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Odilon Fernandes – advogado, escritor, professor e procurador federal aposentado.

Políticos, simplicidade, exageros e ostentações

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publicado em 14/05/2017 às 08h34

Recentemente tivemos na Presidência do Uruguai Pepe Mujica, um exemplo, que até pode ser considerado radical, de simplicidade, sobriedade e discrição. Mujica foi considerado Presidente mais simples do mundo. Antes de ingressar na política vivia numa modesta casa em uma granja de sua propriedade e tinha como único meio de transporte um fusquinha avaliado em U$ 1.000,00 (hum mil dólares).

Pepe não se autopromoveu usando o cargo depois de eleito Presidente da República. Seus hábitos não mudaram, continuou morando na sua granja e a usar, quando em casa, o mesmo fusquinha que sempre usou. Era avesso a ostentação, zelava pelo erário público com exemplos que dava de austeridade e preocupação com o bem comum. Não perseguia holofotes e era rigoroso, parcimonioso nos gastos com a mídia, nunca utilizando recursos públicos para faze propaganda da sua administração, de produtos estatais e de uso compulsório da população. Não tinha qualquer frota de aviões a sua disposição.

Na sua gestão o carro oficial da presidência era um Corsa Sedan da Chevrolet. Não admitia dispêndios exagerados com mordomias. Preocupava-se como o dinheiro do estado e poupava. Vestia-se modestamente e acreditem: não passou a usar alisadores e fixadores para os cabelos. A maioria das suas viagens era de aviões de carreira.

O que narramos acima distancia-se estratosfericamente do perfil dos políticos brasileiros, estes, na maioria, cultuam o poder político e econômico como maior objetivo de suas vidas, acima da família, da ética, da moral e do próprio Deus. Nossos políticos destacam-se, isto em grande parte, pelo apego a ostentação, as mordomias perseguem o holofotes de tal forma que sem a mídia, perdendo espaço nesta, são capazes até de se deprimirem e se essa mídia deixasse de dispensar-lhes espaços generosos muitos se desmotivariam.

Quase todos os nossos políticos buscam a oportunidade de andar de jatinho ou em aviões de carreira pagos pelo estado até mesmo quando movidos por interesses particulares. Para a maioria é extremamente relevante o carro oficial com motorista, agregar os seus salários penduricalhos mascarados de verbas indenizatórias e que para os trabalhadores constituem-se em salários indiretos e que segundo a própria lei constituem-se integralmente como salários. Quase todos defendem antes de tudo seus interesses pessoais. Quanto mais são notados em todos os ambientes como destaques mais se realizam.

Diferentemente dos seres comuns para eles evidencias ostensivas ao serem acusados de delitos, as evidências por maiores que sejam não são provas, contrariando a expressa disposição legal, não são sequer indícios. Procuram demonstrar que ignoram o modesto modo de vida de homens públicos de outros países em que os políticos também vivem modestamente, sem enriquecerem e sem regalias exageradas na atividade pública.

Na verdade há outras autoridades em nosso meio que se comportam de forma semelhante, mesmo que em menores proporções, há Juízes que frequentemente julgam fora dos autos, delegados e procuradores que como eles fazem extravagâncias para estarem na mídia. Apesar de tudo isto, aos 70 anos nunca vi uma autoridade brasileira pedir desculpas ao nosso povo por envolvimento com um ato reprovável.

Claro que há muitos dando bons exemplos, com postura e propósitos nobres, mas de tudo isto precisamos de representantes que se comportem de uma forma mais modesta, mais simplicidade, mais austeridade e respeito pelo povo pelo exercício de suas atividades políticas. Precisamos de grande transparência em todos os seguimentos que envolvam interesse e respeito pelo povo.

Entendemos que já chegou a hora de mudança radical na vida pública brasileira e temos a esperança de que veremos essas mudanças ocorrerem e que vivamos melhores dias em nosso país.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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