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Palácio da Alvorada vira ‘bunker’ de Dilma no primeiro mês de afastamento

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publicado em 12/06/2016 às 13h07

Afastada do Palácio do Planalto enquanto o Senado analisa o processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff transformou os 7,3 mil metros quadrados do Palácio da Alvorada em uma espécie de “bunker” do governo petista nos primeiros 30 dias longe do poder. Na residência oficial da Presidência – desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer –, ela elabora as estratégias políticas para tentar retornar ao comando do país, concede entrevistas e recebe os poucos aliados que se mantiveram fiéis mesmo depois do desmanche da gestão do PT.

Dilma teve de se afastar temporariamente da Presidência em 12 de maio, após ser notificada da decisão do Senado de instaurar o processo de impeachment. Na ocasião, os senadoresautorizaram que, durante o afastamento de até 180 dias, ela permanecesse no Palácio do Alvorada e mantivesse salário integral, segurança pessoal, equipe a serviço de seu gabinete pessoal, carro oficial, assistência saúde e o direito de utilizar avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Segundo assessores palacianos, desde que foi afastada do Planalto, Dilma tem tentado manter uma rotina de trabalho semelhante aos tempos em que comandava o país. Ela continua acordando cedo, por volta das 5h30, e fazendo o tradicional passeio matinal de bicicleta pelos arredores do Palácio da Alvorada.

Ao retornar do exercício, a presidente afastada toma o café da manhã e, em torno das 9h, vai para a biblioteca do palácio, que se tornou uma espécie de “gabinete presidencial”.

Cercada pelos mais de 3,4 mil livros do acervo da residência oficial, ela despacha até a noite com assessores, ex-ministros e parlamentares aliados. Atrás de sua mesa de trabalho, está exposta a tapeçaria Músicos, do pintor, desenhista e ilustrador Di Cavalcanti, um dos ícones do modernismo brasileiro.

A petista, relatam auxiliares, continua exigente e ainda distribui broncas em sua equipe. Porém, apesar de Dilma ter sido afastada da Presidência com a debandada maciça de partidos que integravam sua base de apoio no Congresso Nacional, aliados que continuam frequentando a residência oficial relatam que ela, surpreendentemente, tem exibido um humor melhor do que quando estava no Palácio do Planalto.

“As pessoas chegam ao Alvorada como se estivessem preparadas para um velório, mas, ao chegarem lá, percebem que o morto está vivo. Ela [Dilma] está mais leve”, contou ao G1 um assistente da presidente afastada.

“O noticiário ajuda muito. As notícias ruins do governo Temer melhoram o humor dela”, ressaltou outro auxiliar do palácio.

Nas semanas em que está afastada do governo, Dilma tem tentado angariar apoio para evitar a aprovação do impeachment. Em uma das frentes de sua estratégia de defesa, ela tem repetido, por meio de entrevistas para a imprensa nacional e estrangeira, que não cometeu crime de responsabilidade e que é alvo de um “golpe”. Somente no último mês, ela concedeu entrevistas ao jornal “Folha de S.Paulo”, às emissoras CNN, Al Jazeera, TV Brasil, Rede TV e Russia Today, e ao site The Intercept, além de uma coletiva de imprensa para correspondentes estrangeiros.

A estratégia da petista também reservou no primeiro mês de afastamento espaço para conversas e encontros com grupos específicos de simpatizantes de seu governo, como artistas, cientistas, historiadores e representantes de movimentos sociais e centrais sindicais.

G1

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