João Pessoa, 26 de março de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
fraudes online

Crimes virtuais crescem mais de 220% em JP

Comentários: 0
publicado em 26/03/2017 às 13h26
atualizado em 27/03/2017 às 06h33

Os crimes virtuais cresceram cerca de 226% na capital paraibana, quando comparados o período entre 2014 e 2016. Os dados são da Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa e mostram uma realidade nada agradável: além da insegurança nas ruas, é preciso ficar atento aos crescentes roubos digitais.

Em 2014, a capital paraibana registrava 54 ocorrências deste tipo, passando para 94 no ano seguinte e chegando a 183 em 2016. O titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações, Lucas Sá, disse que esse tipo de crime cresce porque as quadrilhas atuam de formas variadas e cambiantes.

“Existem muitas modalidades de golpes e quase todo mês percebemos novas técnicas sendo criadas. As mais comuns são os anúncios falsos, onde a vítima compra um produto que não existe, e o hackeamento de dados, quando se rouba os dados bancários do consumidor”, explica o delegado.

Ambas, destaca Lucas Sá, aproveitam-se da inocência ou falta de atenção do usuário que busca comprar online. “Muita gente entra em um site de compras, pega o contato do vendedor e negocia direto com ele. Fazem depósito ou pagam um boleto, aproveitando uma promoção, quando na verdade não há produto a ser comprado. Por isso é importante verificar o CNPJ da empresa, tentar falar com o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), verificar a credibilidade do vendedor”.

Em páginas de compra onde há vendedores variados, como Mercado Livre e OLX, por exemplo, é possível verificar a reputação dos vendedores. Muitas páginas também oferecem mecanismos mais seguros de compra, como o PagSeguro, que só libera o valor negociado quando o consumidor indica que o produto foi recebido conforme o combinado.

Exemplo do espaço de qualificação do vendedor no Mercado Livre

Outra problemática que fomenta as fraudes online é a rápida disseminação das informações típica dos dias de hoje. Muita gente tem compartilhado links maliciosos, os chamados malwares, sem nem perceber que estão, na verdade, transmitindo vírus.

“Muita gente clica em um link que não conhece, abre emails desconhecidos e acabam tendo seus dados roubados. Há também aqueles que, sem querer, acabam enviado os links para colegas do Whatsapp ou Facebook. Acreditam nos links que recebem e acabam os disseminando. Por isso é sempre preciso desconfiar do que recebe e nunca clicar em links desconhecidos”, destaca o delegado de Defraudações e Falsificações, Lucas Sá.

Não só os consumidores são prejudicados por esses esquemas. Empresas também têm sido cada vez mais afetadas pelos crimes online. “Muitos hackers têm invadido o sistema das empresas, como academias de ginástica e escritórios. Só no último mês registramos 10 casos em João Pessoa. Os invasores bloqueiam dados da empresa e dizem que só liberam o servidor quando receberem certa quantia em dinheiro. Muita gente paga, mas dificilmente recebem os dados de volta. Perdem o dinheiro e os dados”, disse o delegado.

Nestes casos, o titular de Defraudações orienta que os empresários não respondam tais chantagens e tomem medidas de precaução.

“É preciso investir em segurança, fazer backup das informações da empresa. Muitas fazem em HD externo e deixam conectados ao servidor, o que não adianta de nada, já que assim pode ser invadido. O mais seguro é salvar esses dados na nuvem” – destaca Lucas Sá

Denúncias podem acelerar investigações

Além de crescentes, os crimes virtuais são muito difíceis de serem investigados. Isto porque muitas vezes a Polícia Civil encontra obstáculos legais para iniciar a resolução dos crimes. “Toda informação virtual é protegida pelo sigilo telemático. Às vezes a polícia não consegue investigar porque a legislação determina que qualquer informação só seja liberada com autorização judicial. E isso leva meses e até anos. Uma fraude que poderia ser descoberta naquele momento acaba por demorar meses”, disse Lucas Sá.

Por isso, destaca o delegado de Defraudações e Falsificações, quem é lesado deve registrar as ocorrências. “Precisamos das denúncias porque elas podem ajudar a justiça a ter mais celeridade na liberação dessas informações. Se chega uma única pessoa vítima de fraude será mais difícil os dados serem divulgados. Mas se muitas pessoas denunciam, há maior chance da justiça liberar o acesso aos dados, porque mostra a gravidade do problema”, disse Lucas Sá.

Dicas para não cair em golpes:

Comprar em sites e páginas de vendas nem sempre é fácil, uma vez que várias condicionantes devem ser analisadas antes da efetivação das transações. Pensando nisso, o Portal MaisPB separou algumas dicas que todo consumidor virtual deve  levar em consideração antes de negociar online.

Em primeiro lugar, você precisa conhecer os certificados digitais e os selos de segurança usados no e-commerce. Eles servem para identificar que aquela página passou por uma análise realizada por determinada certificadora digital e apresenta menos riscos a quem compra. Alguns destes selos são: Internet Segura, Site Blindado, SSL Blindado, Certisign, entre outros. As imagens dos certificados (veja imagem abaixo) geralmente são encontradas no rodapé ou topo dos sites.

Outra forma de identificar a segurança de uma página é analisando sua reputação. O Ebit (https://www.ebit.com.br/) é uma empresa especializada em classificar a relação entre consumidores e empresas de compras online. As informações utilizadas para a qualificação das lojas são coletadas e calculadas por meio de pesquisas de satisfação de compra e de pós-venda das lojas conveniadas à Ebit. Os consumidores avaliam cada um dos 10 quesitos sobre a empresa com notas de 1 a 5.

Após a nota, dada pelos clientes ao finalizar a compra e receber o produto, a loja virtual recebe “medalhas” que classificam sua reputação. Elas podem ser: “Diamante“, quando 85% dos clientes dizem que voltariam a comprar naquela loja; “Ouro“, quando 80% dos clientes dizem que voltariam a comprar naquela loja;”Prata“, quando 75% dos clientes dizem que voltariam a comprar naquela loja; “Bronze“, quando 70% dos clientes dizem que voltariam a comprar naquela loja.

O delegado de Defraudações e Falsificações, Lucas Sá, reforça que atenção e cuidado são as principais armas para não cair nesse tipo de armadilha. “É importante verificar a estrutura do site e as respostas que ele dá ao cliente. Quando você compra em sites seguros, todo movimentação da compra, da escolha dos produtos até a geração do boleto, é enviado ao seu email. No site falso você finaliza o pedido, emite o boleto e não recebe resposta”.

Lucas Sá defende ainda que às vezes é mais importante investir em plataformas que a maioria das pessoas já conhecem. “Muitos desses sites falsos são novos, abertos há pouco tempo. Abrem e fecham em dois meses, quando as primeiras compras começam a serem pagas. Por mais que se tenha a ideia de uma aparente economia, é mais aconselhável comprar em sites mais antigos e confiáveis”.

Beto Pessoa – MaisPB

Leia Também