da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Vander Lee e Luiz Melodia: um novo encontro

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publicado em 05/08/2017 às 20h01

Há um ano recebemos a triste notícia da partida de um grande talento da MPB, o mineiro Vander Lee, dono de uma voz inconfundível e de composições sublimes. Ao longo de 20 anos de carreira, o artista teve várias de suas canções e parcerias gravadas por grandes e renomados nomes da nossa música, como Gal Costa, Maria Bethânia, Elza Soares, Rita Ribeiro, Zeca Baleiro e outros.

Um ano depois da morte de Vander Lee, que invertendo uma das suas composições, viveu poeta e morreu menino, três meses depois de Belchior sair de vez do nosso caminho, quem deixa a MPB mais aguda e com menos brilho é Luiz Melodia, que eternizou sucessos como Pérola Negra e marcou história nas páginas da nossa música. Nascido no morro do Estácio, recebendo influências musicais do samba e outros estilos, Melodia afina um estilo peculiar que parece moldar perfeitamente à sua forte presença vocal.

Além de parceiros musicais, Vander Lee e Luiz Melodia compartilharam projetos artísticos e acumularam participações especiais, a exemplo do show de lançamento do CD “No Balanço do Balaio” que o mineiro realizou no ano 2000, com a participação de Luiz Melodia. A parceria se repetiu no mesmo ano com o projeto “Vander Lee convida Luiz Melodia”, realizado no SESC do RJ como parte do projeto “Novo Canto”.

Depois de um ano de sua morte, amigos, fãs e familiares ainda tentam de forma hercúlea lançar o DVD póstumo de comemoração dos 20 anos de carreira do músico Vander Lee, gravado um mês antes da sua morte. Antes da sua gravação, o artista já havia lançado uma campanha colaborativa na internet que foi continuada e reforçada posteriormente. A última previsão de lançamento é para novembro deste ano.

Nos resta literalmente fazer o que Cazuza nos ensinou e transformar o tédio em Melodia… E torcer que a morte, cantada por Raul, tenha se vestido com a mais bela roupa, talvez de cetim e revelado através dela, o segredo dessa vida.

Afinal, será que nos interessa elaborar o luto, o desligamento de nós mortais, àqueles que se foram? O artista e sua obra se confundem e talvez este seja o momento em que os dois se diferenciem, por mais que queiramos que se distanciem. A obra se eterniza e ganha substância e até mesmo um tempero de resistência, em tempos sombrios e de estrangulamento cultural, onde a segregação e a intolerância parecem ganhar corpo, palco, cena…

E pra falar a verdade, talvez seja melhor que nossos ídolos continuem sendo os mesmos….

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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