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chá alucinógeno

Engenheiro da PB está preso há um mês na Rússia por tráfico

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publicado em 09/10/2016 às 15h42
atualizado em 09/10/2016 às 12h43

O engenheiro eletrônico paraibano, Eduardo Chianca Rocha, 66 anos, está preso desde o dia 31 de agosto em Moscou, na Rússia, por portar oito litros de chá de ayahuasca.

O chá, de efeito alucinógeno, é utilizado em terapias e rituais religiosos e seu uso no Brasil é permitido, mas ela contém uma substância chamada dimetiltriptamina que pode ser proibida em alguns países, como é o caso da Rússia.

Chianca, pesquisador e terapeuta holístico que mora nos arredores do Recife (PE), ministra cursos e palestras de uma terapia chamada “Frequências de Luz”, no Brasil e em outros países. Além da Rússia, onde já concedeu cursos em outras ocasiões, nessa viagem ele também visitaria Ucrânia, Suíça, Holanda e Espanha.

Segundo sua companheira, Patrícia Alves Junqueira, Chianca não tinha conhecimento da proibição da substância na Rússia.

“Ele desconhecia o rigor da lei russa sobre substâncias psicotrópicas que podem dar origem a outras substâncias ilegais. É uma lei recente, de 2013. O Eduardo já frequentava a Rússia uma vez por ano desde 2010 e nunca teve problema lá. Nunca teve problema com o ayahuasca em nenhum país”, diz ela.

Patrícia, os três filhos de Chianca e outras entidades se uniram para tentar a liberação do brasileiro, que está sendo investigado por tráfico internacional de drogas. Apesar do contato com o Itamaraty e as embaixadas do Brasil na Rússia, e da Rússia no Brasil, a família pede uma ação direta do governo brasileira.

“Precisamos que o governo brasileiro fale com o governo russo, para que saibam quem é o Eduardo. Ele não é um ilustre desconhecido, é um palestrante internacional que formou centenas de terapeutas holísticos. Só na Rússia foram cerca de 200 formados”, conta.

egundo ela, o próprio advogado russo que está cuidando do caso afirmou que esse é o caminho mais eficiente para resolver o caso — e, de acordo com o relato do jurista, é a maneira com que o governo de Vladimir Putin lidaria se o envolvido fosse um cidadão russo.

“Ele não estava carregando uma droga, e sim uma uma medicina de origem indígena, permitida em seu país, nos Estados Unidos, na Suíça e em vários outros. É um absurdo a continuidade disso. É possível encerrar essas investigações, desde que o governo brasileiro interceda diretamente. Pelo caminho jurídico, é longo, penoso e extremamente caro. O Eduardo é um terapeuta que trabalha e reverte todo o fruto de seu trabalho para receber alunos do mundo inteiro. A gente não dispõe de recursos para custear o processo”, lamenta Patrícia.

Na tentativa de chamar a atenção para o caso de Chianca, a família contou com a ajuda do deputado federal Giovani Cherini (PR-RS), líder da Frente Parlamentar Holística, que escreveu uma carta à Embaixada da Rússia no Brasil solicitando a liberação do terapeuta.

Lideranças indígenas, que trabalham com o terapeuta em seu sítio nos arredores do Recife, chamado Instituto Plêiades, também manifestaram apoio, escrevendo um apelo ao presidente russo, Vladimir Putin.

Em contato com a reportagem, o Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Moscou acompanha o caso desde o dia 31 de agosto, quando foi informada da detenção do brasileiro, e tem mantido contato com seu advogado na Rússia e com seus familiares no Brasil.

Disse ainda que, por questões de privacidade, “não fornece informações sobre cidadãos nacionais aos quais presta assistência consular”.

Sem contato com a família

Os contatos do terapeuta com a família são feitos por meio de representantes do consulado brasileiro em Moscou e do advogado russo que trabalha no caso. Segundo Patrícia Junqueira, Chianca está em um centro de detenção, em uma cela com cerca de 12 pessoas.

De acordo com ela, o consulado brasileiro informou que ele está sendo bem tratado e bem alimentado pelas autoridades russas e que o local conta com infraestrutura. “Ele tem ótima saúde e é muito assistido espiritualmente, só que o ônus material, físico e psicológico é grande. Por mais forte e equilibrada que seja a pessoa, ela vai sofrer consequências de ficar detida”, diz.

O advogado e o consulado tentam reverter a prisão dele em prisão domiciliar, o que lhe permitiria entrar em contato direto com a família – uma de suas alunas na Rússia, inclusive, já teria se colocado à disposição para abrigá-lo durante as investigações. “Já melhoraria a situação dele, mas é claro que não é a solução”, diz Patrícia.

“Ele jamais sonhou com uma coisa dessas. É um senhor estritamente cumpridor de leis e sumariamente contra qualquer substância ilegal. Ele tem contato com usuários de substâncias ilícitas – ou lícitas, como o álcool e o cigarro – que fazem a sua terapia para se libertar de vícios. Na terapia holística, não se pode ter vícios ou qualquer coisa que aprisione a pessoa. Ele jamais se aventuraria a transportar o chá se tivesse conhecimento de que seria algo ilegal”, finaliza.

MaisPB com Uol

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