João Pessoa, 29 de novembro de 2016 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A realidade de quem joga futebol profissionalmente é muito mais dura e menos glamourosa do que parece. A Fifpro, sindicado mundial de jogadores, fez pela primeira vez uma espécie de censo da categoria: uma pesquisa que ouviu quase 14 mil jogadores, que atuam em 87 ligas de 54 países – o que significa 21% dos atletas filiados ao sindicado.
Os resultados da pesquisa, apresentados em primeira mão pelo GloboEsporte.com no Brasil mostram um retrato diferente: jogadores mal pagos, com contratos precários, que sofrem constantemente com atraso de salário, assédio e ameaças. As estrelas, claro, são exceção.
Apesar de ser a maior pesquisa do gênero já realizada, há limitações. Países que representam mercados importantes como Alemanha, Inglaterra, Holanda, Alemanha e México não participaram, por não serem filiados à Fifpro. Outros – como a Espanha – enviaram um número baixo de respostas, e por isso não foram computados.
CONTRATOS
De acordo com a Fifpro, 8% dos jogadores não têm um contrato formal. Isso é mais comum na África (15%) do que nas Américas (8%). E é raro na Europa (3%). A situação chega ao extremo em países como o Congo, onde 89% dos jogadores não têm um contrato. Na América do Sul, quem lidera tal estatística é o Peru (20%). No Brasil, tal situação praticamente inexiste.
Entre os jogadores que são contratados formalmente, um número significativo não tem cópia do próprio contrato. “Só” 77,7% mantém consigo uma cópia do contrato, enquanto 6,6% deixam isso com seus agentes e outros 15,7% não tem cópia nenhuma.
O Brasil está em sexto lugar neste quesito – com “preocupantes” (o termo é da Fifpro) 47% dos jogadores sem cópia dos próprios contratos. O Brasil só está atrás de Camarões, Gabão, Costa do Marfim, Guatemala e Namíbia.
SALÁRIOS
Em 2015, o mercado de transferências de jogadores movimentou US$ 4,1 bilhões – e o número está aumentando.
– Em nenhum outro mercado os empregados têm tanta influência sobre os futuros movimentos dos seus empregadores. Os jogadores de elite são excepcionalmente bem remunerados, o que leva a críticas de fãs contra o aumento de preço dos ingressos ou das assinaturas de TV – diz o relatório.
Para não melindrar os jogadores que responderam ao questionário, a Fifpro não perguntou exatamente quanto eles ganhavam, mas em que faixa seu salário se encaixaria. E a resposta foi esta, em dólares por mês: cerca de 60% ganha até US$ 2.000 (R$ 6.800) mensais.
É provável que essa média tenha sido puxada para baixo pela ausência de três dos principais mercados da bola – Inglaterra, Alemanha e Espanha. Em Gana, por exemplo, 100% dos jogadores ganham menos de US$ 1 mil por mês. No Brasil, esse número chega a 83,3%. Os países que apresentam o menor número de “jogadores mal pagos”, por assim dizer, são Itália (2,3%) e França (2,7%).
A duração média dos contratos é de 22 meses. O que, segundo a Fifpro, deixa a maioria dos jogadores em situação vulnerável. O Brasil aparece como um exemplo negativo: é o país com a menor duração média dos contratos: 11 meses.
A Fifpro perguntou aos jogadores: “Quão seguro você se sente com sua situação no clube atual e no futebol profissional em geral”. As alternativas iam de 1 (muito inseguro) a 5 (muito seguro). A média geral foi 3,58. O Brasil ficou no meio, com média 3. Os países mais seguros foram os escandinavos Suécia, Dinamarca, Islândia e Noruega. Na outra ponta estão os africanos: Marrocos, Gabão, Tunísia e Camarões.
G1
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