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Operação Calicute

Moro cita ‘ruína das contas públicas’ do Rio de Janeiro ao mandar prender Cabral

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publicado em 17/11/2016 às 15h49
atualizado em 17/11/2016 às 12h50

O juiz Sérgio Moro citou a atual situação de crise financeira do Estado do Rio de Janeiro para justificar a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, ocorrida nesta quinta-feira (17). Moro afirmou que seria uma afronta deixar que os investigados continuassem usufruindo dos recursos das supostas propinas.

“Essa necessidade [da prisão] faz-se ainda mais presente diante da notória situação de ruína das contas públicas do Governo do Rio de Janeiro. Constituiria afronta permitir que os investigados persistissem fruindo em liberdade do produto milionário de seus crimes, inclusive com aquisição, mediante condutas de ocultação e dissimulação, de novo patrimônio, parte em bens de luxo, enquanto, por conta da gestão governamental aparentemente comprometida por corrupção e inépcia, impõe-se à população daquele estado tamanhos sacrifícios, com aumento de tributos, corte de salários e de investimentos públicos e sociais. Uma versão criminosa de governantes ricos e governados pobres”, disse o juiz.

Moro também disse que as provas apresentadas pela investigação apontam indícios de que foram cometidos crimes de forma “profissional e reiterada” pelo político. Cabral foi detido na manhã desta quinta-feira, na Operação Calicute, derivada da Lava Jato.

“As provas são, em cognição sumária, da prática reiterada, profissional e sofisticada de crimes contra a administração pública e de lavagem de dinheiro por parte de Sérgio Cabral e de seu operador financeiro Carlos Miranda”, afirmou Moro.

Propinas
A Operação Calicute investiga supostas propinas pagas por construtoras ao ex-governador fluminense. Segundo o MPF, Cabral recebia propinas mensais que variavam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil.

A investigação aponta que a fraude pode ter gerado prejuízo de mais de R$ 200 milhões aos cofres públicos.

Para Moro, o tamanho dos supostos crimes cometidos justifica a prisão preventiva de Cabral e das outras pessoas envolvidas no caso. “A magnitude e a reiteração delitiva caracterizam risco à ordem pública”, afirma o magistrado.

Bloqueio de bens
Moro também determinou o bloqueio de R$ 10 milhões das contas de Cabral e das demais pessoas e empresas investigadas na Operação Calicute. O valor é referente a supostas propinas recebidas pelo grupo pagas pela Andrade Gutierrez. No entanto, Moro também afirma que há a possibilidade de que eles tenham recebido recursos de outras empreiteiras já investigadas na Lava Jato.

“Considerando o modus operandi, é possível que tenha recebido propinas de todas as empreiteiras que participaram das obras no Comperj, como Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, UTC Engenharia, com valores milionários”, diz o juiz.

Ainda de acordo com Sérgio Moro, as irregularidades podem ter ramificações para mais obras. “Há, enfim, relatos de propinas em todas as grandes obras realizadas no Rio de Janeiro durante o seu governo, como no Mergulhão de Duque de Caxias, reforma do Maracanã, obras em Manguinhos, Comperj, entre outros”, lembra o juiz.

G1

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