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Presidente do Instituto UFPB de Desenvolvimento da Paraíba – IDEP. Professor do DCSA/CCAE/UFPB. Líder do GAPCIC/UFPB/CNPq.

“HackFest”, democracia, cidadania e ciberativismo

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publicado em 16/10/2016 às 08h09

Há cerca de uns 40 dias recebo uma mensagem de uma amiga dizendo que havia feito contato com um procurador do Ministério Público estadual com o intuito de desenvolver uma ação com a UFPB. Quando ela mencionou o tema, gostei de cara, Lutar contra a Corrupção. De pronto disse: pode agendar. Naquela tarde, Na ida ao MPPB tudo foi complicado, com tantas tarefas no dia, engarrafamento, mas… corri contra o tempo e cheguei com alguns minutos de atraso. Mal sabia eu que nascia uma parceria tão produtiva, a qual geraria um fim de semana tão produtivo.

Depois desse encontro, vieram diversas reuniões. Pela UFPB, ficou à frente o prof. Rommel Freire, juntamente com um grupo eclético e multidisciplinar, e nesse fim de semana, chegou o grande dia, o desafio começaria. Envolvidos e comprometidos com o evento estavam UFPB, UFCG, CGU, TCE, MPPB, MPF, Unipê, Controladoria Municipal e Estadual, como também ONG’s e principalmente estudantes. Na sexta-feira (07), aconteceu a nossa abertura, seguida de um nivelamento básico sobre Gestão Pública, Licitações e Controle Social. Logo depois iniciamos um brainstorm, do qual surgiram 40 ideias de aplicativos, programas e outras ferramentas de combate a corrupção. Dessas, 10 foram escolhidas e 8 executadas ao final do evento(você confere cada uma no fim do texto).

Essa maratona/festa reuniu pessoas que querem reverberar a cidadania, fomentar o protagonismo e o controle social, pensar diferente, fugir do senso comum, sair do comodismo e, principalmente, usar seus conhecimentos para facilitar a vida daqueles que querem fiscalizar os gastos públicos, zelando pelo bem da sociedade. Garantir o desenvolvimento da população e das empresas públicas ou privadas é o que motiva esses jovens a dedicarem diversas horas programando, debatendo meios de construir um caminho lógico, transformando dados ‘soltos’ em informação. Foram mais de 30 horas, com cerca de 100 pessoas integradas, entre participantes, expectadores e equipe de apoio. A UFPB pulsava cidadania, juventude e garra para construção de um mundo melhor.

Ao final, a ideia eleita mais criativa foi o aplicativo Sherlok App. Com ele os cidadãos poderão comparar preços dos itens adquiridos pelo seu município e verificar se esse preço está muito diferente do preço de mercado. Caso haja discrepância, poderá encaminhar uma denúncia aos órgãos de controle e assim, fomentar a fiscalização e auxiliar o trabalho de auditores. Esperamos que ações como essas não parem e no futuro possamos contar com núcleos de desenvolvimento instalados por toda nossa universidade, permeando e instigando o exercício da cidadania.

As equipes e suas propostas:

Por que parou? – Estão recolhendo dados referentes a obras públicas – federais, estaduais e municipais – em andamento no estado da Paraíba, observando os valores das licitações, o que está sendo feito, comparando os valores existentes no mercado, mostrando o que parou ou que está lento;

MerendaChef – Criação de um game em que os estudantes das redes públicas de ensino do estado e dos municípios poderão diariamente fotografar o cardápio da merenda apresentado pela escola e depois fotografar o prato da merenda no momento de consumi-la. A proposta é fazer a comparação e constatar ou não se o que os alunos estão comendo é o mesmo que a escola diz oferecer;

Obra na palma da mão – Esta equipe propôs fazer um levantamento dos valores gastos em obras públicas nas áreas da saúde e da infraestrutura, comparando se esses valores estão de acordo com o mercado;

Tá estourado! – Estão colhendo dados acerca do patrimônio pessoal dos gestores públicos (governador, prefeitos, vereadores, deputados, senadore, etc.) antes e depois de assumirem o poder, informando à população para que acompanhe e faça uma comparação, observando a evolução ou não desse patrimônio;

Laranjal – Identificar nas licitações públicas dos municípios paraibanos, de qualquer natureza, as empresas participantes e seus proprietários, permitindo, com o cruzamento de dados, identificar possíveis indícios de uso de empresas ou pessoas como laranjas, com o objetivo de fraudar ou superfaturar essas licitações;

Plantão médico – Site para informar se há falta de médicos nos plantões da rede pública, podendo ainda avaliar o atendimento médico;

Na veia! – Observar as empresas que mais vencem licitações públicas, de qualquer natureza, nos 223 municípios paraibanos, identificando as suas contratações pelos gestores assim que assumem os cargos públicos;

“Encontre o tesouro e pegue o pirata” – Verificar em toda a rede pública de ensino do estado e dos municípios da Paraíba, o que os diretores de escolas anunciam que foi adquirido e o que realmente existe em sua unidade educacional como: computadores, material esportivo, móveis, etc.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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