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Poesia, doces e bolos contra a censura

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publicado em 30/04/2016 às 16h48

Como poesia e, algumas vezes, como bolos e doces. Aprendi a gostar de Camões lendo jornais… Aprendi a preparar doces e bolos lendo jornais. Camões faz parte de nossa cultura. Doces e bolos, também…

E estou certo de que a conjuntura cultural que temos hoje é resultado das leituras de ‘Os Lusíadas’ e também das leituras que fizemos sobre como preparar doces e bolos. Artistas e consumidores de arte de nossa contemporaneidade tiveram tais leituras…

Não há – entre aqueles com mais de 40 anos de idade – um sequer que – letrado e consciente – não tenha lido Gonçalves Dias em um jornal. A partir de junho de 1975, o jornal Estadão, por exemplo, publicou ‘Juca Pirama’.

 

Sem delongas, quero dizer que a poesia sempre quer dizer muito mais do que aquilo que ela diz. ‘Os Lusíadas’ apareceram 655 vezes nas páginas do jornal Estadão, entre 2 de agosto de 1973 e 3 de janeiro de 1975…

Um motivo para ler poesia: saber que ela canta no escuro. Um motivo para comer doces e bolos: venenos também podem fazer bem à alma. Poesias de Castro Alves, Olavo Bilac, Gil Vicente, Cecília Meireles e Manuel Bandeira. Doces de chocolate e bolos fofos.

Reina entre nós a certeza de que os jornais sabem gritar com as bocas fechadas, através de delicadezas poéticas. Gritos docemente bárbaros, capazes de darem à arte e à cultura um quê deliciosamente libertário.

Antes que eu esqueça, quero afirmar que “Já é hora de dar mais atenção às flores”. Tenho muitos poemas lidos e a ler (de poetas que estão acima do bem e do mal). Tenho um livro de receitas que me permite aventuras na cozinha… Um doce na mão e uma poesia na cabeça…

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