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‘Baldio’, teatro de vira-latas

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publicado em 29/08/2016 às 10h51

Espetáculo com texto do ‘paraibano’ Astier Basílio, ‘Baldio’ é um experimento inquietante. A peça encenada este mês em João Pessoa tem delicadezas profundamente violentas e violências adocicadas, capazes de chocar, apaixonar e até encher o saco.

A montagem dirigida por Hector Briones é do grupo cearense Pavilhão da Magnólia, a partir do livro ‘Contos de Lugares Distantes’, do escritor australiano Shaun Tan. Astier Basílio, vencedor do prêmio Funarte de Dramaturgia em 2014, assina o texto construído em processo colaborativo.

Astier ouviu histórias reais dos cinco atores e costurou dramas (como sempre) com imensa capacidade narrativa. Astier sabe lidar com a palavra. Tem domínio dos códigos. A montagem deixa a desejar… Ainda assim, tem momentos muitos bons! Muito bons mesmo!!!

Falta unidade interpretativa. Sobra coerência, mas falta coesão. O espetáculo intercala momentos sonolentos e de extrema tensão. Tem momentos de chatice e cenas bem-humoradas. Só a reflexão é permanente (e esse é um ponto bastante positivo).

Interessante também é a adição de telões para exibição audiovisual. Soma. Enriquece. O texto até dialoga com outras interfaces do espetáculo, mas está um nível acima. Estrutura cênica tem voz. Há pluralidade teutônica em plataformas multitudinárias…

‘Baldio’ é um espetáculo sobre dúvidas e perdas. Opressões familiares. Conflitos. Microfísica do poder… Sozinhez e abandono. Vira-lata oprimido. Vira-lata opressor. É impactante e requer alguma paciência assistir a ‘Baldio’. Impossível, todavia, é evitar ser atingido. Vi. E saí da encenação certo de que sou um vira-lata. Uivei… Vale a pena!

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