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Professor de História pela UFPB e analista político

Dignidade é o que se espera de um político de 83 anos

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publicado em 19/05/2016 às 08h27
Tem coisa mais degradante na política do que ter cargos em um governo e agir como se fosse de oposição? Como se não tivesse nada a ver com esse governo?
Ao ler a assertiva acima você certamente lembrará da atitude dos membros do PMDB nacional, a começar pelo presidente interino, Michel Temer, que, mesmo no governo da presidenta Dilma Rousseff, conspirou sem nenhum constrangimento para o seu afastamento.
Mas, infelizmente, pelo jeito, ainda vai demorar algum tempo até que os brasileiros se livrem dessa prática que, em grande medida, expõe o pior lado da política e do político: o oportunismo e o cinismo.
Exemplos pregressos e atuais temos aos montes aqui na Paraíba.
Quem não lembra a postura de Cássio Cunha Lima que deixou para a undécima hora o anúncio do rompimento com o governador Ricardo Coutinho e o anúncio de sua candidatura ao governo, em 2014? E Cássio até hoje não entende porque perdeu a eleição.
Agora, é a vez do também senador José Maranhão, que deseja ardentemente fazer uma aliança com quem ajudou a derrotar em 2014, seu “eterno” adversário, Cássio Cunha Lima.
E para que não fiquem dúvidas manda sempre que pode “recados” que pretendem massagear os ouvidos do tucano. Primeiro, dá sustentação à candidatura do nanico Manoel Jr., cujo envolvimento na Lava Jato deve enterrar de vez as já raquíticas pretensões do homem de confiança de Eduardo Cunha no PMDB da Paraíba.
No início da semana em curso, Maranhão voltou à carga. Quando perguntado se sua postura significava um rompimento com o governador Ricardo Coutinho, o senador saiu pela tangente:
“O que estou dizendo é que eu não ensejei o rompimento e nem pretendo fazê-lo. Deixo o governador à vontade para ele para ele considerar ou não considerar essa aliança importante. Eu também não posso dizer que ela está sendo boa para o PMDB”.
Como não rompeu? Não são críticas e provocações que se espera de um “aliado”. Gestos em política tem tanta eloquência quanto as palavras, sabe muito bem o senador, do alto dos seus quase 83 anos de idade.
Seria mais honroso e digno se Maranhão agisse com a transparência que todo eleitor espera de seus representantes políticos e, antes de agir como se fosse de oposição, entregasse todos os cargo que indicou no governo do estado – que, pelo que foi hoje revelado, não são poucos: mais de 30 nomeações em diversos órgãos do governo.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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