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Marcelo Crivella não comparece a entrevistas marcadas em TV do Rio

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publicado em 25/10/2016 às 18h55

O candidato do PRB à Prefeitura do Rio, Marcelo Crivella, não compareceu a duas entrevistas marcadas para a noite desta terça-feira (25), uma no RJTV e outra no G1.

No RJTV 2ª edição, Crivella seria entrevistado durante 15 minutos por Ana Luiza Guimarães e, em seguida, às 20h, participaria de uma entrevista de 30 minutos no G1, conduzida pelos jornalistas Edimilson Ávila e Gabriel Barreira.

Em nota enviada à TV Globo às 17h, Crivella explicou suas razões. Nela, o candidato diz que não pode comparecer à entrevista por estar em Brasília, mas pede, respeitosamente, que se acrescente que, mesmo se estivesse no Rio, não iria aos estúdios da Globo. Alega estar indignado com o que chama de “cobertura manipuladora e tendenciosa” da TV Globo contra a candidatura dele. No e-mail enviado à emissora, o candidato se diz um homem de paz e que, como prefeito, se eleito, dialogará com todos, por amor ao Rio. E finaliza pedindo que o ato de protesto dele e o apelo a favor da democracia e da liberdade de imprensa fiquem registrados.

Nota da TV Globo
“Desde ontem, em inserções do horário eleitoral obrigatório, o candidato Marcelo Crivella tem atacado a TV Globo em termos nada respeitosos e ainda piores do que a nota agora enviada à emissora. Em consideração a você, telespectador, esclarecemos aquilo que todo defensor da liberdade de imprensa deveria conhecer: a missão de um veículo jornalístico é revelar fatos importantes, incômodos ou não, envolvendo as candidaturas. A TV Globo tem feito isso de forma isenta, com os dois candidatos em disputa pela Prefeitura do Rio. Como atestam nossos princípios editoriais, a TV Globo é apartidária, absolutamente independente de grupos econômicos e de governos. Essa postura independente de fato irrita aqueles que preferem, em benefício próprio, que a imprensa se cale, em prejuízo dos eleitores, que tudo devem conhecer para fazer seus julgamentos. A TV Globo sabe que, ao cumprir essa missão, pode ser vítima de ataques, os mais violentos e injustos. Isso já aconteceu recentemente com Jandira Feghali, do PC do B, com o ex-presidente Lula, do PT, com o deputado cassado Eduardo Cunha, do PMDB, e, agora, com o candidato Crivella, do PRB, de colorações ideológicas tão diferentes. Você, telespectador, é testemunha de nossa lisura. Nosso compromisso é com você, não com políticos e candidatos. Será sempre assim, mesmo que o preço a pagar sejam acusações sem sentido.”

Regras
Em reunião no dia 13 de outubro, representantes dos candidatos que disputam o segundo turno no Rio concordaram com as regras e participaram do sorteio da ordem das entrevistas.

A publicação desta reportagem e o destaque na página principal do G1 estavam previstos nas regras aceitas e assinadas por representantes dos dois candidatos.

Marcelo Freixo (PSOL) concedeu as duas entrevistas na segunda (24), conforme a ordem determinada no sorteio (veja as entrevistas no RJTV e no G1).

Veja a seguir as perguntas que o G1 faria ao candidato Crivella
No primeiro bloco, seriam perguntas enviadas por leitores e selecionadas pela redação:

– O senhor só participou de um debate de televisão [no segundo turno]. Para um candidato que defende transparência e a democracia, o não comparecimento não pode ser visto como uma atitude de quem não é aberto ao diálogo? Felipe Alves dos Santos Lopes

– O senhor já veio a público prometer cargo e a criação de uma secretaria específica ao ex-candidato Indio da Costa, em troca do apoio político. Acha que ainda há espaço para essa velha política de barganha? Há alguma proposta de um secretariado mais técnico? Gabriel Mattos Nicolau

– O senhor recebeu recentemente apoio de uma família de milicianos. Como pretende enfrentar as milícias, se elas apoiam sua campanha? Isso é coerente? Carolina Fabiano de Carvalho

– Há um vídeo em que o senhor fala aos fiéis que eles devem eleger políticos da igreja para expandi-la, inclusive eleger um presidente da igreja para isso. Como acreditar no senhor se suas ações não se coadunam com suas palavras? Jorge Moraes

– Gostaria de entender por que o senhor contratou para ajudar a elaborar seu plano de governo uma pessoa que participou do governo do atual prefeito, já que o senhor critica tanto a atual gestão? Cristina

– O senhor pretende implementar o orçamento participativo no seu governo? Almir Jordão da Silva Junior

No segundo bloco, seriam perguntas elaboradas pelos jornalistas do G1:

– A revista “Veja” publicou fotos da sua prisão. Diz que o senhor passou o dia preso na 9ª DP, no Catete, após tentar despejar à força invasores de um terreno da Igreja Universal em Laranjeiras. O senhor divulgou um vídeo negando a prisão. Disse que era engenheiro, foi lá fazer uma inspeção no muro, não deixaram e acabou todo mundo na delegacia. Foram fotos só para identificação dos envolvidos. Agora, a revista divulgou a entrevista que o senhor deu primeiro: e, na gravação, o senhor disse que ficou preso mesmo. Conta que estava bravo, pegou um caminhão, arrebentou a cerca e botou as coisas da família dentro dele. São duas versões muito diferentes. Uma é mentirosa. Qual?

– O senhor fez coligação com o partido de Anthony Garotinho, o PR. Hoje, o Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato da prefeita de Campos dos Goytacazes e mulher dele, Rosinha Garotinho. O próprio garotinho responde a vários processos e já foi até condenado em primeira e em segunda instância. O senhor disse aqui, no G1, no primeiro turno, que Clarissa Garotinho poderá ter cargo no seu governo. Como explicar para o eleitor que o grupo do Garotinho não vai governar com o senhor?

– O senhor também recebe apoio do ex-secretário da prefeitura Rodrigo Betlhem. Ele foi exonerado por suspeita desvio de recursos públicos. Está sendo investigado por isso. Não há condenação. O senhor já falou que ele não pediu nada, só queria ajudar. Candidato, o Indio, que tem feito campanha para a sua candidatura, disse que o senhor recebeu apoio de um traficante. Betlhem responde por desvio de dinheiro. São esssas pessoas que vão governar com o senhor?

– Logo após o debate da TV Globo no primeiro turno, perguntamos ao senhor se havia uma predileção em enfrentar Marcelo Freixo, no segundo turno, já que as pesquisas indicavam uma grande vantagem do senhor na disputa com o PSOL. O senhor disse que queria tirar o PMDB do segundo turno. Mas agora vários vereadores do PMDB declaram apoio ao senhor, como Rosa Fernandes e Jorge Felippe. O senhor vai governar com quem o senhor criticou e dar cargo a eles?

– No Senado, em 2009, o senhor disse o seguinte: “Eu respeito homossexualismo, homossexual, mas penso diferente. Para mim isso é pecado”. Em outro vídeo, o senhor fala que a mulher deve ser submissa. O senhor ainda acha que a homossexualidade é doença ou pecado e que a mulher deve ser submissa ao homem?

Íntegra da nota de Crivella
“Prezada Ana Luiza Guimarães,
obrigado pelo convite mas não posso comparecer pois estou em Brasília onde cumpro meu mandato de senador. Me permita, respeitosamente, acrescentar que mesmo se estivesse no Rio não iria ao RJTV. Pela primeira vez, em função da minha indignação com a cobertura manipuladora e tendenciosa que a Rede Globo tem feito contra a minha candidatura, especialmente nas últimas semanas, não posso e não devo comparecer aos estúdios da emissora. Sou um homem da paz e como prefeito, se assim o povo decidir, vou dialogar com todos por amor ao Rio. Não guardo mágoas. É a minha natureza. Mas, peço que fique registrado meu ato de protesto e apelo a favor da democracia e da liberdade de imprensa à altura das nossas tradições cívicas e morais.

Atenciosamente, Marcelo Crivella.”

G1

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